domingo, 30 de setembro de 2012

O Amor


O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar. 
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de *dizer.
Fala: parece que mente
Cala: parece esquecer 
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pr'a saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

II Semana do Patrimônio Histórico e Cultural da Aeronáutica



O segundo evento que compõe a II Semana do Patrimônio Histórico e Cultural da Aeronáutica, o V Encontro de Museus de Cultura Militar, teve início nesta segunda-feira (24/9) no Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica (INCAER), no Rio de Janeiro. O encontro, promovido pelo Ministério da Defesa, vai até a próxima sexta-feira (28/9) e irá fomentar a discussão sobre o patrimônio cultural militar, à acessibilidade em museus, às políticas de preservação documentais, e aos valores e às tradições militares.
Cerca de 150 participantes, entre gestores de museus militares e civis, profissionais e estudantes universitários, estarão reunidos com o objetivo de discutir a gestão dos espaços culturais militares e sua função na educação. A programação do evento prevê além de palestras e mesa temática, oficinas com variados temas.
O V Encontro de Museus de Cultura Militar também conta com a exposição fotográfica "INCAER e aviação brasileira: uma só história", que mostra a trajetória do instituto desde sua fundação.
Mais informações sobre o evento estão disponíveis no site www.incaer.aer.mil.br



Fonte: Agência Força Aérea

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Vida

La vida es tan corta y el oficio de vivir tan difícil, que cuando uno empieza a aprenderlo, ya hay que morirse.
Ernesto Sábato

sábado, 22 de setembro de 2012

Os meios de transporte e seus públicos: o trem e seus usuários


Fala-se muito em transporte público, contrapondo-o ao transporte particular, uma vez que o espaço que ocupam é o mesmo: o espaço urbano. Daí, fatalmente, a disputa a que se assiste todos os dias. Não há quem não saiba que os carros particulares há muito já complicam o trânsito nas cidades, e vão continuar complicando até um provável colapso, segundo os menos otimistas.  Eu observo as campanhas de conscientização, mas cada vez mais me convenço de que nada vai acontecer sem que, antes, mude o comportamento das pessoas em relação ao automóvel e em relação ao transporte público. E estou cada vez mais convencida disso, especialmente quando penso em termos de usuários e de públicos em relação aos modais dos quais se utilizam.

Sigo São Paulo TREM Jeito desde a primeira postagem nesse blog dedicado à campanha em prol do trem como solução à crise do transporte de passageiros. Observo que nunca se falou tanto em mobilidade urbana. Todos parecem estar para lá de conscientes de que alguma coisa precisa ser feita, de que há cada vez mais automóveis entrando em circulação, e de que mal se termina a construção de um viaduto, surge necessidade de outro. São óbvias as vantagens do trem, de um óbvio rodriguiano, e, ainda assim, ele continua a ser visto como um transporte de segunda classe.

Por quê? Porque trem não tem público. Trem possui apenas usuários, gente tratada como massa, como número, como quantidade. Público tem o metrô. Público têm as companhias aéreas. Público tem o automóvel. Público terá o trem bala, se acontecer. Se você pensar na população como um todo, os usuários de trem são predominantemente os excluídos de outros meios de transporte.  São massa, e por aí são concebidos, pensados e tratados, de sorte que não se tem, para trens, uma agencia reguladora exclusiva, agindo com eficiência e tendo destaque na imprensa, como, por exemplo, tem a Infraero relativamente às companhias aéreas. Muitas vezes, este papel de mediação entre público e transportador passa a ser desempenhado pelos sindicatos de empregados, uma vez que estes últimos constituem a interface que permeia usuário e trem, espécie de marisco entre o mar e rochedo. A Campanha São Paulo TREM Jeito, por exemplo, é apoiada por um sindicato. Na falta de políticas públicas mais eficientes, o sindicato faz o que pode, como pode, a partir de campanhas e até mesmo ― quem sabe ― tomando iniciativas para que se criem leis mais efetivas. Mesmo greves, por vezes, revelam mais problemas do que podem momentaneamente criar.

Massificação oprime. A massificação que oprime o usuário do trem, por enquanto, só tem um antídoto. Pensar em não precisar mais andar de trem, sonhar com o carro, cada um com a sua placa, o que remete à designação de uma individualidade, de um alguém que se resgata da massa e que assume uma identidade. O carro torna-se assim um sonho a realizar, um ideal a alcançar, uma tábua de salvação que resgata alguém do anonimato a que é reduzido na hora de escoar por uma plataforma ou sofrer na pele a sensação de viajar literalmente prensado. O automóvel simboliza um ideal, uma meta, um objetivo, e basta prestar um pouco de atenção às campanhas publicitárias que nos cercam para entender isso. A relação entre o automóvel e seu dono é uma relação de poder negada ao usuário do trem, que aceita passivamente as condições que lhe são impostas. Ele não tem escolha.

Alguma coisa vem acontecendo, é verdade. Há muitos discursos. Há, por exemplo, as bicicletas. Timidamente, elas vêm surgindo, novas e modernas, pilotadas por gente de classe média que veste roupas e usa equipamentos de grife. Nisso é evidente um comportamento que também tem tudo a ver com consumo: uma consciência Cult, digamos, de quem diz não ao carro sem deixar de aderir a uma condição da qual pretende auferir tanto ou mais status. As lindas bicicletas pilotadas por elegantes ciclistas equipados com roupas de grife, além de proporcionarem um belo espetáculo nas cidades, promovem o surgimento de uma nova tribo, não sem reflexos na política, fora o apoio que daí resulta a partir da adesão de outras tribos: os verdes, por exemplo, pessoas que podem pagar por produtos orgânicos enquanto desdenham os transgênicos, consumidos, é claro, pelos mais pobres. Há ainda os praticantes do tal despojamento, que procuram uma vida mais simples, vivida em menor espaço e com menos coisas.

É interessante notar que a relação entre transporte público e particular não é apenas uma questão de conscientização dos problemas envolvidos. Conscientes estamos todos de que há problemas, e isso não muda nada. No entanto, quando a coisa passa da consciência à sensibilidade, começam a se esboçar algumas mudanças. Não é sem razão que, timidamente, aparecem bicicletas, por exemplo, assim como pessoas que optam por mudanças radicais de vida, com reflexos em sua alimentação ― os verdes, por exemplo ― e em sua maneira de viver, ― os despojados.

Que mecanismo é esse, capaz de moldar sensibilidades, de alterar comportamentos? Acredito que seja a imitação, algo que leva alguém a aderir a uma campanha, alterar um hábito, mudar uma crença. Todo mundo imita, e imita o que adota como modelo, daí se dizer que a imitação vem de cima para baixo, parte-se do que não se tem, do que se almeja, do que se observa no outro.

