sexta-feira, 27 de maio de 2011

Paisagem Urbana

Paisagem Urbana. Vídeo confeccionado a partir de fotografias da cidade da São Paulo, com ênfase em alguns de seus múltiplos aspectos.


Histórias de Cidades

São antigas, contudo, as chamadas ‘’histórias de cidades’’, muitas delas feitas “de encomenda”, em que alguém é convocado a escrever e se dispõe a reunir dados sobre a urbe e a ordená-los, dando a ver um tempo de origens, um acontecimento fundador, acrescido da poesia de uma lenda, por vezes, e frequentemente de uma saga ocorrida nas épocas mais recuadas, realizada pelo povo fundador guiado por suas lideranças.
Pesavento, Sandra Jatahy. 2007. "Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias". Revista Brasileira de História, num. janeiro-junho, pp. 11-23 ― http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=2630532

Uma história de cidade: Os Narradores de Javé

domingo, 8 de maio de 2011

Rastros de Memória




Filme editado através de fotos tiradas de um casarão do século XVIII existente no município de Pedra Bela, São Paulo. Trata-se de residência erguida durante o ciclo do café, muito provavelmente como casa sede de uma fazenda, empregando em sua construção mão-de-obra escrava. Paredes externas em taipa de pilão, internas em taipa dita "de mão", telhas de barro coloniais moldadas manualmente sobre as coxas dos artesãos, pregos de ferro fundido e modelado. Telhado apresenta eira e beira, símbolo de riqueza e ostentação nas construções da época.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Impressões sobre o 5o. FestFotoPoA

"Quando criamos uma imagem, seja ela do que for, a criação é regida por nossas características mais íntimas, e isso é inevitável. A mediação entre a coisa fotografada e a fotografia que produzimos é feita pelo conjunto de fatores que nos constrói ― nossas relações afetivas, com a coisa e com os outros, a literatura que consumimos, a música que ouvimos; também pela cultura de todas as outras imagens fotográficas ou não. A precisão com que a fotografia é capaz de reproduzir o que chamamos de realidade não é indício de nada, nem mesmo da realidade. Fotografia é imagem ― e imagens pertencem ao mundo da ficção."
Luiz Carlos FelizardoImpessões sobre o 5o. FestFotoPoA

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai


Porque a memória é o que resiste ao tempo e a seus poderes de destruição, e é algo assim como a forma que a eternidade pode assumir nesse incessante trânsito. E ainda que nós (nossa consciência, nossos sentimentos, nossa dura experiência) nos modifiquemos com os anos, e também nossa pele e nossas rugas vão se convertendo em prova e testemunho desse trânsito, há algo em nós, bem lá dentro, em regiões muito escuras, aferrado com unhas e dentes à infância e ao passado, à raça e à terra, à tradição e aos sonhos, que parece resistir a esse trágico processo: a memória, a misteriosa memória de nós mesmos, do que somos e do que fomos.

Ernesto Sábato
(1911-2011)

Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai

sexta-feira, 22 de abril de 2011

As Cartas

Esta é uma história real que descobri através da correspondência escrita por Francisco para sua Maria, a mulher por quem ele se apaixonou ainda muito jovem. As primeiras cartas são dos anos 20. Eles ficaram noivos só em 1932, porque se tratou de um romance aparentemente contrariado. Todos os papéis que dão testemunho destes fatos estariam no lixo, não fosse um querido amigo meu encontrá-los e guardá-los durante muito tempo. Ele possuía uma loja de antiguidades que eu visitava quase todos os dias, pois ficava perto da minha casa. Tornamo-nos grandes amigos nesta época. Paulo Roberto, este meu querido amigo, trabalhava com antiguidades, porcelanas, cristais, livros e todas as tralhas que, em geral, vão parar nessas lojas. Um dia, quando estava por se mudar dali, ele me chamou: "Maristela, vem cá que tenho uma coisa pra ti", disse ele, muito sério. Fomos até a parte dos fundos da loja e ele, então, entregou-me uma sacola plástica empoeirada e amarrada, dizendo que ali havia coisas que ele não queria mais guardar, mas que achava que estariam melhor se ficassem em minhas mãos. Foi um presente dado com muito carinho. Não explicou mais nada na hora, mas sorriu para mim com ares certa cumplicidade. Em casa, mais tarde, abri a sacola com cuidado, curiosa para saber o que era aquilo. Descobri então que eram cartas, cartas de amor e, entre surpresa e emocionada, fui lendo e me encantando com uma história que aconteceu aqui em Porto Alegre. Impressionante constatar ainda o imenso talento deste Francisco como escritor e poeta, e o amor profundo que devotou à sua Maria durante tantos e tantos anos.
Foi a minha vez de guardar os papéis. Arrumei lugar para tudo: cartas, recortes de jornal, fotos, cartões, santinhos, telegramas, fitas e demais objetos que estavam na tal sacola, coisas que me inspiram um profundo respeito pelo que significaram um dia àqueles a quem pertenceram. Coloquei todas as datadas em ordem cronológica conforme as décadas. São dos anos 20 e 30, e há as dos anos 40 e 50 também, que envolvem pessoas próximas do casal. Há cartas sem data e muitas poesias. Um cartão de Natal de 1961 dá contas de que Francisco e Maria casaram-se.

