sábado, 17 de novembro de 2012

MULHERES CANTADAS. DEZ DÉCADAS DE INSTANTÂNEOS FEMININOS NA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA



RESUMO: A música é uma linguagem que transmite ideias, prestando-se a descrever e mesmo a criar o objeto de sua inspiração. Registra memórias, especialmente coletivas, repercutindo na sociedade com a qual interage.  A música brasileira não foge a este contexto. A mulher, como inspiradora de diversas canções populares, do ponto de vista de tais narrativas, assume diferentes formas e conteúdos dentro do quadro social, econômico e cultural em dado tempo e lugar.
Ao lançar-se um rápido olhar sobre as últimas dez décadas, é possível apontar, no Brasil, verdadeiros modelos do gênero feminino, modelos que exaltam Amélias e Marinas, ora pisando em astros distraídas, ora desfilando seus corpos dourados sob o sol de Ipanema. O discurso que nos chega através dessa musicalidade desenha diferentes e contrastantes matizes e projeta femininos de época que têm muito a dizer. Essas mulheres cantadas ― escolhidas aqui conforme a maior repercussão que tais músicas obtiveram junto ao público ao longo dessas décadas ― foram narradas por homens cuja imaginação elas fecundaram. E foram eles que, ativamente, as descreveram nessas canções, oferecendo-nos seus retratos, em instantâneos que revelam muito de um e outro gênero, criador e criatura.
Este artigo tem em vista apontar alguns exemplos de narrativas dessas musas inspiradoras de algumas músicas populares brasileiras. Destina-se a colocar o tema em debate, com foco no gênero como categoria, propondo o exame das características que essas sucessivas imagens de mulheres apresentam. Foram escolhidas as mais representativas a partir da década de 1920, no Brasil, pesquisadas em diversas fontes escritas e digitais. Cada década é resumidamente contextualizada do ponto de vista econômico, político, cultural e social, de forma sintética, como pano de fundo às letras.

PALAVRAS-CHAVE: gênero, mulheres, música popular brasileira, memória coletiva.

Apresentação Oral feita no VII SBPP, São Francisco de Paula, 16.11.2012.

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