Um automóvel de luxo representa hoje, no imaginário das pessoas, o que um casaco de vison já representou nos ombros de uma pin-up há alguns anos atrás. Todavia, não creio que hoje alguém se orgulhe de esfolar bichos para não passar frio, porque, finalmente, se sabe que um casaco de vison só é mesmo indispensável para o próprio vison. Talvez algum dia o sujeito que “vista” uma Ferrari vermelha seja tão ironizado quanto a pin-up que hoje se atrevesse a desfilar por aí coberta de peles.

Ora, pouco a pouco talvez essa sensibilização aconteça. As bicicletas chiques são um bom começo. Elas sinalizam uma pequena mudança que parte de pessoas que, em sua maioria, embora tenham acesso ao automóvel, aprenderam a dizer não a ele. São pessoas que, mesmo com plenas condições de possuir um automóvel, dizem não, e saem de bicicleta, ainda que não sem abrir mão do status que essa opção lhes confere a partir de uma “atitude” que desfruta de um bom grau de aprovação social. Não é por menos que atualmente já existe, embora ainda de forma tímida, a possibilidade de se alugarem bicicletas públicas. É a imitação funcionando.

Sem dúvida, o automóvel preserva nossa individualidade. Ninguém nega que há certo glamour envolvido em andar de avião, e até de metrô, com suas fascinantes estações subterrâneas, quando não são majestosas como a recentemente inaugurada na linha amarela. Não há como o usuário não se sentir valorizado quando se vê num lugar limpo, bonito, iluminado.  São estações que recepcionam bem o seu público e geram bem-estar. Aeroportos são assim também, tornando-se pontos de socialização inclusive. Mas e os trens?

Os trens já tiveram seu passado glorioso. No tempo em que visavam atender a um público. Testemunho disso nos dá a Estação da Luz, a Júlio Prestes, por exemplo, para ficar em São Paulo. No geral, contudo, atualmente, as estações são feias, pesadas e oprimem a quem quer que por ali passe. Se levarmos em conta, de um lado, o grande número de pessoas que transitam por uma estação de trens, e, de outro, o pouco ou nenhum apelo social, cultural ou comercial empreendido na grande maioria dessas estações, está aí uma relação que só confirma que os usuários de trens não são considerados como público, mas vistos e tratados como massa, como dado bruto do qual se extraem estatísticas.

São sem identidade. Fossem considerados como público, e não faltariam apelos comerciais e culturais que sempre visam a um alvo determinado. A massa não é alvo de nada. É temida e deve ser contida, dirigida, manobrada. A massa é reputada como tendo força, e não opinião. Ela responde a apelos emocionais e não a argumentos racionais. Se lhe nega a individualidade com que se distinguem os públicos. Estes, ao contrário das massas, possuem opinião e se comportam como consumidores, tornando-se um alvo a conquistar. As janelas dos trens nos mostram paisagens urbanas periféricas, as estações das quais se parte ou nas quais se chega não nos convidam a ficar um pouco mais. São vias de passagem, de escoamento, de circulação. O barulho e o apito dos trens, que outrora despertava nossa imaginação, hoje é associado à poluição sonora, e do próprio trem diz-se que produz as muito pouco desejáveis externalidades.

Parece que apenas românticos e passadistas ainda procuram encontrar nos trens um pouco de glamour, e essa ideia preocupa, porque aí reside uma tentativa de desqualificar os defensores desse meio de transporte, de todos, o que tem a oferecer as soluções mais eficientes, ao menos do ponto de vista custo-benefício, coisa que já está para lá de provada. Por que então essa resistência em investir em trens de passageiros? Como justificar a desativação de linhas? Difícil não encontrar aí um sinal de aparente descaso para com o usuário desse meio de transporte.

Conferir identidade a essa massa de usuários de trens me parece ser um bom começo, começo que passa, certamente, pelo investimento em estações por onde circulam milhares de pessoas que, embora não disponham do mesmo poder aquisitivo dos usuários de outros modais, nem por isso são menos representativas na hora de fazer valer, ao menos, seu número, seja votando, seja aderindo a campanhas ou mesmo mobilizando-se em função de algum bom projeto legislativo. Humanizar estações de trem pode ser um bom começo. Quem não gostaria de encontrar ali exposições, cafeterias, livrarias, música ao vivo, teatro? Certamente, isso mudaria o perfil desse usuário sofrido, que deveria ser valorizado tanto quanto o público afeito a outros modais. Enquanto isso não acontece, contudo, o jeito é sonhar com a Ferrari vermelha e com a pin-up, só que esta última já usando apenas couro ecológico, para felicidade do vison.

Maristela Bleggi Tomasini - Advogada em Porto Alegre (RS)
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Museus Le Louvre e El Prado distinguidos

Um dos exemplos da parceria entre Le Louvre, em Paris e El Prado, em Madrid, é a mais recente exposição organizada entre ambos. "O último Rafael", que retrata a obra tardia do pintor italiano Rafael, está no museu madrileno e é apresentada no próximo mês na capital francesa. Esta cooperação foi recentemente reforçada pela parceria assinada entre a Fundación de Amigos del Museo del Prado e a Société des Amis du Louvre. 

O IX Prix Diálogo é promovido anualmente pela Asociación de Amistad Hispano-Francesa Diálogo, para promover e desenvolver a relação hispano-francesa.O júri, presidido por Rafael Arias-Salgado, foi constituido por personalidades ligadas à economia, à cultura e à ciência. Plácido Arango, director do El Prado e Henri Loyrette, director do Le Louvre recebem o prémio no dia 2 de Julho de 2013, em Madrid.

Segundo a organização, o Prémio Diálogo, criado em 2003, pretende galardoar uma personalidade ou organismo ligados às áreas de cooperação: empresas, organizações do sector público, universidades, associações, investigação científica, meio ambiente, artes e cultura.

Em edições anteriores foram distinguidos Louis Schweitzer, presidente do Grupo Renault, Jorge Semprún, escritor espanhol e ex-ministro da cultura de Espanha, os cozinheiros Ferran Adrià y Michel Guérard, Carlos Dívar, presidente do Tribunal Supremo e do Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ) espanhol e Fernando Alonso, piloto de Fórmula I.

