Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, com estágio concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Pedido de Preces, 1911
sexta-feira, 25 de dezembro de 2015
Arquivo de Lysia
Por sua singularidade, o arquivo de Lysia não se presta a
uma função sistemática, exceto aquela que, no passado, lhe imprimiu sua
empreendedora e que persiste ainda em sua organicidade[1].
A questão, parece, poderia estar relacionada ao que Baudrillard observou com
relação ao objeto marginal e ao objeto antigo, que escapariam a qualquer
sistematização. Singulares, barrocos, folclóricos, exóticos, antigos ― enumera
ele ― tais objetos contradiriam exigências de uma ordem funcional e
responderiam a desejos de outra ordem: testemunho, lembrança, nostalgia,
evasão. “Esses objetos ― acrescenta ― por diferentes que eles sejam, também
fazem parte da modernidade, e tomam aí um duplo sentido” [BAUDRILLARD,
Jean. Le système des Objets. Paris: Gallimard, 1968, p. 103]. Isso
ocorreria, particularmente, quando viessem a integrar um sistema cultural
diferente daquele que lhes deu origem. Passariam assim a responder a outras
necessidades, num processo equivalente à supressão do tempo, ao menos na ordem
do imaginário.
[1] “Organicidade é o termo que designa,
na área arquivística, a qualidade segundo a qual os arquivos refletem a
estrutura, funções e atividades da entidade acumuladora, em suas relações internas
e externas” (CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Os arquivos e o acesso à verdade. In:
SANTOS, Cecília MacDowell et al.
(org). Desarquivando a ditadura: memória
e justiça do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2009a, v.2, p.424-443).
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Fotografia
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São Paulo
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
Cartão de Felicitações
Arquivos de família guardam tantas coisas... Pode-se muito falar na variedade e no inusitado de certos achados que neles se encontram, mas nada substitui a imagem. Neste caso, um cartão onde colegas de trabalho da noiva desejam felicidades ao casal, cujas núpcias aconteceram em 1956.
domingo, 20 de dezembro de 2015
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Curitiba, 1928
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Arquivo de Família,
Arquivos Pessoais,
Cidades,
Correspondência
domingo, 13 de dezembro de 2015
Cidade Especular
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Vídeos
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Regras de Etiqueta
De mãos dadas com os preconceitos e as discriminações, as
regras de etiqueta marcam territórios onde hierarquias são estabelecidas, e embora
não correspondam a nenhum formalismo de ordem legal, nem por isso são menos
rigorosas. Não são promulgadas nem assinadas por quem de direito, mas emanam de
instâncias de controle onde o poder existe de fato. Enquanto a norma jurídica é
coercitiva na ordem das punições previstas em lei, a norma de etiqueta, quando
violada, tem consequências bem diferentes, que se dão muito mais perto dos
fatos sociais menos relevantes e mais corriqueiros. Entre subtrair um objeto
alheio, e não manifestar-se formalmente à vista de um convite assinalado com as
iniciais R. S. V. P, vai uma grande distância a separar estas duas instâncias
paralelas, ambas encarregadas de controlar e de constranger ― o vigiar e punir
de Foucault ―, cada qual a seu modo.
domingo, 22 de novembro de 2015
Fotografia
sábado, 7 de novembro de 2015
Então, eu lembrei
Cenários de cidades.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Ces bonnes lettres
DAUPHIN, Cécile; LEBRUN-PÉZERAT, Pierrette; PAUBLAN, Danièle. Ces Bonnes Lettres. Una correspondence familiale ao XIX siècle. Paris: Albin Michel, 1995,
La première qualité de la lettre est d'être 'bonne'. Banalité qui énonce avec force qu'elle convient, que'elle répond à une attente, qu'elle est appropriée à la situation et conforme aux besoins. Mais banalité que appelle une gamme de varientes autour de cette appréciation majeure du plaisir de recevoir. 'Petite, belle, jolie, charmante, amaible' la 'bonne' lettre séduit par son apparence (p. 141).
....
En dehors des canons de la littérature et des sentiers battus de l'art épistolaire, l'appréciation de la lettre familière dépend d'abord de sa valeur subjective. Le jugement esthétique doit être affirmé, en dehors de tout preuve. Indépendamment de ses qualités littéraires, la 'bonne' lettre est 'belle' et vice versa (p.141).
