Entre os homens que viveram antes de nós, especialmente há muito tempo antes de nós, por que imaginamos comumente que há uma diferença tão profunda e quase intransponível entre eles e nós? Certamente, o tempo é irreversível. Nem um indivíduo, nem uma sociedade pode retroceder o curso dos séculos. Mas essa não é a única razão para o sentimento de estranheza que nos inspiram as figuras do passado. Elas nos parecem distantes não apenas no tempo, mas também na escala dos seres, como se pertencessem a uma outra espécie, semelhante a nós em forma exterior, mas mergulhada em uma atmosfera onde o ar não é o mesmo, onde as ideias, os sentimentos e as sensações não podem ser os mesmos que os de hoje. É exatamente isso que imaginamos quando lemos livros de história ou romances históricos, quando visitamos edifícios antigos, lugares onde tudo permaneceu inalterado por meio século, e ainda mais quando evocamos aqueles que viveram nesse cenário, que passaram por essas paredes e estão tão distantes de nós quanto fantasmas ou habitantes desconhecidos de algum planeta inacessível.
Tais sentimentos seriam facilmente explicáveis se, independentemente de tudo o que pôde se transformar no meio social, e mesmo supondo que ele não mudasse ou mudasse pouco, o próprio homem, ou seja, a espécie humana, estivesse sujeita a uma evolução. Então, não nos reconheceríamos mais como seres feitos da mesma substância, com os mesmos órgãos e capazes de reagir da mesma maneira às impressões que vêm do mundo material. Cada geração seria considerada como representando uma fase definida dessa evolução orgânica. Ela traria para o palco do mundo um conjunto de tipos físicos: temperamentos, constituições, traços, olhares, palavras e gestos que foram realizados naquela época, mas cujo molde está quebrado, e que não encontramos mais ao nosso redor. Assim, Hesíodo e os antigos acreditavam que raças diferentes de homens sucederam-se na superfície da Terra, cada uma surgindo e depois desaparecendo, sem deixar rastros, a não ser ossos que parecem provir de gigantes, ou memórias de feitos que supunham órgãos com uma força que já não possuímos.
Halbwachs, Maurice (1938). Esquisse d’une psychologie des classes sociales. Paris: Librairie Marcel Rivière et Cie.
Maurice Halbwachs publicou Esquisse d’une psychologie des classes sociales em 1938, visando a construir uma psicologia social das classes sociais. Como a estrutura social afeta a consciência e a percepção dos indivíduos? Como essas percepções moldam as relações entre as classes sociais? Para Halbwachs, as percepções e atitudes dos indivíduos são moldadas por sua posição social e pelas interações com outros membros de sua classe. Assim, psicologia das classes sociais não pode ser compreendida por meio de um estudo individual, porque deve considerar o contexto social e coletivo. As experiências compartilhadas e as interações sociais moldam a identidade e a psicologia das pessoas, o que indica a importância do contexto social na formação da consciência.
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