FONTE: http://www.publico.pt/Cultura/museus-le-louvre-e-el-prado-distinguidos--1564021
Acesso em 21/09/12

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Público fará visita virtual à Capela Sistina



SP: exposição leva público para passear pela Capela Sistina
20 de setembro de 2012  15h53  atualizado às 15h56


Público fará visita virtual à Capela Sistina. Foto: Fernando Borges/Terra

Público fará visita virtual à Capela Sistina
Foto: Fernando Borges/Terra
NATHÁLIA SALVADO
Direto de São Paulo
Para aqueles que querem conhecer a Capela Sistina ou então desejam conhecer as grandes obras de arte guardadas pelo Vaticano, o sonho ficou mais perto. A partir desta sexta-feira (21), desembarca na Oca, no Parque do Ibirapuera, a exposição Esplendores do Vaticano: Uma Jornada Através da Fé e da Arte, que traz pela primeira vez ao Brasil 200 obras de arte sacra e objetos históricos significativos, muitos dos quais nunca deixaram a sede da Igreja Católica e, muitas vezes, não são expostos para o público que visita a cidade-estado. Além disso, os visitantes poderão fazer uma visita virtual à famosa capela de Michelangelo e encostar em um molde de bronze da mão de João Paulo II.
"É importante lembrar que a Igreja sempre promoveu, conservou e protegeu a arte. É importante lembrar que Deus se expressa pelo belo. Assim, nessa exposição, estaremos em contato com Deus, que é belo", disse o padre Juarez de Castro, representante da Arquidiocese de São Paulo, durante a coletiva de imprensa e visita guiada para convidados na manhã dessa quinta-feira (20). O curador do evento é o Monsenhor Roberto Zagnoli, que fez um alerta para que as pessoas não se decepcionem ao visitarem a exposição.
"Chegamos a um ponto em que nem todas as obras exibidas podem ser as originais, por uma questão de segurança e conservação. Portanto, é impossível que todas as obras aqui sejam originais, mas, as que não são, são milimetricamente próximas do que vemos nas oficiais", explicou. "É importante fazer uma diferença entre cópia e reprodução. Cópia todo mundo faz. Primeiro, o artista olha e depois reproduz em cópia. No caso da reprodução, ela é milimetricamente estudada e reproduzida. É díficil saber que não é original", explicou, com simpatia, após se desculpar por não dominar a língua portuguesa e precisar de um intérprete. Entre as obras famosas que são reproduções, está a Pietá, de Michelangelo.

A exposição
Assim como as obras e tudo que envolve o Vaticano, a exposição que chegou a São Paulo depois de receber 1,5 milhão de visitantes nos Estados Unidos, é suntuosa e cheia de artistas renomados. Quando entrar na Oca, o público se deparará com dois guardas da cidade-estado e um portão, que dá passagem a primeira galeria, das 11 que virão a seguir. Logo de cara, o visitante encontra um cemitério, com a representação do túmulo de São Pedro, com um fragmento original com a inscrição Petros Eni (Pedro está aqui). Ainda na primeira sala, é possível ver o tijolo do túmulo do apóstolo, datada provavelmente do século II, e uma cabeça de uma estátua masculina, encontrada sob o piso da Basílica do Vaticano.
Na Galeria 2, A Ascensão da Roma Cristã, a exposição mostra a arte sacra da Idade Média, como uma estátua de Arnolfo di Cambio, além de um objeto raro, um relicário delicado, de ouro e prata, com fragmentos de ossos dos santos Pedro, Paulo, Ana, José e muitos outros. Na Galeria 3, começa o Renascimento, entre os destaques da área está o Martírio do Apóstolo Pedro, escultura em mármore, datada do século XV, que mostra a morte do apósto, que foi crucificado de cabeça para baixo, no Circo de Nero, onde mais tarde se ergueria a Basílica de São Pedro.
Quase que mescladas com a galeria 3, chegam as dois grandes destaques da mostra: a sala de Michelangelo e A Basílica do Renascimento. Nelas, será possível ver uma reprodução da Pietá, uma das mais famosas obras de Michelangelo, de 1499, a Pietá Baixo-Relevo, original, um compasso usado pelo artista, além de esculturas e murais de Lorenzo Bernini e Giacomo Zoboli. Ao final da galeria 4, o visitante poderá experimentar como seria entrar na Capela Sistina durante sua construção e verá a reprodução dos andaimes usados para pintar o teto da igreja.
A sexta galeria traz obras da época da Reforma Católica, o grande destaque é o Retrato de Crsto com a Coroa de Espinhos, de Guercino, que é extremamente expressivo. A Virgem Maria com o Menino Jesus e o livro nas mãos, outra obra de Guercino, também mostra toda a expressividade do artista. Na sétima sala, A Arte da Liturgia, é possível ver calíces, patenas, roupas e o trono do Papa Pio XI. A oitava galeria, mostra o diálogo da igreja com o mundo e a vida dos missionários. Entre os destaques estão os pergaminhos chineses e o primeiro mapa geográfico da Austrália.
A nona e a décima galeria, trazem retratos de papas e obras contemporâneas, nem de longe tão interessantes quanto as exibidas nas demais galerias. A última, e uma das mais importantes, é dedicada ao papa João Paulo II (1978 - 2005), que traz um busto, um retrato e uma poesia do papa. A galeria também apresenta um molde em bronze da mão de João Paulo, que poderá ser tocada por visitantes.

Serviço
Esplendores do Vaticano: Uma Jornada da Fé Através da Fé e da Arte
Local: OCA - Parque do Ibirapuera
Av.Pedro Álvares Cabral, S/N, Portão 3
Quando: de 21 de setembro até 23 de dezembro
Horários: segunda a domingo, das 10h às 20h
Ingressos:
Inteira - R$ 44
Meia - R$ 22
Visita com hora marcada - R$ 52
Meia Entrada de visita com hora marcada - R$ 30
Acesso 20/09/2012

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Paisagens Urbanas




Tudo serve de inspiração para Antônio Mendes (Foto: Divulgação/Raíssa Moraes)Tudo serve de inspiração para Antônio Mendes
(Foto: Divulgação/Raíssa Moraes)
Um dos gêneros mais antigos das artes plásticas, as pinturas de paisagens se dividem em inúmeros estilos, das mais realistas às experimentais, do campo ao espaço urbano. Apesar de sua solidez, este estilo tem se mostrado cada vez mais raro, especialmente em exposições de arte. Na capital pernambucana, o gênero volta ao foco a partir desta quarta-feira (19), quando abre a mostra “A persistência da paisagem”, de Antônio Mendes, na Arte Plural Galeria da Rua da Moeda, no Recife Antigo. Com curadoria de Raul Córdula, os trabalhos de Mendes ficam expostos até 11 de novembro, com visitações gratuitas de terça a sexta, das 13h às 19h, e sábados e domingos das 16h às 20h.

Nestas obras de Mendes, as paisagens oníricas apresentam o espaço urbano de um ponto de vista quase distorcido, mas que não deixa de ser belo. As telas são livres, não apontam para caminhos específicos, preferem deixar que seu observador as compreenda a seu modo. Para o artista, esta é a maneira de fazer com que o público se reconheça na obra.

