Eu amo almanaques! Se forem antigos, então, amo mais ainda. Especialmente quando examino a redação e o estilo dos textos publicitários — os reclames de antigamente — que me parecem encantadores em sua simplicidade. Almanaques são fontes preciosas, porque eles traduzem um modo de vida. Direcionados à sociedade em geral, neles se expressa a credulidade comum a vidas prosaicas, o apego às tradições e à sinceridade de intenções.
Mas, afinal, o que é um almanaque? Em termos literários, almanaque é um gênero textual que combina informações práticas, como calendários, palavras cruzadas, previsões, anedotas, astrologia, conselhos de saúde etc. Enfim, curiosidades frequentemente apresentadas de forma acessível e atraente. Historicamente, esses compêndios serviram como guias para a vida cotidiana, oferecendo desde dicas de jardinagem até previsões meteorológicas, passando por receitas, ditados populares e outras coisas.
O estilo é marcado por uma linguagem clara e direta, que busca estabelecer certa intimidade com o leitor, não apenas por uma escolha estética, mas também — e principalmente — porque se trata de algo que traduz o presente, que traduz a própria época, retratando hábitos e costumes. Por tudo isso, almanaques também desempenham um papel importante na memória coletiva. Eles dão testemunhos das respectivas épocas, preservando informações e também a forma como as pessoas pensavam e se relacionavam com o mundo. À medida que a sociedade evolui, a maneira como nos lembramos e registramos nossas experiências também muda. Os almanaques, com seu formato tão peculiar, abrem janelas para o passado.
Portanto, ao folhear um almanaque antigo, não estamos apenas revisitando informações; estamos diante de um fragmento real da história, de uma forma de arte literária que, apesar de sua simplicidade, carrega consigo a complexidade da experiência humana. Por isso é tão importante valorizar esses relicários do passado e aprender com as lições que eles nos oferecem.
Na foto, alguns exemplares da minha biblioteca: o muito popular “Almanaque d’A Saúde da Mulher”, 1938. Almanach Bertrand, 1917 e 1927, e Almanach Hachette, 1933.
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