Em toda parte e sempre, a vitória é dos
otimistas, dos povos ou dos indivíduos que acreditam a priori que a
verdade é bela e que a vida é boa. Toda a Antiguidade clássica teve deuses
sorridentes; o próprio Egito, a mais grave das nações antigas, teve fé no
triunfo final da luz sobre as trevas e no reino do bem. Ora, para assegurar-se
de que o otimismo é um erro, é suficiente, parece-me, imaginar a duração
infinita dos tempos passados. A vida universal é uma busca impaciente. Mas o
que é um objetivo sempre perseguido e jamais alcançado, após quase uma
eternidade de tentativas, senão uma quimera? E o que é uma perseguição sem
objetivo, a não ser a pior das maldições? A própria duração do universo atesta,
pois, a impossibilidade de seu feliz desfecho. Dizer que o mundo é um grupo imenso
e uma eterna série de evoluções seguidas, invariavelmente, de dissoluções é dizer
que tudo não é, em toda existência, senão esperança e decepção, fluxo
incessante de esperança seguido de um inevitável refluxo. E é muito tarde para
supor que surgisse jamais, enfim, em meio a tudo isso, algum esforço vitorioso,
algum elã não enganoso, alguma vontade não decepcionante!
Gabriel Tarde
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