domingo, 15 de janeiro de 2012

Coisas do Coração

E se cartas, em geral, são assim importantes e relevantes como bens culturais, como fragmentos sólidos que refletem seguramente a Cultura ­— esse universo simbólico que os homens compartilham — que dizer então de cartas de amor? Sabendo ou não definir ou conceituar o que seja o amor, e mesmo diante da impossibilidade de algum dia essa emoção vir a ser decifrada, é fato que o amor existe no imaginário dos homens. Sobre ele, muito já escreveram poetas, literatos, mesmo homens de ciência e guerreiros atreveram-se a sondar sua natureza. É difícil não encontrar alguém que, algum dia, não tenha experimentado esse sentimento, tanto quanto é difícil encontrar quem não deseje, ao menos uma vez na vida, sentir-se apaixonado. Talvez nenhum outro tema tenha inspirado tantos romances, tantas poesias, tantas peças teatrais, filmes, enfim, tantas produções culturais. Histórias de amor, por prosaicas e repetidas que sejam, continuam tendo ― e tudo indica que continuarão a ter ― um público certo e não pouco numeroso de espectadores atentos e esperançosos, quem sabe, de um dia poderem ter sua própria história para contar, registrar ou meramente imaginar.
Tais experiências, contudo, muito embora se possa afirmar que ocorram, têm lugar em foro íntimo, de sorte que é inviável examiná-las, ao menos do ponto de vista objetivo. Contudo, em que pese o coração humano não se deixar sondar, as formas de expressão das quais o homem se utiliza para demonstrar o que sente, a expressão de sua afetividade, pode perfeitamente nos permitir uma aproximação segura de histórias íntimas que se materializam diante de nós.