sexta-feira, 31 de outubro de 2014

O LIVRO DOS CEM ANOS DO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DE SÃO PAULO






O LIVRO DOS CEM ANOS DO LABORATÓRIO DE PSICOLOGIA EXPERIMENTAL DA ESCOLA NORMAL SECUNDÁRIA DE SÃO PAULO é uma obra comemorativa da passagem de dez décadas que nos distanciam de um fato histórico de suma importância para a História da Psicologia do Brasil e, muito especialmente, de São Paulo. Uma história conhecida, é verdade, e, além disso, publicada até mesmo nos menores detalhes em artigos acadêmicos. Reeditar o que já havia sido escrito não seria justificável. Havia, contudo, o significativo acervo de fotografias de Rogério Centofanti, muitas delas tratadas digitalmente; havia livros, obras da época; havia ainda a facilidade de acesso a revistas e jornais disponibilizados ao público. Por que não contar essa história do ponto de vista da época? Assim, em parceria com Maristela Bleggi Tomasini, ― cujos interesses abrangem memória e história ―, teve início a coleta de materiais, uma busca que passou por centenas de notícias de jornais, leituras de revistas, imagens e obras. Tendo como ideia central o Laboratório, foram articulados quatro capítulos para explorar o tema, mas do ponto de vista da época, de OUTROS TEMPOS, portanto, na vigência de outras representações, de outras sensibilidades e sociabilidades: entre imperialistas e republicanos misturavam-se deístas, teístas e livres-pensadores; havia preclaros e insignes, normalistas que se chamavam das Dores e das Graças, todos habitando uma São Paulo que já se queria vanguardista, moderna, que ansiava pelo progresso, este fetiche que provocava o imaginário e que definia identidades. A par disso, o ocaso de um Império que ainda impregnava o espaço urbano semeado de representações, especialmente na arquitetura. A cidade era palco de disputas e tensões das quais a imprensa nos fornece testemunhos cabais. Esse esboço de cenário de outros tempos requer uma especificação, pois era preciso identificar onde o Laboratório iria acontecer, seus antecedentes, portanto: PRAÇA DA REPÚBLICA. UMA PEDRA, UM PRÉDIO, enfim, que ostentava toda força representativa de um sentir republicano, ansioso por modelos e receitas importadas do estrangeiro, inclusive O LABORATÓRIO, verdadeiro cenário onde diversos atores protagonizaram seus papéis. Foram personagens que se buscou compreender e evidenciar a partir de discursos e concepções vigentes então. Destaque, porém, a uma psicologia italiana, muito particular a São Paulo, marcando indelevelmente sua história. No palco, psicólogos, médicos, antropólogos, educadores dos mais diversos matizes e tendências disputavam nada menos que um modelo de homem, ora corpo biológico, ora alma espiritual, mistérios cuja solução o laboratório não trouxe, nem em seu auge, nem tampouco em seu DECLÍNIO, abrupto e silencioso, mas nem por isso menos memorável. Daí este livro, e esta pequena história.

Nenhum comentário:

Postar um comentário