Lugar de Memória


Lugares de Memória



Antes de abordar a questão dos lugares de memória, quero dizer que a melhor parte deste meu espaço é sua descontinuidade. Não pretendo criar nada linear, até porque o tempo, esta matéria prima da vida, é coisa que disputo aos relógios. Vou simplesmente tecer recordações com palavras. A temática da duração sugere que se ultrapasse, que se transcenda a concepção contínua, seja do tempo, seja da memória, e isso nos acontece se conseguirmos nos fixar no instante. Memórias haverá tantas quanto grupos há, porque a história é uma operação eletiva, que requer intelecto, daí pertencer a todos em geral e a ninguém em particular. Memória Social se desencontra da História, no sentido clássico do termo, justamente aí, onde não se emprega o intelecto, mas os sentimentos, as emoções, que outorgam significado àquilo que vivemos. Todavia, é a História que reconhece os lugares de memória que as sociedades constroem para com isso tentar reparar ou inviabilizar perdas. Lugares de memória dão ensejo a rituais onde as memórias se prendem e se integram, não sem desprestigiar a paisagem urbana. Lugares de Memória são materiais e, simultaneamente, simbólicos.  Nessa funcionalidade, conectam perdas e aquisições. Porque na medida que se perdem memórias, adquirem-se  museus, bibliotecas, praças, bem como ritos, comemorações que buscam compensar o abandono de alguma coisa que foi significativa para o coletivo. Não é o indivíduo que escolhe ou elege um lugar de memória, lugar este que dará, por sua vez, lugar a ritos, onde o grupo se subtrai à linearidade do tempo comum. Emerge daí uma indiscutível sensação de nostalgia, que cresce com a saudade, que aumenta nesses espaços, fazendo reviver uma experiência, uma recordação.
A foto foi tirada na Pinacoteca de São Paulo.

domingo, 3 de abril de 2011

Santo Agostinho e a Memória

Vencerei então esta força de minha natureza, subindo por degraus até meu Criador. Chegarei assim diante dos campos, dos vastos palácios da memória, onde estão os tesouros de inúmeras imagens trazidas por percepções de toda espécie. Lá também estão armazenados todos os nossos pensamentos, quer aumentando, quer diminuindo, ou até alterando de algum modo o que nossos sentidos apanharam, e tudo o que aí depositamos, se ainda não foi sepultado ou absorvido no esquecimento. Quando ali penetro, convoco todas as lembranças que quero. Algumas se apresentam de imediato, outras só após uma busca mais demorada, como se devessem ser extraídas de receptáculos mais recônditos. Outras irrompem em turbilhão e, quando se procura outra coisa, se interpõem como a dizer: “Não seremos nós que procuras?” Eu as afasto com a mão do espírito da frente da memória, até que se esclareça o que quero, surgindo do esconderijo para a vista. Confissões de Santo Agostinho, Capítulo VIII

Coletânea de Textos

RESENHA DO LIVRO “OS SETE PECADOS DA CAPITAL”, DE SANDRA JATAHY PESAVENTO (EDITORA HUCITEC, 2008/ BRASIL). A resenha ora disponibilizada no Scribd é um trabalho coletivo, cujos autores foram colegas e colaboradores da inesquecível professora e historiadora gaúcha Sandra Jatahy. Trata-se de uma pesquisa histórica realizada sobre os personagens do urbano da capital gaúcha, Porto Alegre do século XIX, pesquisa esta que originou este livro sobre os “sete pecados da capital”.