Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social, em andamento junto à UERJ. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes que despertam em mim o desejo de pesquisar.
sábado, 26 de novembro de 2011
Cartas: desafio metodológico
Debruçar-se assim sobre muitas dezenas de cartas, escritas uma por uma ao longo de anos e anos, e sempre dirigidas a uma mesma mulher, é percorrer as folhas do diário da viagem íntima de uma alma que vai na direção de outra, presa de um encanto que contagia e fustiga a imaginação. É a curiosidade que deseja refazer este cenário, montando o palco onde esse amor foi sentido, como foi visto, de que lembranças foi feito, esboçando assim seus protagonistas, não em sua verdade histórica, mas em sua manifestação existencial. Francisco é um homem feito de palavras e, de suas palavras, extrai-se o osso que dará forma a Maria, esse feminino onde coexistem Santa Teresa e Capitu, universo de contradições e conflitos, onde ponderações entre o querer e o dever atuam como determinantes de um comportamento inserido em contexto tempo e de lugar determinados. Impõe-se desvelar essa sociedade, iluminar os elementos que compõem esse todo a partir da propositura de um método que, sem repudiar a ortodoxia, não coloque em risco os conteúdos humanos, que não devem sofrer coisificação em sua subjetividade profunda, ou seja, aderir à proposta de uma visão sistêmica, não fragmentada, mas integradora de elementos aparentemente desconexos.