Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, com estágio concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
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domingo, 6 de agosto de 2017
Cartas
"Maria, meu amor –
Hontem, depois do jantar, quiz escrever-te, para
continuar um doce costume tão ligeiro e tão amavel: conversar contigo. Uma
necessidade de doçura e de encontro me apontava a folha em branco como o único
meio de satisfaze-la. Todas as pequenas imagens adoraveis, toda as sensações
deliciosas que a tua ternura morena crêa pairavam em confusão dentro de mim,
fazendo-me desejar uma conciencia dolorosa de impossibilidade a tua presença
real"
Trecho de carta da década de 02/10/1932, Santo Ângelo.
Trecho de carta da década de 02/10/1932, Santo Ângelo.
quarta-feira, 2 de agosto de 2017
Cartas
Recorte parcial do trecho em destaque. |
"Mary, eu tenho uma tragédia de espírito, que é a fonte
de minha angústia e do meu scepticismo. Eu não poderei ver em torno de mim
senão o vasio, sempre e sempre. Eu sou dessas naturezas que carregam uma
realidade própria, invencível, e que reduzem a essa realidade todas as cousas exteriores,
e a ella incorporam todas as emoções e sentimentos, cortando a sua
correspondencia com o mundo externo. Essa realidade é susceptivel de
alargamento, porém, talvez não de enriquecimento: todas as cousas se sbatem em
face della, ella forma por assim dizer um universo fechado. Existirá alguma
cousa fora della? Os fatos, os objetos,
os homens, não serão simples reflexos, apenas representações? Tenho lutado para
romper este meu mundo fechado, encontrei um caminho uma vez: a comunhão com o
todo universal, a solidariedade com todos os homens, pela inteligência ou pelo
coração. Escrevi o “carvão”: que exprime este estado. Infelizmente, verifiquei
que só no isolamento, só longe dos homens é possível a permanencia de
semelhante attitude, e que ella só pode ser gerada em estado de contemplação.
Quando se desce para o dominio da acção, encontra-se no homem o inimigo. E este
encontro, este choque, quebra aquella atitude. Como única defesa, apresenta-se
o recurso e volta a si mesmo, ao seu universo fechado, ao seu refugio."
Trecho de carta da década de 1930.
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