"Fabricação das figuras do eu.
Escrever um texto
autobiográfico, redigir um jornal, é, antes de tudo, construir uma
subjetividade, figuras do “si” — e, partindo do “eu”, do “si” em relação a
outrem. Os rascunhos, os materiais de origem são o lugar por excelência onde o
pesquisador pode observar os processos e as modalidades de fabricação do
sujeito no espelho da escrita — a memória não sendo necessariamente sinônimo de
exatidão: experimentações, tentativas, processos de controle, modulações
referenciais, transações com a linguagem e suas limitações. A construção de uma
postura, a escolha de um dispositivo enunciativo pode ser também função do ato
de leitura, da colocação em perspectiva de um leitor, fosse ele, em um primeiro
tempo, o próprio autor. À atividade escritural propriamente acrescenta-se o
jogo das informações para e peritextuais que por vezes garantem aí sozinhas a
leitura autobiográfica." (VIOLLET, p. 42)
Viollet C., « Petite cosmogonie des écrits autobiographiques. Genèse et écritures de soi », Genesis,
manuscrits, recherche, invention, n°16, 2001, p.37-53.
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