domingo, 23 de junho de 2024

Descontrução?

Fala-se muito em desconstrução. Eu diria mesmo que ela já se tornou um hábito, se não mesmo um método, nos fazeres acadêmicos. Todavia, nunca é demais tratar desse tema com quem de fato tem algo muito relevante a dizer. Falo de Derrida e de seu trabalho sobre o fundamento da autoridade, ou seja, a própria força da lei.

A desconstrução pode garantir a justiça ou ela representa uma ameaça ao conceito de justiça? Responder a essa questão de maneira clara e satisfatória é difícil e até polêmico, por conta de diferentes perspectivas que traçam visões opostas. É preciso ter em vista que estruturas binárias e hierárquicas tradicionalmente organizam o pensamento ocidental, aí incluídos os conceitos de direito e justiça. Assim, ao desfazer as oposições fixas e hierarquias que dominam nosso entendimento, o processo de desconstrução, usado como ferramenta crítica, sugere múltiplas interpretações e contextos. De um lado, uma suposta ameaça representada por narrativas dominantes e certezas presumidas; de outro, uma ferramenta que pode minar a própria base sobre a qual a justiça é construída, ameaçando a garantia de um sistema estável e coerente.

DERRIDA, Jacques. Force de loi. Le Fondement mystique de l'autorité. Paris: Galilée, 1994.

 

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