sábado, 22 de outubro de 2016

Etiqueta Epistolar

Modelos de cartas sobre diferentes assuntos, escolhidos entre os melhores autores epistolares. Com uma breve instrução à frente de cada espécie de cartas. Precedidas de de algumas reflexões sobre o estilo epistolar em geral, sobre o caráter dos autores nesse gênero, e do cerimonial das cartas, 1767.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Poder pode mas... não deve

"Ao escrever cartas de amor, cuidado!” — enfatiza Bárbara Virgínia em seu livro sobre etiqueta social[1]. E prossegue, explicando: “Há um ditado que diz: Tudo o que está escrevendo agora, um dia poderá ser lido num tribunal."

Pois, se o amor é cego, a sociedade não o é, e parece vigiar os amantes incautos que não raramente documentam sua paixão. A confissão dessas indiscrições, contudo, documentada em cartas de amor, dão a ver bem mais que uma lúdica ou trágica paixão. Materializam hábitos, costumes e práticas sociais. 

Isso importa? Mas é claro que sim. Até porque a era dos romances epistolares já não acontece, ao menos não com uso de papel e envelopes. O correio eletrônico, as redes sociais, o telefone substituíram as velhas cartas de amor...



[1] VIRGINIA, Bárbara. Poder pode mas... não deve. Manual ilustrado do bem-receber, elegância, charme e etiqueta. São Paulo: Coleções Loyola, 1993, p. 39.


domingo, 9 de outubro de 2016

Medo, reverência, terror

"Vivemos num mundo em que os Estados ameaçam com o terror, exercitam-no e às vezes o sofrem. É o mundo de quem procura se apoderar das armas, veneráveis e potentes, da religião, e de quem empunha a religião como uma arma. Um mundo no qual gigantescos Leviatãs se debatem convulsamente ou ficam de tocaia, esperando. Um mundo semelhante àquele pensado e investigado por Hobbes.

Mas alguém poderia sustentar que Hobbes nos ajuda a imaginar não só o presente, como também o futuro: um futuro remoto, não inevitável, e contudo talvez não impossível.48 Suponhamos que a degradação do ambiente aumente até alcançar níveis hoje impensáveis. A poluição do ar, da água e da terra acabaria por ameaçar a sobrevivência de muitas espécies animais, inclusive aquela denominada Homo sapiens sapiens. A essa altura, um controle global, minucioso, sobre o mundo e seus habitantes se tornaria inevitável. A sobrevivência do gênero humano imporia um pacto semelhante àquele postulado por Hobbes: os indivíduos renunciariam às próprias liberdades em favor de um super Estado opressor, de um Leviatã infinitamente mais potente que os passados. O grilhão social estreitaria os mortais num nó férreo, já não contra a “ímpia natureza”, como escrevia Leopardi em La Ginestra [A giesta], mas em socorro a uma natureza frágil, deteriorada, precária.

Um futuro hipotético, que esperamos não se verifique jamais."

GINZBURG, Carlo. Medo, reverência, terror. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. Disponível em: < https://pt.scribd.com/document/233115318/Carlo-Ginzburg-Medo-Reverencia-e-Terror >. Acesso em: 09/10/2016.