Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social, em andamento junto à UERJ. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes que despertam em mim o desejo de pesquisar.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
As Praças Velhas
É notável como Francisco descreve a nostalgia que encontra nas praças abandonadas, objeto do poema aqui retratado, sem data, mas muito provavelmente escrito em 1923 e remetido a Maria nesta época. Ele, ao mesmo tempo em que descreve os lugares como são no presente, evoca seu passado, mencionando a fonte com repuxo “antes faiscante do luxo de rica pedraria” e que agora transmite apenas “sua melancólica solidão”, circunstância que ele não deixa de qualificar como irônica, fazendo-nos sentir quanto o tempo pode tirar às coisas. Percebe-se nisso que Francisco resgata um pouco do luxo perdido, restaurando, na memória, os velhos tempos das praças, quando novas. Essa forma poética de ver a cidade, destacando partes de sua geografia, de retratá-la a partir de dados conformados ao abandono, à solidão, tornam os escritos de Francisco instigantes, repletos de prosopopéias onde mesmo as árvores são belas em sua senilidade. É possível percorrer a cidade imaginária na qual Francisco amou, e que é ainda Porto Alegre descrita com poesia e sensibilidade a partir de diversos lugares que nos são descritos através de intensa subjetividade. Nesta cidade existem praças abandonadas, como existem arrabaldes, tema de outro desses poemas escritos nos anos vinte, mais precisamente em 1923, quando inicia sua correspondência com Maria.