Não
são apenas os diversos sexos, são as diferentes idades da vida que disputam
entre si a preeminência. Esta luta incessante não se resolve sempre nem em toda
parte da mesma maneira; suas soluções sucessivas não se seguem sempre e em todo
lugar na mesma ordem. Eu admiro aqueles que pretendem regrar de antemão a sorte
desses combates. Ora, ― e este é o caso
ordinário ―, o sexo masculino domina; ora, raramente, o sexo feminino; mas a
subordinação deste último é mais ou menos completa e varia muito, num sentido
ou noutro, segundo as ideias e as paixões dominantes no curso da
civilização. Do mesmo modo, ora a idade
madura, ora a juventude, ora a velhice tem o governo dos negócios. Pode-se dizer que a gerontocracia é muito
freqüente entre os povos primitivos, sem todavia ser constante, que a
efebocracia é exceção, e que o reino dos homens maduros, no vigor da idade, ― o que se poderia chamar antropocracia ―, é o regime normal, o que não quer dizer
habitual. Não houve jamais uma sociedade
em que as crianças comandassem como senhores?
Por uns tempos, é possível. Mas
se esta singularidade houvesse existido, seria fundamento para pretender que a
pedocracia é uma fase necessária da evolução social, um dos anéis dessa longa
corrente? Eu não vejo mais razão para
atribuir esta mesma importância ao matriarcado, à ginecocracia.
Gabriel Tarde (As Transformações do Direito)
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