Os 16 quadros são todos em acrílica sobre tela, e suas inspirações surgiram do cotidiano vivido pelo autor. Nos traços, estão presentes os desenhos inocentes e aventureiros da filha de Mendes ou ainda a desordem urbana, além das composições de Villa-lobos, trilha sonora presente em seu ateliê.

Fonte:  http://g1.globo.com/pernambuco/noticia/2012/09/paisagens-urbanas-dao-o-tom-exposicao-na-galeria-arte-plural.html 
Acesso em 17/09/12

domingo, 16 de setembro de 2012

REVISTA VIDA BRASIL

DELÍCIAS DA FOTOGRAFIA
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Desde que descobri a fotografia, tornei-me viciada em fazer uso de câmeras. Comecei usando o celular que tenho até hoje, e a partir dele fui aprendendo a lidar com imagens. Hoje, além do celular, possuo outras três câmeras, nada de muito sofisticado, mas cada uma com a sua própria personalidade. Como sou compulsiva também em relação a fotos, acabei por me deixar encantar pela prática e, sempre que dá, ando por aí fotografando as coisas extraordinárias que descubro em meu cotidiano.

Explico. A princípio, pensa-se que a fotografia deva ter, como a escrita, certa lógica, alguma coisa que permita, a quem olha a foto, reconhecer nela alguma coisa, algum possível, identificando-a. A maioria das pessoas permanece convicta de que uma imagem deve corresponder a alguma verdade, reproduzir algo real e, portanto, gozar de uma assertividade que a pintura ou o desenho, por exemplo, não possuem, salvo um realismo impositivo e arbitrário. Em passeios por cidades, então, nem se fala! É bem simples explicar o que acontece a partir dos tais cartões postais. Ali estão consignados os símbolos mais representativos de uma determinada cidade. Porto Alegre com Guaíba ou Paris com a Torre Eiffel, Rio com Corcovado, Bondinho, Cristo. E por aí vai. No máximo, o bom fotógrafo irá ― não sem algum esforço, além de considerável investimento em equipamento ― conseguir igualar, em qualidade e criatividade, um bom cartão postal entre tantos que já existem à venda, todos consagrando os tais ícones representativos de tal ou qual lugar.
Ah, sei que é meio humilhante dar-se conta disso, mas é a mais pura verdade. Andar por aí armado de uma boa câmera, a cata de uma excelente luminosidade e ainda de um ângulo feliz, tudo para fazer outra vez alguma coisa já feita centenas, senão milhares de vezes antes. Não digo que isso não pode ser divertido a princípio, mas certamente não demora a cansar. Salvo teimosias inauditas, como a minha em relação ao edifício do Banespa em São Paulo, que não me canso de contemplar através de diferentes lentes e ângulos. Na verdade, não cansei jamais de olhar para ele, como para o Edifício Copan, que me encanta desde criança. São para mim inesgotáveis símbolos de uma São Paulo que acredito pertencer-me inteiramente.
A partir dessa percepção, dei-me conta de que não era exatamente da cidade padrão que eu gostava. Não exatamente. Não se tratava de São Paulo, de Porto Alegre, do Rio de Janeiro, para ficar nas mais pontuadas. Dei-me conta de que queria saber mesmo era de mim em tal ou qual cidade, impregnar-me do efeito que mergulhar em seu cenário me causava. É claro que os ícones representativos de determinados lugares são importantes e, obviamente, queremos ter deles algumas fotos, ainda que medíocres diante dos tais cartões institucionais que, afinal, são o que existe de mais identitário em relação às cidades. A partir de então, quase que sem sentir, fui atrás de uma cidade particular à minha percepção, ainda que ela nada tivesse a ver com a cidade social plasmada no imaginário de seus habitantes.
Minha Porto Alegre também tem Guaíba e Redenção, mas não fica só nisso. É composta de macros, de céus, de fragmentos, de recortes e, sobretudo, de reflexos. Acho que prefiro minha foto da chaminé da Usina do Gasômetro refletida em uma poça d’água que a melhor foto que já fiz daquele famoso símbolo. O mesmo com a torre do Memorial. Foi assim que começou meu desapego: com a percepção de mim mesma em dado espaço e tempo, o que vejo, o que sinto, a partir de quais elementos e até que ponto estes elementos são resgatáveis como memória fixada em suporte. Resultou daí uma grande surpresa: muitas das minhas fotos prediletas não passam de uma vista de vão de janela, ou mesmo de uma parede riscada, quando não se resumem a luzes abstratas tomadas ao movimento do carro, de passagem. O universo das imagens vai muito além dos limites que uma lógica limitadora nos impõe. Escapar ao modelo, todavia, não foi fácil.
Com muita resistência interna, autocensura, etc., decidi fotografar por fotografar. Dei adeus aos enquadramentos e às composições e comecei a usar, descaradamente, o modo automático, explorar os recursos mais simples das minhas câmeras e... brincar! Pronto, falei. Eu simplesmente deixei de tentar levar a sério a fotografia e passei a me divertir com ela, mais ou menos como me permito, às vezes, brincar com palavras e textos. Foi a melhor coisa que me aconteceu, até porque nem a mim mesma levo muito a sério.
Não apenas comecei a gostar mais das fotos que passei a tirar, como ainda acabei descobrindo que, intuitivamente, eu acabava produzindo um ótimo enquadramento, com bom equilíbrio entre os elementos da composição. De certa forma, por já haver desenhado e pintado muito, tenho boa percepção de espaço, e meus olhos, de algum modo, são felizes quando enxergam. Uma felicidade, contudo, que não se restringe a reconhecer o que já é sabido, mas que se faz quando descobre ou redescobre paisagens escondidas em toda parte. E assim, com a maior tranquilidade, passei a usar a câmera como um olho extra, que enxerga coisas inauditas, que fotografa o chão, por exemplo, cantinhos, janelas e, principalmente, pedaços de céu caídos na calçada, sempre que chove e que o sol brilha por sobre umresto de água empoçada no chão da rua. Descobri assim, não cidades, mas fragmentos de cidades, lembranças perdidas, bichos, e até cheiros, percepções das mais inesperadas que me ampliaram os sentidos e que me dão intenso prazer.
De ruim minha incompetência e preguiça em buscar aprender mais sobre fotografia. Por mais que eu cultive este espírito libertário, jamais desdenhei do saber teórico e técnico, até porque acredito que a melhor prática, sem uma boa teoria, acaba caindo na mediocridade. Fico um pouco constrangida em dizer isso, mas o que faço é por acaso mesmo. Acho que, se tentasse fazer uma boa foto, tecnicamente falando, me atrapalharia tanto com abertura e velocidade quando me atrapalho com esquerda e direita até hoje, quando preciso parar para pensar, afinal, de que lado estão falando. Tem horas que, vaidosa de algum bom resultado, morro de vontade de dizer que fiz aquilo porque entendia do riscado. Confesso que tenho inveja de quem consegue assimilar esses comandos todos que eu, só com o manual do lado, consigo fazer de conta que entendo. Da última vez que tentei mexer no tal ISO, travei uma de minhas câmeras e quase precisei recorrer à assistência técnica para voltar ao padrão dito normal, o tal modo P ou A... Sei lá! Só olhando o manual, coisa a que às vezes me obrigo, como quem se impõe uma lição de casa.
Em todo caso, para não dizer que sou metade burrice, metade estupidez, descobri um jeito de me comunicar com as minhas câmeras. Não sei como funciona isso, mas de tanto insistir com elas, acabei percebendo, no premir do botão, um tempo entre foco e disparo que muito me agrada, pois consigo, de algum modo, deslocar o foco e ressaltar vários planos. Claro que muita gente até pensa que isso é obra de minha Inteligência, mas é simplesmente resultado da minha proverbial teimosia.
Com o tempo, ― e por que não dizer, ― sob a pressão (inspiração?) de Rogério Centofanti, passei a dominar alguns termos, descobrindo que o que funciona em fotografia não são os tais pixels nem a tal da resolução. O grande segredo são as lentes. Quanto mais alemãs e menos japonesas, melhores, segundo Rogério, que chega ao cúmulo de possuir, assim como que casualmente, uma tal de Hasselblad, ou seja, nada menos do que a melhor objetiva do mundo. Nas minhas mãos, infelizmente, a Hasselblad faz fotos piores que a pobre câmera de meu velho celular. Confesso meu despeito e frustração. A imagem obtida é de pura luz ou de pura escuridão. Não sai mais nada. Simplesmente também não consigo fotografar com nenhuma das outras maravilhosas objetivas do Rogério, que faz pouco, abertamente, da minha Nikon D5000, metida a profissional, embora elogie bastante a Leica da Panasonic que era dele, e da qual eu descaradamente me apropriei. Tudo culpa do poderoso zoom que me permitiu fazer um notável close da cabeça de uma tartaruga que descansava no meio do lago do Parque da Redenção, a muitos metros de distância da gente. Uma foto inacreditável. Quem vê, diz até que é coisa de profissional.
Seja como for, Rogério é o grande entendedor de lentes, abertura, velocidade, ISO, etc. e isso desde os tempos da fotografia analógica. Só sei que nada sei, e me limito a premir o botão do disparador, não sem certo cerimonial de toques que pressinto e intuo bem mais do que compreendo. De bom é que tanto ele quanto eu nos entregamos a esse divertimento, que ele francamente leva mais a sério. Resulta disso uma boa série complementar de imagens de excelente qualidade. Ele foca no que interessa; eu, em qualquer coisa que me atraia. Como resultado, sempre que nos encontramos, a fotografia se torna fundamental, de sorte que temos praticamente cinco anos de imagens arquivadas em nossos respectivos computadores.
Creio que essa coletânea, notadamente fixada em imagens, acabou por refinar nossa percepção, a ponto de superarmos vários modelos. Não fotografamos mais como fotografávamos há alguns anos atrás. Olhando as pastas, comparado as datas, creio que atravessamos fases bem marcadas. Hoje eu, particularmente, ando me permitindo compor imagens e textos bastante casuais, fragmentados, mas associados. Fotografo qualquer coisa, literalmente qualquer coisa, não necessariamente concreta, e crio uma escrita para aquilo. Um pequeno texto, que componho na hora, sem compromisso algum com qualquer fato historicamente concreto.  Com isso, me sinto mais rica, e minha percepção dos lugares que eventualmente visito ou que frequento tornou-se mais atilada, ampliando em muito, não apenas a paisagem dada, a cidade memorável propriamente dita, mas a minha própria percepção desses lugares, intuída e elaborada com toda a subjetividade. Com a fotografia, posso dizer, não são lugares o que conheço melhor, mas a mim mesma, autorreferenciada em cada imagem, em cada fração de segundo eternizada como memória. 
Depois da escrita, talvez seja a fotografia aquilo a que me entrego mais livremente.