La première qualité de la lettre est d'être 'bonne'. Banalité qui énonce avec force qu'elle convient, que'elle répond à une attente, qu'elle est appropriée à la situation et conforme aux besoins. Mais banalité que appelle une gamme de varientes autour de cette appréciation majeure du plaisir de recevoir. 'Petite, belle, jolie, charmante, amaible' la 'bonne' lettre séduit par son apparence (p. 141).
....
En dehors des canons de la littérature et des sentiers battus de l'art épistolaire, l'appréciation de la lettre familière dépend d'abord de sa valeur subjective. Le jugement esthétique doit être affirmé, en dehors de tout preuve. Indépendamment de ses qualités littéraires, la 'bonne' lettre est 'belle' et vice versa (p.141).
quinta-feira, 22 de outubro de 2015
Venho por meio desta
Cartas Perdidas
ARTIÈRES, Philippe; LAÉ, Jean-François. . Lettres perdues. Écriture, amour et solitude, XIXe-XXe siècle La vie quotidienne, Paris: Éditions Hachette, 2003, 268 p.
Ah, esses arquivos perdidos, que atravessam nosso caminho, que desviam nosso olhar para esses pequenos nadas. Fragmentos singulares cujo encanto inspira alguns de nós.
Afinal: "Existiriam palavras das quais nada se puderia extrair?" (p. 9).
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
Sociabilidade: cenas do amor
O conhecido compositor italiano Leoncavallo foi o heroe de uma triste historia de amor
Uma menina norte-americana, miss Alice Moffat, filha d'um rico pesquisador de ouro, teve o capricho de seguir a carreita teatral. Veio a Paris representar n'um café-concerto. Mas as pessoas de sua amizade observaram-lhe que se persistisse n'esse caminho nunca entraria um grande theatro.
Ella então deixou a scena e entregou-se á pintura.
Collossalmente rica, generosa, não tardou a crear numerosas sympathias no mundo das lettras e da arte e, n'uma reunião de artistas, em Paris, encontrou-se com Leoncavallo, por quem concebeu logo grande paixão. Soube, porém, que elle era casado. Ficca n'um imenso desespero e, para abafar a sua paixão, recorreu ás viagens, andando de cidade em cidade, sem se deter em nenhuma.
Ultimamente, em Genebra, resolveu acabar com a vida: collocando diante de si o retrato do compositor, absorveu o conteúdo de um frasco de laudano, morrendo uma hora depois.
A Federação. Orgam do Partido Republicano. Porto Alegre, 22 set 1899. Anno XVI.
Uma menina norte-americana, miss Alice Moffat, filha d'um rico pesquisador de ouro, teve o capricho de seguir a carreita teatral. Veio a Paris representar n'um café-concerto. Mas as pessoas de sua amizade observaram-lhe que se persistisse n'esse caminho nunca entraria um grande theatro.
Ella então deixou a scena e entregou-se á pintura.
Collossalmente rica, generosa, não tardou a crear numerosas sympathias no mundo das lettras e da arte e, n'uma reunião de artistas, em Paris, encontrou-se com Leoncavallo, por quem concebeu logo grande paixão. Soube, porém, que elle era casado. Ficca n'um imenso desespero e, para abafar a sua paixão, recorreu ás viagens, andando de cidade em cidade, sem se deter em nenhuma.
Ultimamente, em Genebra, resolveu acabar com a vida: collocando diante de si o retrato do compositor, absorveu o conteúdo de um frasco de laudano, morrendo uma hora depois.
A Federação. Orgam do Partido Republicano. Porto Alegre, 22 set 1899. Anno XVI.
sábado, 17 de outubro de 2015
Sociabilidades: cenas do amor
Scenas do amor
As muralhas de Cambrai foram ha pouco theatro de um terrivel drama de amor.
Dois namorados, ambos de boas familias, um elegante rapaz e uma formosa e interessante menina, perdidos do amor, tinham-se dado rendez-vous no jardim publico.
Passeiaram algum tempo na grande avenida, depois afastaram-se ao longo das muralhas que conduzem ás portas de Paris.
Entregues ao seus sonhos de amor, não notaram que eram seguidos.
O pai da menina ha muito que vinha atraz de ambos.
Era um homem muito conhecido e muito digno e que, com razão ou sem ella, estava persuadido de que sua filha tinha sido seduzida.
Chegados ao jardim do Regimento, subiram ambos ao parapeito para ver o que se passava, por terem ouvido um certo ruido suspeito.
Foi então que o sr. M.C., que estava armado de um rewolver, apontou-o contra o rapaz e desfechou.
A povre menina, que viu o gesto do pai, mette-se entre o seu amante e o pai, recebendo ella na face a bala e cahindo logo morta.
O pobre rapaz, ao ver sua namorada n'aquelle estado, deita-se da muralha sobre o fosso, conseguindo-se com custo ainda tiral-o vivo.
As dua familias ficaram assás consternadas.
A Federação, Orgam do Partido Republicano. Porto Alegre, 3 mar 1884, Anno I.
As muralhas de Cambrai foram ha pouco theatro de um terrivel drama de amor.
Dois namorados, ambos de boas familias, um elegante rapaz e uma formosa e interessante menina, perdidos do amor, tinham-se dado rendez-vous no jardim publico.
Passeiaram algum tempo na grande avenida, depois afastaram-se ao longo das muralhas que conduzem ás portas de Paris.
Entregues ao seus sonhos de amor, não notaram que eram seguidos.
O pai da menina ha muito que vinha atraz de ambos.
Era um homem muito conhecido e muito digno e que, com razão ou sem ella, estava persuadido de que sua filha tinha sido seduzida.
Chegados ao jardim do Regimento, subiram ambos ao parapeito para ver o que se passava, por terem ouvido um certo ruido suspeito.
Foi então que o sr. M.C., que estava armado de um rewolver, apontou-o contra o rapaz e desfechou.
A povre menina, que viu o gesto do pai, mette-se entre o seu amante e o pai, recebendo ella na face a bala e cahindo logo morta.
O pobre rapaz, ao ver sua namorada n'aquelle estado, deita-se da muralha sobre o fosso, conseguindo-se com custo ainda tiral-o vivo.
As dua familias ficaram assás consternadas.
A Federação, Orgam do Partido Republicano. Porto Alegre, 3 mar 1884, Anno I.
sábado, 26 de setembro de 2015
domingo, 23 de agosto de 2015
Adolph Freiherr Knigge
By Peter Nitzsche für das Bundesministerium der Finanzen und die Deutsche Post AG (Deutsche Post AG) [Public domain], via Wikimedia Commons |
(German Post AG) [domínio público], via Wikimedia Commons
Sobre fazer história
Trecho do prefácio da edição de 1908. |
sexta-feira, 21 de agosto de 2015
1920
Um policial encontrou ante-hontem, á tarde, numa barca da Cantareira, em viagem para esta cidade, uma valise contendo várias peças de roupa branca para senhora, 5 amuletos, 1 baralho de cartomante, 1 caderninho de notas, 1 "pince-nez" com aros de ouro, 1 grampo de tartaruga, grampos pretos, 1 escova de dentes, 1 medalha de prata, 1 atacador, 1 par de meias pretas, 1 nota de 2$000 e 1 cartão de visita pertencente a D. Maria Diniz Bezerra, residente á rua S. José n. 169, no Fonseca.
A valise ficou depositada no gabinete do Chefe de agentes, na Policia Central, onde póde ser procurada.
Fonte: O Fluminense. Rio de Janeiro, Nyctheroy, 2 jul 1920, n. 11.356, Anno 43.
Tipos Documentais
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Arquivo de Lysia,
Arquivos Pessoais,
Arquivos Privados,
Tipos Documentais
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
1924
O representante do fascio de S.
Paulo recebido por Mussolini
Communicam de Roma que o presidente
Mussolini recebeu em audiencia o representante do Fascio de São Paulo, que lhe
fez entrega do riquíssimo album offerecido pelos italianos domiciliados no
Brasil como homenagem da administração e devotamento ao Duce.
O album, coberto por
milhares de assinaturas, abre com uma formosa dedicatoria em que se declara que
nos corações dos italianos emigrados voluntarios no Brasil não se desvanecerà a
confiança nos altos destinos da pátria, que contemplam de longe cheios de
orgulho e saudade e enviam a Musolini: com a presente saudação os protestos de
sua fé renovada na 4ª Italia Redenta.
Musolini mostrou-se profundamente
commovido pela homenagem dos seus irmãos do ultramar, a quem enviou a dupla e
fervorosa saudação do chefe do governo e do chefe fascista.
