São estes os objetos que Violette Morin chama de objetos biográficos, pois envelhecem com o possuidor e se incorporam à sua vida: o relógio da família, o álbum de fotografias, a medalha do esportista, a máscara do etnólogo, o mapa-múndi do viajante... Cada um desses objetos representa uma experiência vivida, uma aventura afetiva do morador. Diferentes são os ambientes arrumados para patentear status, como um décor de teatro: há objetos que a moda valoriza, mas não se enraízam nos interiores ou têm garantia por um ano, não envelhecem com o dono, apenas se deterioram. Só o objeto biográfico é insubstituível: as coisas que envelhecem conosco nos dão a pacífica sensação de continuidade. Reconhece Machado de Assis: “Não, não, a minha memória não é boa. É comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras, nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição” Não só em nossa sociedade dividimos as coisas em objetos de consumo e relíquias de família. Mauss encontra essa distinção em muitos povos: tanto entre os romanos como entre os povos de Samoa, Trobriand e os indígenas norte-americanos. Há talismãs, cobertas de pele e cobres blasonados, tecidos armoriais que se transmitem solenemente como as mulheres no casamento, os privilégios, os nomes às crianças. Essas propriedades são sagradas, não se vendem nem são cedidas, e a família jamais se desfaria delas a não ser com grande desgosto. O conjunto dessas coisas em todas as tribos é sempre de natureza espiritual. Cada uma dessas coisas tem nome: os tecidos bordados com faces, olhos, figuras animais e humanas, as casas, as paredes decoradas.Tudo fala, o teto, o fogo, as esculturas, as pinturas.BOSI, Eclea, excerto do capítulo 1 – “A substância social da memória” – “Sob o signo de Benjamin” [Walter Benjamin], do livro O tempo vivo da memória: ensaios de Psicologia Social (São Paulo: Ateliê Editorial, 2003).
Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, com estágio concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
domingo, 25 de dezembro de 2011
As Rebeliões do Efêmero
“Além disso, as mobilizações contemporâneas se fazem com as novas tecnologias de informação, nas quais tudo se passa “aqui e agora”. Essa temporalidade é a do efêmero, mas em sentido pós-moderno, uma vez que ele se reduz ao episódico, compensado pela visibilidade promovida pelas mídias. Sua lógica é a do espetáculo que não se vincula a qualquer fundamentação teórica, adquirindo a forma do “evento”. No passado, a vida se organizava no tempo longo e nos laços duradouros, cuja “metafísica” subjacente dizia respeito à percepção da impermanência de tudo, da lei do efêmero, da vanidade das coisas e da grandeza do instante. As manifestações públicas e ocasionais contemporâneas se constituem no âmbito de um vazio ideológico e no quadro do antiintelectualismo do mundo moderno, o que se expressa na pseudoparticipação popular
e em governos que se fazem através das mídias, pela televisão e pela propaganda.”
MATOS, Olgária Chain Feres, As Rebeliões do Efêmero, publicado em O E. de São Paulo, edição de domingo, 25 de dezembro de 2011, caderno aliás, travessia 2011/2012 J5.
e em governos que se fazem através das mídias, pela televisão e pela propaganda.”
MATOS, Olgária Chain Feres, As Rebeliões do Efêmero, publicado em O E. de São Paulo, edição de domingo, 25 de dezembro de 2011, caderno aliás, travessia 2011/2012 J5.
sábado, 24 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
MWM Construindo a Inclusão Social
O texto agora disponível neste blog consiste em um breve relato da visita guiada realizada em 26 de setembro de 2011 à MWM International, empresa que possui sede no município de Canoas/RS, com a finalidade de tomar contato com o plano de inclusão social no trabalho voltado a pessoas portadoras de necessidades especiais, notadamente de ordem mental, procurando ressaltar os aspectos mais contundentes do desdobramento desse plano de ação, segundo seus gestores no âmbito do departamento de recursos humanos da empresa.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Creative Commons
Creative Commons é, resumidamente, uma licença padronizada, com atribuição automática, a partir da qual todo criador de conteúdos culturais pode conceder permissão para que terceiros façam uso total ou parcial do material publicado, inclusive operando modificações na obra, desde que o nome do autor seja citado, para preservação de seu direito autoral. Ou seja: todos podem reutilizar, transformar partes de seu trabalho e usá-lo para qualquer fim, salvo propaganda. Copiar e distribuir a obra inteira também é proibido. Importante é nunca deixar de atribuir a autoria a quem criou o vídeo, fez as fotos, pintou o quadro ou escreveu o texto, por exemplo. Só podem ser licenciados conteúdos originais, outros materiais utilizados a partir de obras já licenciadas e também conteúdos que já se encontrem em domínio público. Liberei hoje todo o material de meu blog IMAGENS IMAGINADAS, que exibe fotografias e pequenos textos relacionados às fotos.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Sobre Identidade
A identidade do ponto de vista individual é uma polêmica da atualidade, algo inerente ao mundo moderno. Interessa à Antropologia, como à Sociologia e as Ciências Psicológicas, mas não importava muito nas sociedades tradicionais, onde não foi objeto de pensamento conceitual, pois se limitava à sensação de pertinência a determinado grupo ou família, fazendo-se deduzir a partir das atribuições inerentes à pessoa quando seu nascimento e, mais tarde, conforme sua atuação junto à comunidade. Subjetivamente, organiza-se a identidade ao redor de um sentimento de ser que os gregos representaram miticamente. Enfim, a realização do sujeito estaria em procurar estar conforme a ordem das coisas. Numa sociedade na qual exista uma ordem pré-fixada, a identidade não se constitui num problema. Na Idade Média, por exemplo, prevalecia o valor lealdade; sendo assim, a questão colocava-se quanto a quem ser leal, a identidade decorrendo diretamente dessa submissão.