sábado, 15 de setembro de 2012

Noite

"Somos criaturas que precisam mergulhar na profundidade para lá respirar, como o peixe mergulha na água para respirar, só que minhas profundidades são o ar da noite. A noite é nosso estado latente. E é tão úmida que nascem plantas. Em casas as luzes se apagam para que se ouçam mais nítidos os grilos, e para que os gafanhotos andem sobre as folhas quase sem as tocarem, as folhas, as folhas, as folhas - na noite a ansiedade suave se transmite através do oco do ar, o vazio é um meio de transporte."
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo GH. Rio de Janeiro: Rocco, 2009, p.114.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Fotografia

Por vezes, não é o tema o que mais atrai em um fotografia. O objeto ou motivo que são vistos nem sempre representam a ideia que o autor deseja passar, quando esta ideia resume-se tão-só nos inúmeros detalhes capturados, na nitidez, na intensidade dos matizes. É um maneirismo que ressurge assim, como produto de certas lentes ou objetivas que intelectualizam o real, tamanha sua precisão.

domingo, 9 de setembro de 2012

Coisas de Cidades

A cidade possui expressões próprias que é necessário saber ver e interpretar. São paredes, ruas, paisagens manchadas com letras, palavras, símbolos. Uma tatuagem sobreposta à ideia original. A princípio, tende-se a rejeitar tal sorte de manifestação. Foi assim comigo. Até que comecei a fotografar e, então, passei a ver com esses outros olhos que são as lentes que fecham quadros, um a um. Foi a partir dessa coletânea de fragmentos que passei a reformar meus velhos conceitos, adquirindo uma visão mais integrada desse todo que é a cidade.

Instituto de Pesquisa em Memória Social


O Instituto de Pesquisa em Memória Social  é uma organização civil de interesse público (OCIP) que, em atendimento à Lei 9.790/99, se estabelece sem fins lucrativos, trabalhando estritamente pelo interesse social.

Acreditamos que:

Pessoas e Organizações só existem se são lembradas a partir dos benefícios que oferecem à sociedade sob a forma de produtos ou serviços.

A História, a Memória, os Valores formam a Identidade das Comunidades, muitas vezes incompreendida, até pelo conjunto das pessoas que nelas vivem.

Só permanecem no imaginário popular pessoas e organizações efetivamente vinculadas às comunidades onde atuam.
Este conjunto complexo de significados e de percepções,  positivas ou negativas, denomina-se Memória Social. Ela não ocorre por acaso, e pode ser reconstruída e preservada pela ação de técnicos especializados.

