Referência: La greve des électriciens (1907, março 10). Le Temps, ano 47, n. 16696, Paris, capa.
Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas ao meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, concluído em 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao meu Doutorado em História Social, USP, concluído em 2017 e, por fim, ao meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
sábado, 6 de setembro de 2025
Uma greve em Paris (1907)
“Hoje, ao soar das cinco horas,
apagaram-se as lâmpadas elétricas. As lojas, invadidas pela noite, abaixaram
suas cortinas; os proprietários dos cafés correram em busca de velas; à noite,
a Ópera e todas as salas de espetáculo, com raras exceções, permaneceram
fechadas” (id., ibid). A descrição prossegue, falando dos bulevares parisienses
que a escuridão tornara proibitivos, e que se enchiam de uma multidão de
espectadores decepcionados que prolongavam a vigília refugiados, à luz de velas,
nos cafés, mas rapidamente abandonando-os: “. . . à meia-noite, Paris, de
ordinário tão viva e brilhante, rapidamente assume o triste aspecto de uma
subprefeitura de terceira classe” (id., ibid.). A dramática descrição abre o
artigo intitulado La greve des
electriciens (1907, março 10), que aparece no Le Temps e, bem ao estilo deste último, lamenta o fato de a vontade
de um sindicato haver mergulhado Paris nas trevas. Os interesses gerais seriam assim
sacrificados aos interesses corporativos ou “à profundidade do egoísmo
sindical” (id., ibid.). Argumentando sobre os prejuízos que teriam sido
impostos pela greve aos pequenos artistas, aos cocheiros de fiacres, aos tipógrafos
e outros, o artigo questiona como trabalhadores honestos não pensavam, antes de
seguirem seus líderes, nos infelizes que padeceriam por conta de sua excitação.
Haveria aí, — afirma o articulista —, “uma psicologia coletiva muito
lamentável”. O artigo termina com um apelo — que soa patético, talvez —, e que
diz: “A ordem está abalada, que ela seja restabelecida!” (id., ibid.).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário