RESUMO: A música é uma linguagem que transmite ideias, prestando-se a
descrever e mesmo a criar o objeto de sua inspiração. Registra memórias,
especialmente coletivas, repercutindo na sociedade com a qual interage. A música brasileira não foge a este contexto.
A mulher, como inspiradora de diversas canções populares, do ponto de vista de
tais narrativas, assume diferentes formas e conteúdos dentro do quadro social,
econômico e cultural em dado tempo e lugar.
Ao
lançar-se um rápido olhar sobre as últimas dez décadas, é possível apontar, no
Brasil, verdadeiros modelos do gênero feminino, modelos que exaltam Amélias e
Marinas, ora pisando em astros distraídas, ora desfilando seus corpos dourados
sob o sol de Ipanema. O discurso que nos chega através dessa musicalidade
desenha diferentes e contrastantes matizes e projeta femininos de época que têm
muito a dizer. Essas mulheres cantadas ― escolhidas aqui conforme a maior
repercussão que tais músicas obtiveram junto ao público ao longo dessas décadas
― foram narradas por homens cuja imaginação elas fecundaram. E foram eles que,
ativamente, as descreveram nessas canções, oferecendo-nos seus retratos, em
instantâneos que revelam muito de um e outro gênero, criador e criatura.
Este
artigo tem em vista apontar alguns exemplos de narrativas dessas musas
inspiradoras de algumas músicas populares brasileiras. Destina-se a colocar o
tema em debate, com foco no gênero como categoria, propondo o exame das
características que essas sucessivas imagens de mulheres apresentam. Foram
escolhidas as mais representativas a partir da década de 1920, no Brasil,
pesquisadas em diversas fontes escritas e digitais. Cada década é resumidamente
contextualizada do ponto de vista econômico, político, cultural e social, de
forma sintética, como pano de fundo às letras.
PALAVRAS-CHAVE: gênero, mulheres, música popular brasileira, memória coletiva.
Apresentação Oral feita no VII SBPP, São Francisco de Paula, 16.11.2012.
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