Esta é nossa Missão.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Mestrado Profissional e Mestrado Acadêmico

"Mestrado Profissional" é a designação do Mestrado que enfatiza estudos e técnicas diretamente voltadas ao desempenho de um alto nível de qualificação profissional. Esta ênfase é a única diferença em relação ao acadêmico. Confere, pois, idênticos grau e prerrogativas, inclusive para o exercício da docência, e, como todo programa de pós-graduação stricto sensu, tem a validade nacional do diploma condicionada ao reconhecimento prévio do curso (Parecer CNE/CES 0079/2002).
O Mestrado Profissional responde a uma necessidade socialmente definida de capacitação profissional de natureza diferente da propiciada pelo mestrado acadêmico e não se contrapõe, sob nenhum ponto de vista, à oferta e expansão desta modalidade de curso, nem se constitui em uma alternativa para a formação de mestres segundo padrões de exigência mais simples ou mais rigorosos do que aqueles tradicionalmente adotados pela pós-graduação.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) é responsável por regular a oferta de programas de mestrado profissional por meio de chamadas públicas e avaliar os cursos oferecidos. A regulamentação que pretende incentivar essa modalidade foi publicada no dia 23 de junho no Diário Oficial da União pelo Ministério da Educação (MEC). APORTARIA NORMATIVA N 7, DE 22 DE JUNHO DE 2009 tem como objetivo regulamentar o mestrado profissional, modalidade esta que estava sem regulamentação no país.
São basicamente três diferenças em relação ao mestrado acadêmico:
- O Artigo 6º diz que: "As propostas de cursos de mestrado profissional serão apresentadas à Capes mediante preenchimento por meio eletrônico via internet do Aplicativo para Cursos Novos - Mestrado Profissional (APCN-MP), em resposta a editais de chamadas públicas ou por iniciativa própria das instituições, dentro de cronograma estabelecido periodicamente pela agência." OBS: veja que antes as propostas de cursos de mestrado profissional eram apresentadas e avaliadas no mesmo formato do Mestrado Acadêmico, agora terão um aplicativo e avaliação específicos. Como você pode ver no Artigo 9º: "A análise de propostas de cursos, bem como o acompanhamento periódico e a avaliação trienal dos cursos de mestrado profissional, serão feitas pela CAPES utilizando fichas de avaliação próprias e diferenciadas."
- A segunda mudança está relatada à frente. O parágrafo 1º da alínea IX do Artigo 7º tem a seguinte redação: "O corpo docente do curso deve ser altamente qualificado, conforme demonstrado pela produção intelectual constituída por publicações específicas, produção artística ou produção técnicocientífica, ou ainda por reconhecida experiência profissional, conforme o caso."
- A terceira mudança é com relação ao trabalho de conclusão final. Antes da portaria normativa, os trabalhos deveriam ser apresentados em formato de dissertação, como nos mestrados acadêmicos. Agora, o 3º parágrafo da alínea IX do Artigo 7º diz o seguinte: "O trabalho de conclusão final do curso poderá ser apresentado em diferentes formatos, tais como dissertação, revisão sistemática e aprofundada da literatura, artigo, patente, registros de propriedade intelectual, projetos técnicos, publicações tecnológicas; desenvolvimento de aplicativos, de materiais didáticos e instrucionais e de produtos, processos e técnicas; produção de programas de mídia, editoria, composições, concertos, relatórios finais de pesquisa, softwares, estudos de caso, relatório técnico com regras de sigilo, manual de operação técnica, protocolo experimental ou de aplicação em serviços, proposta de intervenção em procedimentos clínicos ou de serviço pertinente, projeto de aplicação ou adequação tecnológica, protótipos para desenvolvimento ou produção de instrumentos, equipamentos e kits, projetos de inovação tecnológica, produção artística; sem prejuízo de outros formatos, de acordo com a natureza da área e a finalidade do curso, desde que previamente propostos e aprovados pela Capes".
A regulamentação do mestrado profisional pretende atender às seguintes necessidades:
Necessidade de estimular a formação de mestres profissionais habilitados para desenvolver atividades e trabalhos técnico-científicos em temas de interesse público;
Necessidade de identificar potencialidades para atuação local, regional, nacional e internacional por órgãos públicos e privados, empresas, cooperativas e organizações não-governamentais, individual ou coletivamente organizadas;
Necessidade de atender, particularmente nas áreas mais diretamente vinculadas ao mundo do trabalho e ao sistema produtivo, a demanda de profissionais altamente qualificados;
Possibilidades a serem exploradas em áreas de demanda latente por formação de recursos humanos em cursos de pós-graduação stricto sensu com vistas ao desenvolvimento socioeconômico e cultural do país;
Necessidade de capacitação e treinamento de pesquisadores e profissionais destinados a aumentar o potencial interno de geração, difusão e utilização de conhecimentos científicos no processo produtivo de bens e serviços em consonância com a política industrial brasileira;
Natureza e especificidade do conhecimento científico e tecnológico a ser produzido e reproduzido;
Relevância social, científica e tecnológica dos processos de formação profissional avançada, bem como o necessário estreitamento das relações entre as universidades e o setor produtivo.
FONTE:http://www.capes.gov.br/duvidas-frequentes/62-pos-graduacao/2376-qual-e-a-diferenca-entre-o-mestrado-academico-e-o-mestrado-profissional

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Por que lembrar?


Lembrar parece algo natural. É inerente ao ser humano cultivar lembranças, porque talvez sejam elas o próprio tecido do qual nossa vida é feita. Não digo nossa vida biológica, que esta possui seus tecidos feitos de carne, ossos, sangue; falo da outra vida, daquela do sabermos quem somos, daquela de nos pensarmos como alguém. Alguém que não é você, que não é outro, mas que sou eu.
Complicado? Nem tanto. Pare um pouco e pense: você sabe quem é você na medida quase exata de suas lembranças. Assim é com tudo. Somos uma história, uma sucessão de eventos acontecidos no espaço e no tempo. Pense nisso, nesse acontecer que é você, e me diga se não somos, afinal, muito lembrança, muito memória, muito tudo isso que resiste ao tempo.
Não creio que seja preciso mais para lhe fazer ver o quão valioso é o tesouro da memória. Esquecer e lembrar são verbos paradoxais em sua complementaridade. Pessoas, coisas, instituições, famílias, empresas, bairros, cidades e mesmo animais possuem uma história. Recompor esta história, desenhar esta memória, fixá-la em um suporte a partir do qual ela possa ser compartilhada, não é apenas uma técnica, mas uma arte. É algo que o homem vem fazendo desde que se deu conta de sua finitude e pretendeu transcendê-la. Memória é, pois, transcendência, na medida em que, resistindo às forças que promovem o esquecimento, eternizam seu objeto.
Fazer memória é participar dessa transcendência, é atrever-se ao destino, criando futuros através dos registros passados que promovem o presente. É, com efeito, construir edifícios que darão abrigo ao que vai persistir, resistindo ao tempo, esse mestre do esquecimento que, todavia, não se atreve contra o que sabe persistir, conservar-se e durar.
Nesses tempos pós-modernos, onde o espaço e tempo se contraem velozmente, somos desafiados pelo efêmero que se perpetua em movimentos febris. Tudo é hoje, aqui e agora, porque a mecanização nos transformou em repetidores de atitudes que se expandem via contágio do prêt-à-porter ao prêt-à-penser. Em sua genialidade, Salvador Dali pintou relógios que se derretiam sobre pedras em plena luz do dia, insistindo na persistência, não da matéria, mas da memória. Bergson não foi menos feliz quando escolheu para intitular talvez a mais imortal de todas as suas obras as palavras Matéria e Memória. Buscar um eixo de estabilidade hoje é o desafio que nos garantirá, não a mítica saída do labirinto, mas o acesso àquele fio condutor capaz de dar sentido a um passado que o tempo devora e a um futuro que esse mesmo tempo ameaça. Memória é estabilidade, e estabilidade é o grande atributo, quase místico, com qual o homem honra a todas as coisas que lhe são sagradas.
Lembre-se de não esquecer. Sua memória também é você.


