A propósito, o polêmico confronto
que aconteceu entre Durkhaim e Tarde do qual se tem o resumo extraído da Revue Internationale de Sociologie, 1904, 12. A conferência teve lugar na École des Hautes Études Sociales, à Paris, no início do ano escolar 1903-1904, e foi
reproduzido em: Émile Durkheim, Textes. 1. Éléments de théorie sociale, pp. 160
à 165. Paris: Éditions de Minuit, 1975, 512 pages. Collection: Le sens commun.
Em apertada síntese, Durkheim defendia que a Sociologia deveria abandonar seu
caráter filosófico, aproximando-se da realidade concreta. Afirmava também que
os fatos estudados por ciências sociais distintas teriam um caráter comum, eis
que sociais, tendo a Sociologia, por objeto, justamente o estudo do fato social
em sua abstração. Comparando os fatos sociais, ver-seia que eles teriam em
comum os caracteres gerais da socialidade. Já Gabriel Tarde, ainda que admita a
importância de leis gerais extraídas de uma metodologia comparativa, persegue,
em paralelo, outro método que se serviria de « de cette microscopie sociale qu'est la
psychologie intermentale ». Ele afirma ainda ser desnecessária a
formulação de leis para a constituição definitiva das ciências, mas, sim, uma
ideia diretriz nas pesquisas. Porque as ciências sociais, argumenta ele, não
seriam devedoras de regras de métodos objetivos, mas realizaram seu
desenvolvimento no sentido da psicologia : na vida social não haveria
senão atos de indivíduos a indivíduos.
Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas ao meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, concluído em 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao meu Doutorado em História Social, USP, concluído em 2017 e, por fim, ao meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
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sábado, 9 de setembro de 2017
Tarde e Durkheim
sexta-feira, 12 de agosto de 2016
Émile Durkheim. Confrontation avec Tarde
"A sociologia deve continuar a ser uma especulação filosófica que abraça a vida social em uma fórmula sintética? Deve ela, ao contrário, fragmentar-se em diferentes ciências e, se ela deve especializar-se, como esta especialização se faria? A sociologia puramente filosófica repousa inteiramente sobre esta ideia de que os fenômenos sociais estão submetidos a leis necessárias. Os fatos sociais têm entre si ligações que a vontade humana não pode arbitrariamente romper. Essa verdade supunha uma mentalidade avançada e não podia ser senão o fruto de especulações filosóficas. A sociologia é a filha do pensamento filosófico, ela nasceu no seio da filosofia comtista e não é dela senão o coroamento lógico. Mas, para Comte, a sociologia não consiste na pluralidade de problemas definidos que os sábios estudam separadamente; ela atém-se a um problema único e deve abraçar, num instante indivisível, a seqüência do desenvolvimento histórico para perceber a lei que o domina em seu conjunto. Os estudos de detalhe são perigosos, dizia Comte, porque eles desviam a atenção do sociólogo do problema fundamental que é o todo da sociologia. Os fatos sociais são solidários, e não se pode estudá-los isoladamente, senão que em alterando gravemente sua natureza. Os discípulos de Comte não fazem senão reproduzir o pensamento do mestre, e as mesmas fórmulas têm sido repetidas sem que a sociologia tenha progredido. Mas por que a sociologia consistiria em um único problema? A realidade social é essencialmente complexa, não ininteligível, mas apenas refratária às formas simples. A sociologia não é uma ciência unitária e, ainda que respeitando a solidariedade e a interdependência dos fatos sociais, ela deve estudar cada categoria separadamente. Todavia, a concepção que conduz a sociologia a um só e único problema é ainda a mais geral, mesmo entre os autores contemporâneos. Trata-se sempre de descobrir a lei geral da sociedade. Todos os fatos estudados pelas ciências sociais distintas teriam um caráter comum, pois que sociais, e a sociologia teria por objeto estudar o fato social em sua abstração. Em comparando os fatos sociais, ver-se-ão quais são os elementos que se encontram em todas as espécies e destacar-se-ão os caracteres gerais da sociabilidade. Mas onde e como alcançar essa abstração? Os fatos dados são concretos, complexos; mesmo as civilizações mais inferiores são de uma extrema complexidade. Como destacar o fato elementar com seus caracteres abstratos, se não se começa por estudar os fenômenos concretos onde ele se realiza? Se, pois, a sociologia quiser viver, ela deverá renunciar ao caráter filosófico ao qual ela deve sua origem e aproximar-se das realidades concretas por meio de pesquisas especiais. Há interesse em que o público saiba que a sociologia não é puramente filosófica, e que ela pede precisão e objetividade. Mas isso não quer dizer que as disciplinas especiais não devam, — para se tornarem ciências verdadeiramente sociológicas, — senão permanecerem aquilo que elas são atualmente. Elas não têm sido ainda suficientemente penetradas pelas idéias que a filosofia social destacou. Elas têm necessidade de se transformar, de orientarem-se em um sentido expressamente sociológico. No momento atual, não se pode senão formular o problema".
Fonte: Citação extraída da edição eletrônica realizada a partir de um texto de Émile Durkheim (1903), La sociologie et les sciences sociales. Confrontation avec Tarde. Texto disponível na coleção produzida por Jean-Marie Tremblay, Professor de Sociologia em Chicoutini, Les classiques des sciences sociales.
Foto: Wikipedia Creative Commons.
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