terça-feira, 9 de julho de 2024

A Sociedade do Espetáculo

 

A alienação do espectador em prol do objeto contemplado (que é o resultado de sua própria atividade inconsciente) se expressa da seguinte forma: quanto mais ele contempla, menos ele vive; quanto mais ele aceita se reconhecer nas imagens dominantes da necessidade, menos ele compreende sua própria existência e seu próprio desejo. A exterioridade do espetáculo em relação ao homem atuante se manifesta no fato de que seus próprios gestos não são mais para ele, mas para outro que os representa. É por isso que o espectador não se sente em casa em lugar algum, pois o espetáculo está em toda parte. GUY DEBORD

Guy Debord — teórico francês e membro da Internacional Situacionista, movimento radical dos anos 60 — argumenta que a vida social na sociedade moderna é dominada pelo “espetáculo”, que não passa de uma representação das relações sociais. Na obra La Société du Spectacle essa ideia é colocada magistralmente. A ideia de espetáculo corresponde a uma forma de controle social e de alienação, porquanto nossa experiência direta da vida é substituída por uma série de imagens e de representações que mantêm a ordem social e econômica existente. Disso resulta inevitavelmente a alienação dos indivíduos, que se tornam distantes de sua própria experiência e existência, devido à mediação das representações sociais. Imagens e representações promovem a necessidade e o desejo consumista, desviando a atenção dos indivíduos de suas reais necessidades e desejos. Assim é o espetáculo: uma representação da realidade que substitui a experiência direta e autêntica, um meio de controle e manipulação da percepção que faz com que a vida real seja vista apenas através de imagens e representações.

Nenhum comentário:

Postar um comentário