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

REVISTA VIDA BRASIL

A VIDA PODE ESPERAR
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Empilhando papéis e anotando coisas que ficaram para o dia seguinte, Marcos Silas sentiu que não tinha fome. Pediu água gelada que tomou devagar. Olhava a rua, pessoas indo e vindo, casais de namorados. Anoitecia devagar. Final de tarde luminoso, sem aquele calor sufocante que castigava. O comércio continuaria aberto até mais tarde. Semana de compras, início de mês. Sorriu ao ver a fila junto à carrocinha de pipocas. Gente com fome, que comia qualquer coisa. Alguém chamou sua atenção.


Estava na fila, pacientemente aguardando a vez de comprar as tais pipocas. Marcos observou com cuidado. A noite vinha chegando, mas o vulto ainda era perceptível. Elegante, a mulher usava um conjunto preto, casaco e calças compridas, de onde sobressaia um lenço discretamente colorido. Comprou as pipocas e sorriu para o pipoqueiro que, respeitoso, cumprimentou-a curvando o corpo, e levando a mão até junto à testa, como quem presta uma continência. — É Rebeca! Só pode ser! Está ficando escuro, mas...
Marcos Silas aproximou-se da janela a tempo de ver Rebeca afastar-se dali, muito devagar, distraída com as pipocas. — Onde será que ela vai? — perguntou-se, atento à direção tomada pela namorada de Klaus, um dos melhores clientes do banco. Decidido, arrumou a gravata, vestiu o paletó, empurrou alguns papéis para dentro da pasta, fechando-a de qualquer jeito. Saiu como um tufão, alegando urgência e encarregando o subgerente do fechamento.
Fora do banco, Marcos Silas precisou tomar fôlego. Seu coração batia depressa demais. Acalmar a respiração, pensar no que estava fazendo. — Por que saí assim? Por que quero ir atrás dela? Para onde ela foi? — pensava, enquanto seguia na direção que vira Rebeca tomar depois de comprar as pipocas. Caminhou pela praça movimentada, mas não conseguiu encontrar o que procurava. Fez mais uma volta, olhando para dentro das lojas, dos cafés. Nada. Buscava com os olhos a imagem de uma mulher de preto. Várias silhuetas poderiam enquadrar o modelo, mas eram desmentidas logo depois. Pessoas iam a vinham. Marcos detinha-se naquelas que poderiam, de longe, dar a impressão de serem Rebecas.
Parado no meio da praça, viu-se como um tolo. Algumas pessoas, irritadas, passavam por ele depressa, empurrando-o como fariam com alguma coisa que entravasse o seu caminho. Marcos Silas continuou parado. Não sabia para onde ir. Desistiu de procurar Rebeca, mas não quis voltar para o banco. — Paciência! Bobagem minha tentar encontrá-la “por acaso”, — pensou. Resolveu seguir a esmo, devagar, em direção a um prédio que lhe pareceu bonito. Era o museu de arte. Nunca entrara ali. — Que vergonha, — pensou, — trabalhando tão perto. — Consultou o relógio. Ainda era cedo. Quando viu, estava lá dentro. Estranhou que não cobrassem ingresso. O porteiro foi gentil ao esclarecer o detalhe, mas não se mostrou surpreso com a ignorância de Marcos Silas. Na certa, havia muitas pessoas como ele, que moravam ou trabalhavam na cidade, mas que nunca entraram naquele museu.
Marcos foi percorrendo as salas uma a uma. Olhava para tudo sem entender, mas olhava assim mesmo. De alguns quadros ele gostou; de outros, não. Não havia muita coisa. Um segurança, atencioso, alertou-o para que não ultrapasse a faixa amarela no chão, que limitava a meio metro a distância entre o espectador e a obra. Envergonhado, ele recuou. O mesmo homem observou que havia mais obras no segundo andar. Poucas pessoas circulavam, falando baixinho, como se estivessem dentro de um templo. Resolveu subir mais um lance de escadas. O prédio, por dentro, também era bonito, e não se podia dizer que não estivesse bem cuidado. Foi percorrendo os quadros um a um, distraído com o efeito que as pinturas lhe causavam. — O que é que eu estou fazendo aqui? Com tanta coisa que fazer, com tanta coisa importante para decidir... — pensou Marcos Silas, sorrindo de si mesmo. — Vamos lá, agora vou ver tudo mesmo, — concluiu, usando de permissividade para consigo mesmo.
Caminhando devagar, sentiu que seu coração batia tranquilo agora. Entretinha-se com as paisagens, intrigava-se com os rostos, divertia-se imaginando quem eram, o que pensavam. Parou em frente a um quadro onde aparecia menino pobre, cego de um olho, mas sentiu-se mal com a cena, afastando-se dali, com medo da emoção que a obra lhe provocara. Não tinha qualquer razão para agir como agiu, saindo do banco daquela maneira, procurando encontrar Rebeca “por acaso”. Nada o ligava àquelas imagens, àqueles quadros, àquele ambiente e àquelas pessoas desconhecidas que caminhavam por ali, certamente, sabendo por que estavam ali. Ele não sabia.  À revelia disso, sem sentir, continuava a percorrer o prédio, que lembrava um labirinto, com recintos diferentes uns dos outros. Até uma sala escura havia, iluminada de maneira a permitir apenas a visão das obras colocadas sobre paredes negras e felpudas, absorventes, como se nada mais importasse ou existisse além das imagens, o que lhe provocou uma sensação de irrealidade. Saiu dali.

