Há ainda uma
relação interessante e digna de registro que nos vem de um artigo publicado por
La Grasserie (1908, p. 225). Ele relaciona a psicologia coletiva à psicologia
linguística. O termo psicologia linguística, não obstante exato, seria
inusitado, ainda que poucos, porém importantes pensadores, tais como Sayce, Max
Müller, Darmesteter, Whitney, Humboldt, Steinthal, tenham se dedicado ao seu
estudo. Essa psicologia linguística, todavia, ainda não desfrutaria de uma
autonomia nítida, por tratar-se de uma “ciência mista situada entre a
psicologia propriamente dita e a linguística”(id. ibid.) razão pela qual teria
o que chama de uma inferioridade provisória. Aos psicólogos gerais, pareceria
muito técnica e, aos linguistas profissionais, menos nítida que os elementos
morfológicos e fonéticos aos quais se deveria a evolução das palavras, das
formas e mesmo das ideias. Seu objeto, contudo, teria considerável extensão,
extensão esta que nem o psicólogo nem o linguista aprofundaram, razão pela qual
demandaria novas investigações que pediriam a colaboração de outros ramos da
psicologia. A psicologia, por sua vez, em um plano abstrato e já bem antigo,
estudaria o espírito humano em geral. Ela seria antiga e a única psicologia
clássica (id., p. 226). Ao lado dessa
psicologia clássica estaria a psicologia individual, concreta, que, ao contrário
da primeira, abordaria um dado ser, colocado ao alto da escala biológica, porém
distinto de todos os outros. Ele estaria presente nos romances e nas
biografias, mas, fosse real ou imaginário, seria sempre individual. Entre essas
duas psicologias, estaria a psicologia coletiva, recente e mais ampla do que
aquela voltada ao estudo de um único indivíduo, porém mais restrita que a
outra, coletiva do gênero humano, limitando-se “grupos mais ou menos extensos e
de diversos tipos: psicologia étnica, aquela das classes, aquela das
profissões, aquela das raças, aquela das multidões” (id. ibid.). Seriam essas
psicologias coletivas às quais a psicologia linguística de relacionaria,
abordando porém fatos já separados de seu produtor. Nesse sentido, seria uma
psicologia coletiva, voltada a grupos de homens, ao produto de seus
pensamentos. A linguagem, conclui Grasserie (id., p. 255), em seus mais
variados aspectos, desde sua forma mais elevada que seria a versificação até a
mais inferior, a gíria, seriam objeto dessa psicologia linguística, nova, mas
nem por isso menos importante no campo da linguagem.
Grasserie, R. de La (1908) De l'ensemble
de la psychologie linguistique. Revue philosophique de la France et de
l'étranger, t. LXV a. 33. Paris:
Félix Alcan, éditeur, pp. 225-255.