O romantismo é um movimento europeu, nascido na metade do século XVIII na Alemanha e na Inglaterra, e difundido na França durante a primeira metade do século XIX. Os grandes nomes do romantismo francês são Chateaubriand, Lamartine, Musset, Hugo e Vigny. Ele se caracteriza por uma recusa aos valores dominantes nos séculos precedentes.
O romantismo, com efeito, rejeita as regras impostas pelo classicismo: no teatro, por exemplo, os gêneros se misturam, as unidades de tempo, de lugar e de ação desaparecem, o drama substitui a tragédia. Depois da evolução política e social de 1789, o romantismo empreende uma revolução poética: “Coloquei um boné vermelho no velho dicionário”, clama Hugo.
Por outro lado, a sobriedade dos clássicos, imposta pela regra social do decoro, não resiste à exaltação romântica que se alimenta da descortesia. Assim, ao racionalismo das luzes, os românticos opõem a valorização de uma sensibilidade exacerbada que predispõe aos amores apaixonados, mas igualmente ao sofrimento existencial (o “mal do século”). Às emoções e aos sentimentos acrescenta-se o contato com a natureza, sucessivamente lugar de recesso fora da sociedade, espelho apaziguador dos estados de alma melancólicos e inesgotável fonte de inspiração poética.
Enfim, a revolta romântica toma uma dimensão política: a geração de 1830, francamente liberal e republicana, condena a ordem burguesa em nome do primado do indivíduo sobre a sociedade. Compreende-se desde então o gosto romântico pelos desertos, as ruínas e o exotismo: todos espaços onde os limites esclerosantes das ordens dogmáticas são abolidos.
O artista romântico figura o porta-voz de uma verdade que ele é o único a poder transmitir. Sua valorização do sonho e do sobrenatural, seu gosto pelos grandes sentimentos e sua paixão pelo inútil opõem-se ao materialismo, ao positivismo e, sobretudo, ao utilitarismo social. Frequentemente incompreendido, marginal ou revoltado contra a antiga ordem, o artista romântico parece-se muito com o “eremita de Croisset”.
Casin-Pellegrini, Catherine, Chaves para o romantismo, in Flaubert, Gustave. Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 161, tradução minha.
Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social, em andamento junto à UERJ. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes que despertam em mim o desejo de pesquisar.