A luta ideológica faz hoje parte da “Guerra cultural”?
Karl Marx não errou ao dizer que a ideologia dominante é sempre a ideologia da classe dominante. Enquanto ela for dominante, impregna os espíritos sem que estes se deem conta disso (vê-se mal a ideologia quando se nos identificamos com ela), tornando-os sempre mais conformes, sempre mais dispostos a admitir exigências apresentadas como tão “evidentes” quanto “insuperáveis”, o que reforça sua legitimidade. No século XIX, ela fazia assim aparecer o proveito como a remuneração natural do capital, enquanto ele é, antes, o produto do trabalho. A ideologia dominante é hoje a ideologia do mercado, fundada sobre a ideologia econômica, sobre a ideologia dos direitos do homem e sobre a ideologia do progresso. A classe dominante é a Nova classe mundializada.
Mas toda sociedade é um “campo ideológico”, como escrevia Louis Althuser, para o qual os aparelhos produtores da ideologia dominante colidem com outras ideologias que os contestam. É a relação de força entre essas diferentes ideologias que define o espírito do tempo e deixa prever suas transformações. “Não existe nada no mundo tão poderoso quanto uma ideia da qual é chegada a hora”, dizia Victor Hugo.
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