Fonte: O Brasil: órgão do Partido Republicano. Caxias do Sul, 2 fev 1924,
n. 5, Ano XII.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Hoje
sábado, 15 de agosto de 2015
domingo, 2 de agosto de 2015
sexta-feira, 31 de julho de 2015
sexta-feira, 3 de julho de 2015
Cidades
domingo, 7 de junho de 2015
Lettre
La lettre, document de l’absence, ne
nous renvoie, déformé par l’alchimie
de la séparation, qu’un reflet de ce
que n’est pas, de ce que l’on ne peut
vivre. Elle est ce qui a été, ce qui n’est
plus, mirroir de sentiments exaspérés,
edulcurés, de mots d’attente
conventionnels que l’on se doit dire à
l’autrre pour s’apaiser soi-même quand il
n’est plus là.
Marie-Claire Grassi
Marie-Claire Grassi
quarta-feira, 13 de maio de 2015
Lettres à Louise Colet
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d1/Louise_Colet.jpg |
"J’éprouve pour
toi um mélange d’amitié, d’attrait, d’estime, d’attendrissement de coeur et
d’entraînement de sens qui fait um tout complexe, dont jê ne sais pas le nom
mas qui me paraît solide."
FLAUBERT, Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 21.
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Cartas de Amor,
Flaubert,
Louise Colet
sexta-feira, 8 de maio de 2015
Cartas
"Ce qui me semble beau, ce que je voudrais faire, c'est un livre sur rien, un livre sans attache extérieure, qui se tiendrait de lui-même par la force interne de son style, comme la terre sans être soutenue se tient en l'air, un livre qui n'aurait presque pas de sujet ou du moins où le sujet serait presque invisible si cela se peut" (Flaubert, Carta a Louise Colet de 16/01/1852).
quarta-feira, 15 de abril de 2015
At 800 and aging well, the Magna Carta is still a big draw
The British Library is now showing the original manuscript of the Magna Carta, issued by King John in 1215 - more than 500 years before the US Declaration of Independence and the Bill of Rights. This exhibit, "Magna Carta: Law, Liberty, Legacy," is all part of an effort to show how the English document shaped today's world. The British Library is displaying two original copies of the Magna Carta. The text- translated into modern English from the original Latin reads: "No free man shall be arrested or imprisoned save by the lawful judgment of their equals or by the law of the land. To no one will we sell, to no one will we deny or delay right or justice. In 1215, it was revolutionary for a king to say that not even he was above the law. Of course, King John did not actually want to issue this document. He was at war with English barons; they gave him no choice. Then the king went behind their backs and secretly wrote a letter to Pope Innocent III, saying, "I have been forced to sign this awful thing! What people often don't realize is that Magna Carta itself was only valid for 10 weeks. The pope responded with a letter known as a "papal bull," which is also on display. The pope says, 'I declare the charter to be null and void of all validity forever. And yet the document became the foundation of the modern judicial system.
Fonte: Migalhas International, Abril 15, 2015 nº 1616 - Vol. 11
A Biblioteca Britânica exibe agora o manuscrito original da
Carta Magna promulgada por D. João em 1215, mais de 500 anos antes da
Declaração de Independência os EUA e o Bill of Rights. Ela exibe o título de "Magna
Carta: Law, Liberty, Legacy", tudo é parte de um esforço para mostrar como
o documento Inglês conforma o mundo de hoje. A Biblioteca Britânica está
exibindo dois exemplares originais da Magna Carta. No texto-traduzido para o
Inglês moderno do latim original lê-se: "Nenhum homem livre será detido ou
preso, salvo pelo julgamento legal de seus pares ou pela lei da terra. A ninguém
venderemos, a ninguém negaremos ou retardaremos o direito ou a justiça. Em
1215 era algo revolucionário para um rei afirmar que nem mesmo ele estava acima
da lei. É claro, o Rei John realmente não desejava promulgar tal documento. Ele
estava em guerra com os barões ingleses, e não teve escolha. Secretamente, porém,
escreveu uma carta ao Papa Inocêncio III, dizendo: “Eu fui forçado a assinar
essa coisa horrível!” ― O que muitas vezes as pessoas não percebem é que a
própria Carta Magna foi válida apenas durante 10 semanas. O papa respondeu com
uma carta conhecida como a "bula papal", que também está em
exibição. Diz o Papa: "Eu declaro a
Carta deve ser nula e sem efeito de toda validade para sempre”. ― O documento,
mesmo assim, tornou-se a base do sistema judicial moderno.
domingo, 5 de abril de 2015
Falar, escrever, ler...
Bilhetes que integram o arquivo de Lysia. |
Speaking, writing, reading, and recordkeeping
are all part of the most fundamental human activities. This has been the case
for a few thousand years, and it continues to be the case even in the digital
era, where the characteristics of the activities are changing rapidly (COX, J.