Súbito, uma surpresa, quase um susto. Viu-se diante da entrada de mais uma sala, mas ali havia alguma coisa especial. Seus olhos encontraram um quadro grande que — francamente, aquilo sim, era alguma coisa! — pensou. Estava frente a uma mulher vestida de branco, apoiada numa sombrinha, de chapéu, sorrindo para o mundo. Marcos Silas, sem saber por que, sorriu para o quadro e começou a sentir alguma coisa especial. Era como se a mulher estivesse viva, saída de outros tempos. Era luminosa. A roupa branca, pintada com maestria, revelava discretamente um corpo bem feito. O rosto não era bonito, mas havia tanta harmonia ali, tanta vida.
Marcos Silas pensou, brincando, que a mulher fosse descer do quadro, caminhar pelo museu. Imaginou o ruído do pano, o barulho dos saltos dos sapatos, imaginou-a abrindo a sombrinha, cujo cabo devia girar em seus dedos, causando um estranho e inesperado efeito, feliz com alguma coisa. — E se ela descesse da parede e caminhasse por aqui? Meu Deus! Será que isso é arte? Eu nunca me dei conta... mas é tão... Tão óbvio! — Marcos Silas sorria, experimentava algo que não podia e, na verdade, sequer desejava identificar. Era como se aquele quadro estivesse ali especialmente para ele. Começou a buscar algo no rosto da personagem que não era bonito. Deteve-se nas mãos, na elegância dos gestos, no movimento que podia sentir, sem ver. Vontade de cumprimentá-la. Ousou. Estava só naquela sala, e não resistiu à tentação de dizer em voz baixa, porém audível:
— É um grande prazer conhecê-la, madame!
Divertido com a própria ousadia, continuou a fitar a desconhecida, que não se dignara a apresentar-se a ele ou a responder ao seu cumprimento. Entretanto — coisa estranha — deu-se conta de que havia um leve perfume por ali. Fechou os olhos e concentrou-se na sensação. Voltou a abri-los. A dama de branco continuava no mesmo lugar. O perfume persistia, agora, numa nota mais densa. Era capaz de percebê-lo nitidamente. Já o sentira antes, mas não lembrava aonde. Muito suave, tinha uma nota que lembrava vivamente o perfume de rosas. Impossível que a pintura tivesse cheiro! Mas estava sentindo, sentindo. Havia mais alguém ali, além dele e da mulher do quadro. Virou-se devagar.
— Vejo que o senhor acaba de conhecer a misteriosa dama de branco, senhor Marcos Silas. Boa noite! É um prazer e uma surpresa encontrá-lo aqui, — disse Rebeca, sorrindo e estendo a mão.
— Rebeca! — disse ele, retribuindo o gesto, — que coincidência!
Marcos sentiu o coração bater mais forte. Estava feliz em vê-la, mas não quis demonstrar o quanto a presença de Rebeca o afetava.
— Não esperava encontrá-lo em um museu! Espero não tê-lo perturbado, mas cometi a indiscrição de observar o encontro entre vocês dois. Não é sempre que se vê alguém capaz de entregar-se sinceramente à emoção — disse Rebeca, que parecia mesmo surpresa e até satisfeita com o encontro.
— Será que foi isso o que eu fiz? — pilheriou Marcos Silas, tentando parecer à vontade diante da namorada de Klaus.
— Certamente, nossa dama de branco também sentiu “prazer em conhecê-lo, cavalheiro”, — disse ela sorrindo.
— Você ouviu? Que vergonha, Rebeca! Você me flagrou falando sozinho! Mas eu não resisti. E falei baixinho! — riu ele.
— Jamais sinta vergonha de uma emoção verdadeira. Emoções verdadeiras só nos valorizam, jamais nos diminuem, — disse Rebeca casualmente, admirando o quadro.
Marcos quis continuar. Pensou um pouco sobre o que acabara de ouvir:
— Mas como posso saber se uma emoção é verdadeira? — perguntou, sem olhar para ela, fixando o quadro.
— Não sei... Penso que não há fórmulas para isso. Mas a emoção verdadeira não costuma partir do cálculo nem da imitação.
— Como assim, Rebeca?
— Eu diria que o senhor encontrou algo que não procurava, deixou-se experimentar um momento único, abrindo-se para a emoção. Se algum dia voltar aqui, para vê-la novamente, vai encontrá-la com outro olhar.
— Você também já sentiu isso? Sabe o que é, Rebeca?
— Sim, eu sei. Este quadro é o meu favorito do museu. Também gosto de outros, mas este é especial.
— O que é que esse quadro tem afinal? O que você viu nele que a deixou impressionada? — perguntou Marcos Silas, agora curioso.

― Ora, senhor Marcos Silas, veja por si mesmo. Ela acabou de seduzi-lo! É tão simples! O senhor admirou este quadro exatamente por isso. Eu, por outro lado, desde que o vi pela primeira vez, quis saber como seria ser assim. Eu quis ser como ela, desfrutar dessa espécie de poder. Um poder, na realidade, tentador. Uma mulher que, mesmo não sendo uma deusa, é capaz de seduzir apenas através de sua imagem. Estranho, mas não temos a impressão de conhecê-la? Eu acho que eu a invejo...
Ambos continuavam ali, olhando o quadro, lado a lado, em silêncio. Marcos pensou no que acabara de ouvir. Olhou para Rebeca. Era dela que vinha o perfume de rosas. Notou o lenço de seda que sobressaia na roupa preta. Ela era pequena, mas elegante. Educada, mostrava-se quase sempre reservada e discreta. Marcos Silas começou a achá-la bonita. Pensou em convidá-la para jantar, mas imaginou que ela poderia pensar que se tratasse de uma cantada. — E se ela pensasse que era uma cantada e topasse? Não, nada disso. E se... Se Klaus descobrisse que eu saí com Rebeca? Que confusão! — pensou. — Rebeca é tão... Ela faz com que eu me sinta assim... — Marcos não sabia explicar. Era uma sensação indefinível. Sabia, contudo, que gostava de estar perto dela.
— O senhor aceitaria acompanhar-me num café? — perguntou Rebeca com simplicidade.
Marcos Silas assustou-se com a pergunta. Pensou em dar uma desculpa, em sair dali correndo. Pensou na mulher, em Klaus. Mas deu-se conta de que, por alguma estranha manobra do destino, naquele instante, ele estava livre de todas as coisas que o atormentavam. Era como se ela pudesse fazer com que ele fosse outra pessoa.
Sem dizer nada, Rebeca sorriu para ele e tomou a direção porta. Marcos simplesmente a seguiu. Naquele momento, iria com ela onde quer que fosse, e depois pensaria em Klaus, na mulher, na casa, no banco, no filho, nas contas... A vida, afinal, podia esperar.


Autor: Maristela Bleggi Tomasini