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Do próprio fato de se tratar de material descartado
poder-se-ia deduzir que se está diante de algo inaproveitável, pois a utilidade
(proveito) dos arquivos deveria ser encontrada, de regra, quase sempre à luz do
prestigio de seus protagonistas, titulares ou sujeitos. Não sendo este o caso,
consequentemente, as cartas de Francisco, ― bem como todo o resto do arquivo de
Lysia ―, nada representariam, ao menos do ponto de vista da História Social. Isso
é paradoxal. De um lado vê-se desaparecerem as hierarquias. Cada vez mais as
diferenças são eliminadas e a igualdade se torna uma espécie de exigência
política em termos de correção. Se todos são importantes, então tudo que lhes
diz respeito é, da mesma forma, importante. À parte essa discussão a propósito
do que é ou não relevante em matéria de arquivos pessoais, verdade é que muita
coisa vem sendo acumulada, guardada com avidez, sob o pretexto de servir à
memória.
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