Richard. Personal archives and a new achival calling: Redings, reflections and
ruminations. Duluth, Minnesota: Litwin Books, LLC, 2008, p. X).
domingo, 15 de março de 2015
quinta-feira, 5 de março de 2015
Minha Querida Lysia
Publicação 2015
Trecho de uma das cartas de Maria. |
Minha Querida Lysia
TOMASINI, Maristela Bleggi. Minha Querida Lysia. In: FREITAS, Talitta Tatiane Martins. (Org.). Anais do VII Simpósio Nacional de História Cultural: Escrita, circulação, leituras e recepções, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. ISBN: 978-85-67476-12-4
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Minha Querida Lysia,
VII Simpósio Nacional de História Cultural
terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
Publicidade
"Mas não é um favor, objetam nossos filósofos, evocar as
forças profundas (fosse para reintegrá-las no sistema tão pobre de garantias)?
“Libertem-se da censura! Frustrem seus superegos! Tenham a coragem de seus
desejos!” Logo, solicitem-se verdadeiramente essas forças profundas para
permitir-lhes que se articulem em uma linguagem? Esse sistema de significações
permite levar a um sentido, e a qual sentido, zonas até aqui ocultas da pessoa?
Ouçamos agora Martineau: “É naturalmente preferível utilizar termos aceitáveis,
estereotipados: é a própria essência da metáfora (!)... Se eu peço um cigarro
‘suave’ ou um ‘belo’ carro, ― ainda que incapaz de definir literalmente tais
atributos ―, sei que eles indicam alguma coisa de desejável. O motorista mediano
não sabe o que é o octano em sua gasolina, mas ele sabe vagamente que é alguma
coisa favorável. Assim, pede gasolina com alto índice de octanagem, porque é
esta qualidade favorável e essencial que ele reclama em um jargão ininteligível”
(p. 142). Em outras palavras, o discurso publicitário não faz senão suscitar o
desejo para generalizá-lo nos termos mais vagos. As “forças profundas”,
reduzidas a sua mais simples expressão, são indexadas sobre um código
institucional de conotações e de “escolhas” não podem, no fundo, senão
chancelar o conluio entre esta ordem moral
e minhas veleidades profundas: tal é a alquimia da “garantia psicológica”[1].
Essa evocação estereotipada das “forças profundas” equivale
muito simplesmente a uma censura. Essa
ideologia da realização pessoal, o ilogismo triunfante das pulsões
desculpabilizadas, é, de fato, um gigantesco empreendimento de materialização
do superego. Aquilo que é “personalizado”
no objeto é, primeiro, uma censura. Os filósofos do consumo costumam falar
de “forças profundas” como de possibilidades imediatas de felicidade que é o
bastante liberar. Todo inconsciente é conflitante e, na medida em que a
publicidade o mobiliza, ela o mobiliza como conflito. Ela não libera as
pulsões, ela, antes, mobiliza os fantasmas que bloqueiam essas pulsões. Daí a
ambiguidade do objeto, daí a pessoa jamais se superar, podendo apenas
recolher-se contraditoriamente: nos desejos e nas forças que o censuram.
Encontramos aí um esquema global de gratificação/frustração analisada mais acima:
o objeto veicula sempre, sob uma resolução formal de tensões, sob uma regressão
nunca exitosa, a recondução perpétua dos conflitos. Estaria aí talvez uma
definição da forma específica da alienação contemporânea: os próprios conflitos
interiores, as “forças profundas” são mobilizadas como o é a força de trabalho
nos processos de produção.
Nada mudou, ou antes, se : as restrições à realização
pessoal não se exercem mais através de leis repressivas, de normas de
obediência : a censura se exerce através das condutas “livres” (compra,
escolha, consumo), através de um investimento espontâneo, ela se interioriza de
qualquer sorte no próprio gozo."
BAUDRILLARD, Jean. Le sistème des objets. Paris: Gallimard, 1968, p. 269-270.
[1] De
fato, é fazer muita honra à publicidade compará-la a uma magia: o léxico nominalista dos alquimistas tem, ele, algo de uma
verdadeira linguagem, estruturada por uma práxis de procura e de decifração. O
nominalismo da “marca”, ele, é puramente imanente e fixado pelo imperativo
econômico.
