O estudo de correspondência ― tipo de documentação que recentemente ganhou importância e destaque como fonte histórica ― ainda tem como objeto privilegiado as cartas trocadas entre figuras de destaque, como intelectuais ou políticos. Há também interesse pelas cartas endereçadas por figuras populares a grandes figuras políticas com o objetivo de encaminhar pedidos. Mas são poucos os trabalhos dedicados à correspondência estritamente pessoal e, nesse caso, a que desperta maior atenção é a correspondência amorosa. São praticamente inexistentes trabalhos que focalizem correspondências domésticas e íntimas de pessoas anônimas, concetradas em descrever relações familiares. Esse pode ser, contudo, um rico instrumento de análise histórica.
FERREIRA, Marieta de Moraes. Correspondência familiar e rede de sociabilidade, in Escrita de si Escrita da história, org. GOMES, Angela de Castro, Rio de Janeiro, FGV, 2004, p. 254.