sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Da civilidade

"Não posso ver-te. Essa impossibilidade é irremediavel. Resigno-me. Para sua felicidade, a creatura humana, em face do irremediavel, resigna-se facilmente ou difficilmente, conforme a intensidade do golpe. Eu me resigno também, não em toda extensão do acto. A resignação é o último estado da alma. Ella pertence aos sábios e aos philosophos. Mas, falo da resignação total, da resignação bondade, que esquece e perdoa. E na minha alma move-se um turbilhão de paixões diversas e contrarias..."  Trecho de carta de Francisco para Maria, década de 1920.
A civilidade parece impor um custo, uma disputa entre a vontade de agir e uma ordem vigente. Cobra-se, ao menos no que se extrai das afirmativas de Francisco nesta carta. É de bom-tom resignar-se, não obstante as paixões da alma, sacrificado o interesse pessoal à vista das conveniências ditadas pela socialidade e pela civilidade, aspectos que devem ser aproximados por sua vez. É que, ao estabelecer regramentos aplicáveis a tipos ideais, a etiqueta, torna tais tipos efetivamente reais, tão reais quanto o legado epistolar de Francisco. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário