Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, com estágio concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
quarta-feira, 30 de março de 2016
Padronização
segunda-feira, 28 de março de 2016
Lidando com arquivos pessoais
Em “As palavras e as coisas”, Foucault (1966, p.7) conta que
esse seu livro nasceu de um texto de Borges que faz alusão a uma estranha
taxonomia revelada “por certa enciclopédia chinesa”. Dentre as categorias elencadas,
a divisão dos animais compreenderia, ― além dos incluídos naquela mesma
classificação da qual se trata ―, grupos tais como os pertencentes ao
imperador, os embalsamados, os domésticos, os leitões, as sereias, os
fabulosos, o cães em liberdade, os que agem como loucos, os que de longe se
parecem a moscas e até mesmo os desenhados com pelo de camelo muito fino. São
rubricas singulares, sob as quais se inscreveriam impossibilidades
repentinamente tornadas possíveis em razão de sua nomeação. A monstruosidade ali
apontada ― diz o autor ― em nada altera o bestiário da imaginação. A questão
diz mais com a ruína do espaço comum. A impossibilidade não estaria na
vizinhança das coisas, mas no próprio lugar onde elas se avizinham. É desta relação entre conteúdo e continente
que resulta a incômoda ― não obstante cômica ― incongruência, típica das
utopias, dos não lugares e talvez ― dir-se-ia ― de uma silenciosa não história. Quando se tem um encontro, — não raramente fortuito,
imprevisto —, com o arquivo de alguém,
especialmente quando esse alguém não é ninguém em especial, é possível perceber
todo um leque de possibilidades, toda uma gama de potencias surpresas. De certo
modo, tudo ali nos sugere que se pode estar em face de algum segredo.
FOUCAULT,
Michel. Le mot et les choses. Uma archéologie des sciences humaines.
Paris : Gallimard, 1966.
sexta-feira, 25 de março de 2016
sábado, 12 de março de 2016
A Avenida
Ironia lançada em face do
evolucionismo. A charge foi publicada em “A Avenida”, publicação semanal
ilustrada, Ano I, n / 1, de 6 de julho de 1912, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/per119563/per119563.pdf>.
Acesso em: 12 mar. 2016.
quarta-feira, 2 de março de 2016
Os "desvendantes"
"Cada uma de nossas percepções é acompanhada da consciência de que a realidade humana é "desvendante"; isto quer dizer que através dela "há" o ser, ou ainda que o homem é o meio pelo qual as coisas se manifestam; é nossa presença no mundo que multiplica as relações, somos nós que colocamos essa árvore em relação com aquele pedaço de céu; graças a nós essa estrela, morta há milênios, essa lua nova e esse rio escuro se desvendam na unidade de uma paisagem; é a velocidade
do nosso automóvel, do nosso avião que organiza as grandes massas terrestres; a cada um dos nossos atos, o mundo nos revela uma face nova. Mas se sabemos que somos os detectadores do ser, sabemos também que não somos os seus produtores. Essa paisagem, se dela nos desviarmos, se estagnará, longe dos olhos, em sua permanência obscura. Pelo menos ela só se estagnará: não há ninguém suficientemente louco para acreditar que ela desaparecerá. Nós é que desapareceremos, e a terra permanecerá em sua letargia até que uma outra consciência venha despertá-Ia. Assim, à nossa certeza interior de sermos "desvendantes", se junta aquela de sermos inessenciais
em relação à coisa desvendada.
Um dos principais motivos da criação artística é certamente a necessidade de nos sentirmos essenciais em relação ao mundo."
SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? São Paulo: Ática, 2004, p. 33-4.
do nosso automóvel, do nosso avião que organiza as grandes massas terrestres; a cada um dos nossos atos, o mundo nos revela uma face nova. Mas se sabemos que somos os detectadores do ser, sabemos também que não somos os seus produtores. Essa paisagem, se dela nos desviarmos, se estagnará, longe dos olhos, em sua permanência obscura. Pelo menos ela só se estagnará: não há ninguém suficientemente louco para acreditar que ela desaparecerá. Nós é que desapareceremos, e a terra permanecerá em sua letargia até que uma outra consciência venha despertá-Ia. Assim, à nossa certeza interior de sermos "desvendantes", se junta aquela de sermos inessenciais
em relação à coisa desvendada.
Um dos principais motivos da criação artística é certamente a necessidade de nos sentirmos essenciais em relação ao mundo."
SARTRE, Jean-Paul. Que é a literatura? São Paulo: Ática, 2004, p. 33-4.
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