sábado, 25 de janeiro de 2020

Figuras do eu


"Fabricação das figuras do eu.
Escrever um texto autobiográfico, redigir um jornal, é, antes de tudo, construir uma subjetividade, figuras do “si” — e, partindo do “eu”, do “si” em relação a outrem. Os rascunhos, os materiais de origem são o lugar por excelência onde o pesquisador pode observar os processos e as modalidades de fabricação do sujeito no espelho da escrita — a memória não sendo necessariamente sinônimo de exatidão: experimentações, tentativas, processos de controle, modulações referenciais, transações com a linguagem e suas limitações. A construção de uma postura, a escolha de um dispositivo enunciativo pode ser também função do ato de leitura, da colocação em perspectiva de um leitor, fosse ele, em um primeiro tempo, o próprio autor. À atividade escritural propriamente acrescenta-se o jogo das informações para e peritextuais que por vezes garantem aí sozinhas a leitura autobiográfica." (VIOLLET, p. 42)

Viollet C., « Petite cosmogonie des écrits autobiographiques. Genèse et écritures de soi », Genesis, manuscrits, recherche, invention, n°16, 2001, p.37-53.

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