quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sobre Identidade

A identidade do ponto de vista individual é uma polêmica da atualidade, algo inerente ao mundo moderno. Interessa à Antropologia, como à Sociologia e as Ciências Psicológicas, mas não importava muito nas sociedades tradicionais, onde não foi objeto de pensamento conceitual, pois se limitava à sensação de pertinência a determinado grupo ou família, fazendo-se deduzir a partir das atribuições inerentes à pessoa quando seu nascimento e, mais tarde, conforme sua atuação junto à comunidade. Subjetivamente, organiza-se a identidade ao redor de um sentimento de ser que os gregos representaram miticamente. Enfim, a realização do sujeito estaria em procurar estar conforme a ordem das coisas. Numa sociedade na qual exista uma ordem pré-fixada, a identidade não se constitui num problema. Na Idade Média, por exemplo, prevalecia o valor lealdade; sendo assim, a questão colocava-se quanto a quem ser leal, a identidade decorrendo diretamente dessa submissão.
A sociedade assim constituída de segmentos imbricados uns nos outros, permanecendo, contudo, distintos uns dos outros, tem nessa limitação também uma limitação à hostilidade que só irá desencadear-se quando o Estado-Nação começar a fazer-se presente homogeneizando toda essa diversidade. Assim é que o questionamento afeito a responder o que é identidade opera-se, em parte, como reação à dissolução dos liames sociais pela modernidade e, de outra, com o desenvolvimento da noção de pessoa no Ocidente, noção esta nascida no século XVIII para conferir a alguém uma liberdade individual independente das antigas pertinências, daí resultando estreita ligação entre a identidade pessoal e o individualismo.
Referência Bibliográfica
BENOIST, Alain, ENTRE RECONNAISSANCE ET DESYMBOLISATION:LE STATUT DE L’IDENTITE DANS L’HISTOIRE OCCIDENTALE, resumo de uma conferência pronunciada em Nápolis.