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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
A Cidade
'Mas a «cidade de cultura» em breve se expande. Desdobra-se em arrabaldes que, pouco a pouco, vão absorvendo os meios rurais circundantes. A relação com a natureza deixa de ser dialéctica para passar a ser esterilizante. O mundo rural é esvaziado, sem que tenha tempo de se renovar. Paralelamente, a gestão da cidade torna-se cada vez mais pesada e burocrática. Formas geométricas e cristalizadas substituem-se às formas orgânicas. O anonimato é a regra, encontrando-se o indivíduo desprovido de meios para se situar, de forma perdurável, em relação ao seu próprio meio. É assim que surge a «cidade mundial», submetida, segundo as épocas, ao poder dos tecnocratas ou dos funcionários imperiais. A sua aparição, diz-nos Spengler, corresponde ao estádio da «petrificação» das culturas. «Estas cidades gigantescas e pouco numerosas», escreve, «banem e matam, em todas as civilizaçãos, sob o conceito de província, e por inteiro, a paisagem que foi a mãe da sua cultura (...). Elas transformam-se na história petrificada de um organismo».'
BENOIST, Alain de. A Cidade in "Nova Direita Nova Cultura – Antologia crítica das ideias contemporâneas", Lisboa, Fernando Ribeiro de Mello/Edições Afrodite, 1981.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Cartão Fúnebre
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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Etiqueta
"E não confundamos educação com etiqueta, pois a etiqueta pode não ser originada por esse perfeito sentimento, como impulso instantâneo, mas imposta por conveniências mercantis. A etiqueta, nestes casos, é o instrumento do disfarce, a dissimulação aplicada, e a arma da hipocrisia".
domingo, 8 de fevereiro de 2015
A PANÓPTICA
As sociedades ocidentais da
atualidade dispõem de meios de vigilância e de controle com os quais os antigos
regimes totalitários teriam apenas sonhado. E atualmente eles são empregados
cada dia um pouco mais. A essa vigilância soma-se o “politicamente correto”,
que procura normatizar a opinião pelo emprego de palavras impostas a todos, ao
estilo do “pensamento único”. Substitui-se o debate pelo sermão, de um
higienismo invasivo, que visa modelar comportamentos em nome do bem, conformando
preferências e dileções. Isso vai diretamente de encontro à liberdade de
expressão, à propaganda, enfim, que se denomina hoje publicidade.
A segurança tornou-se, nos
últimos anos, uma preocupação política essencial. Satisfazer a esta preocupação
sem atingir as liberdades é um problema que não vem de ontem. No seio das
“sociedade do risco”, a insegurança real ou presumida engendra um clima de
incerteza e de medo apropriado a fazer nascer todos os fantasmas. O aparelho
securitário faz uso desse clima para colocar a sociedade sob controle. Os
totalitarismos clássicos desaparecem. São assim outras lógicas, mais sutis, de
servidão e de dominação que aparecem. Elas tomam a forma de uma engrenagem
complexa de proibições e de regulamentações que se legitimam pelas ameaças
onipresentes. Os pretextos são sempre excelentes: trata-se de lutar contra a
delinquência, de vigiar nossa saúde, de aumentar a segurança, de melhor
controlar a imigração ilegal, de proteger a juventude, de lutar contra a
“cybercriminalidade”, etc. A experiência mostra, porém, que as medidas adotadas
no início apenas em relação a um pequeno número são a seguir sempre estendidas
ao conjunto dos cidadãos. Uma vez o princípio admitido, resta apenas
generalizá-lo.
“Desde alguns anos, tentam ―
escreve o filósofo Giorgio Agambem ―, nos convencer a aceitar como dimensões humanas
e normais de nossa existência práticas de controle que sempre foram
consideradas como excepcionais e propriamente desumanas”. O problema é que,
para se assegurarem de sua segurança, os homens têm, em todos os tempos, se
mostrado prontos a abandonar suas liberdades. A “luta contra o terrorismo” é,
desse ponto de vista, exemplar. Ela permite instaurar, em escala planetária, um
estado de exceção permanente. Nos Estados Unidos, os atentados de setembro de
2001 tiveram como consequência direta enormes restrições das liberdades
públicas. Esse modelo está a caminho de se generalizar. Do fato de sua
onipresença virtual, o terrorismo provoca medos eminentemente rentáveis e
exploráveis. Contra o inimigo invisível, a mobilização só pode ser total, pois
em tais circunstâncias todos são infalivelmente suspeitos. A luta contra o
terrorismo permite aos poderes públicos que se imponham frente à sua própria
sociedade civil, tanto quanto frente aos seus inimigos designados. Além dessa
realidade imediata, o terrorismo pode assim se definir como fenômeno gerador de
um terror convertível em capital político, que aproveita menos aos seus autores
do que àqueles que dele se servem como repositório, para condicionar e
amordaçar seus próprios cidadãos.
