sexta-feira, 30 de novembro de 2012

MEMÓRIA SOCIAL EM CARTAS DE AMOR: SENSIBILIDADES E SOCIABILIDADES NA PORTO ALEGRE DA DÉCADA DE 1920



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RESUMO

Este trabalho se insere no campo da História Cultural, tendo como tema central memória social, sensibilidades e sociabilidades. Sua fonte consiste em cartas de amor escritas em Porto Alegre durante a década de 1920, documentos que envolvem pessoas reais, cuja identidade é aqui preservada. A pesquisa teve por objetivo construir o processo de memória social a partir das cartas, identificando manifestações de sensibilidades e de sociabilidades típicas da Porto Alegre de então ― 1922 a 1926 ― com base em elementos de memória indicados na correspondência. Primeiramente foi contextualizada a fonte, para registro de sua história, e fixação da trajetória de suas transmissões patrimoniais. Procede-se à sistematização da fonte para estabelecer um plano classificatório voltado à organização dos dados, ao estabelecimento de categorias e à descrição dos conteúdos, visando aos objetivos apontados, bem como à construção do produto final, O Diário de Francisco, uma criação de ordem literária e artística (conto) inspirada em referências constantes das cartas. Os conteúdos dos capítulos subsequentes à classificação do corpus documental consistem na identificação de elementos da subjetividade que aparecem nas cartas (escritas de si) de Francisco para Maria, respaldando sensibilidades e sociabilidades na década de 1920, e de elementos do urbano, ressaltando a cidade de Porto Alegre, onde se deu esta troca epistolar.
Palavras-chave: Cartas de amor. Memória social. Sensibilidades. Sociabilidades. Escritas de si. Porto Alegre na década de 1920.



 
ABSTRACT

This work belongs to the field of Cultural History, whose central theme social memory, sensitivities and sociability. Your source consists of love letters written in Porto Alegre during the 1920s, documents involving real people, whose identity is preserved here. The research aimed to construct the process of social memory from letters, identifying expressions of sensitivities and sociability typical of Porto Alegre then - from 1922 to 1926 - based on memory elements indicated in the correspondence. First was contextualized to the source, to record their history, and setting the trajectory of their capital transfers. Proceeds to the systematization of the source to establish a plan aimed at classifying data organization, the establishment of categories and the description of contents, aiming at the objectives mentioned, as well as the construction of the final product, The Diary of Francis, a creation of order literary and artistic (short story) inspired by references in the letters. The contents of the subsequent chapters the classification of documentary corpus, consist in identifying elements of subjectivity that appear in the letters (self writing ) for Mary Francis, endorsing sensitivities and sociability in the 1920s, and urban elements, highlighting the city Porto Alegre, where has this epistolary exchange.

Keywords: Love letters. Social memory. Sensitivity. Sociability. Self writing. Porto Alegre in the 1920.



sábado, 17 de novembro de 2012

MULHERES CANTADAS. DEZ DÉCADAS DE INSTANTÂNEOS FEMININOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA



RESUMO: A música é uma linguagem que transmite ideias, prestando-se a descrever e mesmo a criar o objeto de sua inspiração. Registra memórias, especialmente coletivas, repercutindo na sociedade com a qual interage.  A música brasileira não foge a este contexto. A mulher, como inspiradora de diversas canções populares, do ponto de vista de tais narrativas, assume diferentes formas e conteúdos dentro do quadro social, econômico e cultural em dado tempo e lugar.
Ao lançar-se um rápido olhar sobre as últimas dez décadas, é possível apontar, no Brasil, verdadeiros modelos do gênero feminino, modelos que exaltam Amélias e Marinas, ora pisando em astros distraídas, ora desfilando seus corpos dourados sob o sol de Ipanema. O discurso que nos chega através dessa musicalidade desenha diferentes e contrastantes matizes e projeta femininos de época que têm muito a dizer. Essas mulheres cantadas ― escolhidas aqui conforme a maior repercussão que tais músicas obtiveram junto ao público ao longo dessas décadas ― foram narradas por homens cuja imaginação elas fecundaram. E foram eles que, ativamente, as descreveram nessas canções, oferecendo-nos seus retratos, em instantâneos que revelam muito de um e outro gênero, criador e criatura.
Este artigo tem em vista apontar alguns exemplos de narrativas dessas musas inspiradoras de algumas músicas populares brasileiras. Destina-se a colocar o tema em debate, com foco no gênero como categoria, propondo o exame das características que essas sucessivas imagens de mulheres apresentam. Foram escolhidas as mais representativas a partir da década de 1920, no Brasil, pesquisadas em diversas fontes escritas e digitais. Cada década é resumidamente contextualizada do ponto de vista econômico, político, cultural e social, de forma sintética, como pano de fundo às letras.

PALAVRAS-CHAVE: gênero, mulheres, música popular brasileira, memória coletiva.

Apresentação Oral feita no VII SBPP, São Francisco de Paula, 16.11.2012.

Rumo ao VII SBPP

Carol, eu e Jacira, em plena rodoviária de Taquara, rumo ao VII SBPP em São Francisco de Paula.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Documento/Monumento


Os fundadores da revista “Annales d’histoire économique et sociale”
(1929), pioneiros de uma história nova, insistiram sobre a necessidade de
ampliar a noção de documento: “A história faz-se com documentos escritos,
sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem
documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do
historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores
habituais. Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. Com as formas
do campo e das ervas daninhas. Com os eclipses da lua e a atrelagem dos
cavalos de tiro. Com os exames de pedras feitos pelos geólogos e com as
análises de metais feitas pelos químicos. Numa palavra, com tudo o que,
pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o
homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser
do homem”. LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4.ed. Campinas: Unicamp, 1996.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Pensar e Dizer

"A vida do espírito tem um aspecto sensível, imediatamente apreciável. É a linguagem. Para aí converge, no homem, toda a atividade psíquica, numa inflexão necessária, como converge para a própria consciência. A linguagem é, finalmente, o espelho das consciências, como a consciência é o espelho, quer dizer, o reflexo ou a repercussão geral da vida de relação." BOMFIM, Manoel. Pensar e Dizer. Estudo do símbolo no pensamento e na linguagem. Rio de Janeiro: Casa Electros, 1923.

A palavra, em metodologia qualitativa, é tudo. É ela que se estuda, é para ela que se olha, é ela quem responderá às questões colocadas pelo pesquisador. De onde vem a palavra? Muitas discussões existem a propósito dela. Contudo, pode-se dizer que ela, palavra, se origina das percepções do sujeito falante.
Ao deter-se diante de um corpus de dados, são quatro os caminhos metodológicos que se colocam diante do pesquisador. Ele pode recorrer, relativamente a este corpus de dados para o qual se volta, a quatro tipos de análise, detendo-se no conteúdo, no discurso, na conversa, na narrativa (storrytelling).
Autores recomendados: Boje e Bordieu.
Fonte: BOMFIM, Manoel. Pensar e Dizer. Estudo do símbolo no pensamento e na linguagem. Rio de Janeiro: Casa Electros, 1923.