Hostis a toda opacidade social,
as democracias liberais se dão um ideal de “transparência” que só pode se
realizar pelo esquadrinhamento social. A
sociedade transforma-se então em um bunker
protegido por distintivos, códigos de acesso, câmeras de vigilância. A
multiplicação de espaços privativos, sempre com a finalidade de segurança, subtrai
tais espaços ao fluxo social e termina por fazer desaparecer a própria noção de
espaço comum, que é aquela da cidadania. Assim se dá lugar a uma Panóptica, de
outro modo mais temível do que aquela prevista por Jeremy Bentham, mas cuja
função é a mesma: tudo ver, tudo entender, tudo controlar. No interior de uma
sociedade de assistência generalizada, ― na qual os problemas sociais dependem
apenas da “célula de assistência psicológica” e onde a obsessão ingênua do
“diálogo” dá a entender que, pela discussão, tudo é negociável e pode encontrar
uma solução ―, a conformidade ou “monocromia” (Xavier Raufer) se faz do mesmo
jeito que se opera, em informática, a formatação de um disco rígido, de maneira
que aceite apenas uma única categoria de softwares ou de programas.
Compreende-se melhor, a partir daí, que a ideologia dominante fale mais
naturalmente de direitos que de liberdades, pois a instauração de um novo
direito se complementa, inevitavelmente, de um controle ilimitado de sua
aplicação.
A figura que a sociedade de
mercado procura promover é aquela do eterno adolescente refém de uma permanente
adição ao consumo: a mercadoria como droga. Economia compulsiva, onde a energia
é convertida em pura agitação, em simples capacidade de se distrair. Essa
distração, no sentido pascaliano da palavra, aproxima-se de uma diversão. Ela
desvia do essencial e contribui assim para um desapossamento de si. Provocar
medo de um lado, divertir de outro, ou seja, desviar-se do essencial, impedir
que se possa refletir, dar prova de espírito crítico. Tudo fazer para que as
pessoas produzam e consumam, sem se interrogar sobre algo além de suas preocupações
e desejos imediatos, sem jamais se engajarem em um projeto coletivo que as
possa tornar mais autônomas. A sociedade assim docilizada se torna essa “tropa
de animais tímidos e industriosos” dos quais falava Tocqueville. Eis o ideal da
criação de aves em confinamento.
O fato mais marcante é a
correlação que se observa entre a perda de autoridade e a obsolescência
política do Estado-nação e o reforço de seu aparelho repressivo. Então, mesmo
quando se distancia cada vez mais do domínio econômico e social, o Estado
legifera e controla mais e mais seus cidadãos. A vantagem para ele é que, em
matéria de segurança, não tem obrigação de resultado. Melhor ainda: seu
interesse é de não obtê-lo, porque assim pode justificar a perenização de suas
políticas de controle e de segurança. “Não se reelege um governo promotor da
segurança total porque ele teria conseguido reduzir a insegurança. Ele é
reeleito porque a insegurança persiste” (Percy Kemp). O verdadeiro objetivo não
é, pois, tanto o de suprimir a insegurança, que é dádiva para aqueles que dela
se aproveitam, mas o de mantê-la, de modo a tornar possível a manutenção de uma
vigilância cada vez mais generalizada.
Trata-se, afinal e contas, de
criar um caos latente que, sem ultrapassar certo patamar, seja suficiente para
inibir qualquer tentativa de reação coletiva. A mesma tática foi observada no
passado contra as “classes perigosas”, com o objetivo inconfessável de eliminar
os desviantes, os portadores de uma palavra discordante. Hoje, são os próprios
povos que, aos olhos da Forma-Capital e das oligarquias reinantes são
globalmente transformadas em “classe perigosa”. É aos povos que é preciso
domesticar. Para impedi-los de elaborar projetos coletivos de emancipação e de
autonomia, é bastante inspirar-lhes medo. É para isso que serve a Panóptica.
“Quando não existe o martírio físico, dizia Péguy, são as almas que não
conseguem mais respirar”.
Robert de Herte, L'Panoptique. Éléments n°117, 2005, disponível em
http://grece-fr.com/?p=3788
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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
sábado, 17 de janeiro de 2015
Fernando Pessoa
Estou num daqueles dias em que nunca tive futuro.
Há só um presente imóvel com um muro de angústia em torno. A margem de lá do
rio nunca, enquanto é a de lá, é a de cá, e é esta a razão intima de todo o meu
sofrimento. Há barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer, nem
há desembarque onde se esqueça. Tudo isto aconteceu há muito tempo, mas a minha
mágoa é mais antiga.
Em dias da alma como hoje eu sinto bem, em toda a
consciência do meu corpo, que sou a criança triste em quem a vida bateu. Puseram-me
a um canto de onde se ouve brincar. Sinto nas mãos o brinquedo partido que me
deram por uma ironia de lata. Hoje, dia catorze de Março, às nove horas e dez
da noite, a minha vida sabe a valer isto.
No jardim que entrevejo pelas janelas caladas do
meu sequestro, atiraram com todos os balouços para cima dos ramos de onde
pendem; estão enrolados muito alto, e assim nem a ideia de mim fugido pode, na
minha imaginação, ter balouços para esquecer a hora.
Pouco mais ou menos isto, mas sem estilo, é o meu
estado de alma neste momento. Como à veladora do «Marinheiro» ardem-me os
olhos, de ter pensado em chorar. Dói-me a vida aos poucos, a goles, por
interstícios. Tudo isto está impresso em tipo muito pequeno num livro com a
brochura a descoser-se.
Se eu não estivesse escrevendo a você, teria que
lhe jurar que esta carta é sincera, e que as cousas de nexo histérico que aí
vão saíram espontâneas do que sinto. Mas você sentirá bem que esta tragédia
irrepresentável é de uma realidade de cabide ou de chávena — cheia de aqui e de
agora, e passando-se na minha alma como o verde nas folhas.
Foi por isto que o Príncipe não reinou. Esta frase
é inteiramente absurda. Mas neste momento sinto que as frases absurdas dão uma
grande vontade de chorar. Pode ser que se não deitar hoje esta carta no correio
amanhã, relendo-a, me demore a copiá-la à máquina, para inserir frases e
esgares dela no «Livro do Desassossego». Mas isso nada roubará à sinceridade
com que a escrevo, nem à dolorosa inevitabilidade com que a sinto.
Fernando Pessoa, in 'Carta a Mário de Sá-Carneiro
(1915) '
Fonte: Citador
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
quinta-feira, 15 de janeiro de 2015
Sensibilidades
“Dicotomias eloquentes: o corpo físico é um
mundo cego, um receptáculo, enquanto os territórios íntimos da alma são a presa
da emoção, do movimento”
LOTTERIE, Florence. Littérature et sensibilité. Paris: Ellipses, 1998, p 15.
LOTTERIE, Florence. Littérature et sensibilité. Paris: Ellipses, 1998, p 15.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
No Museu Júlio de Castilhos
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Sobre o amor
Cartão de felicitações de Francisco para Maria. Documento de 03 de novembro de 1924. |
Assim como dois contrários em grau
intenso não podem estar juntos em um sujeito; assim no mesmo coração não podem
caber dois amores, porque o amor que não é intenso, não é amor. Ora grande
coisa deve ser o amor, pois sendo assim, que não bastam a encher o coração mil
mundos, não cabem em um coração dois amores (VIEIRA, 1939, p. 237).
VIEIRA, Antônio. Sermões e Lugares Selectos. Bosquejos histórico-literários, selecção,
notas e índices remissivos, por Mário Gonçalves Viana. Porto: Ed. Educação
Nacional, 1939.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
Informação
Seguramente, um envelope que passou pelos correios nos fornece um indício seguro de sua origem. Torna-se verossímil, confiável e - por que não? - histórico.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2015
sábado, 3 de janeiro de 2015
Percursos Devocionais
Será possível desvendar os caminhos concretos fixados no mundo sensível por obra da fé, que ora apazígua, ora atormenta as almas? Haveria um método que, bem empregado, nos propiciasse um retrato de como a devoção participa ativamente na formação de grupos sociais, de como ela aproxima pessoas, de como se torna um fator de socialização, fomentando a construção de templos que, uma vez erigidos, dão lugar a uma rotina de cultos a que se somam escolas e comércio de bens e serviços? Como fazer para descobrir esses caminhos, quem os percorre e por que e como o faz. Qual o significado de tantas capelas muitas vezes escondidas, não raro abandonadas, quase esquecidas ao longo de estradas e ruas de tantas pequenas cidades? E o que elas nos contam sobre essa arte que é sacra, que uma estética simplória, sofrida e torturada construiu, e cujos vestígios podemos documentar?
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