A sociedade assim constituída de segmentos imbricados uns nos outros, permanecendo, contudo, distintos uns dos outros, tem nessa limitação também uma limitação à hostilidade que só irá desencadear-se quando o Estado-Nação começar a fazer-se presente homogeneizando toda essa diversidade. Assim é que o questionamento afeito a responder o que é identidade opera-se, em parte, como reação à dissolução dos liames sociais pela modernidade e, de outra, com o desenvolvimento da noção de pessoa no Ocidente, noção esta nascida no século XVIII para conferir a alguém uma liberdade individual independente das antigas pertinências, daí resultando estreita ligação entre a identidade pessoal e o individualismo.
Referência Bibliográfica
BENOIST, Alain, ENTRE RECONNAISSANCE ET DESYMBOLISATION:LE STATUT DE L’IDENTITE DANS L’HISTOIRE OCCIDENTALE, resumo de uma conferência pronunciada em Nápolis.
A sociedade assim constituída de segmentos imbricados uns nos outros, permanecendo, contudo, distintos uns dos outros, tem nessa limitação também uma limitação à hostilidade que só irá desencadear-se quando o Estado-Nação começar a fazer-se presente homogeneizando toda essa diversidade. Assim é que o questionamento afeito a responder o que é identidade opera-se, em parte, como reação à dissolução dos liames sociais pela modernidade e, de outra, com o desenvolvimento da noção de pessoa no Ocidente, noção esta nascida no século XVIII para conferir a alguém uma liberdade individual independente das antigas pertinências, daí resultando estreita ligação entre a identidade pessoal e o individualismo.
Referência Bibliográfica
BENOIST, Alain, ENTRE RECONNAISSANCE ET DESYMBOLISATION:LE STATUT DE L’IDENTITE DANS L’HISTOIRE OCCIDENTALE, resumo de uma conferência pronunciada em Nápolis.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Anima
Na Psicologia Analítica, trabalha-se com a noção de que no inconsciente masculino existem traços de características femininas, respeitando a ligação com o pólo biológico que também traz o gene feminino nos homens, embora em menor quantidade. Estes “traços” serviram de contraponto à consciência, que, no caso, é masculina. Jung denominou o conjunto dessas características femininas na psique masculina de anima, que vem do latim “alma”. É verdadeira a contraposição na psique feminina: o inconsciente das mulheres carrega traços masculinos, cujo “conjunto” foi denominado por Jung de animus.
Anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem ― os humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas nem por isso menos importante, o relacionamento com o inconsciente. Nas suas manifestações individuais o caráter da anima de um homem é, em geral, influenciado por sua mãe. Se o homem sente que sua mãe teve sobre ele uma influencia negativa ― ou então, quando sua mãe torna-se ausente, como no caso de Lima Barreto ― sua anima vai expressar-se, muitas vezes de maneira irritada, depressiva, incerta, insegura e susceptível.
SANTOS, Nádia Maria, Narrativas da loucura e histórias de sensibilidades. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
Anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem ― os humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas nem por isso menos importante, o relacionamento com o inconsciente. Nas suas manifestações individuais o caráter da anima de um homem é, em geral, influenciado por sua mãe. Se o homem sente que sua mãe teve sobre ele uma influencia negativa ― ou então, quando sua mãe torna-se ausente, como no caso de Lima Barreto ― sua anima vai expressar-se, muitas vezes de maneira irritada, depressiva, incerta, insegura e susceptível.
SANTOS, Nádia Maria, Narrativas da loucura e histórias de sensibilidades. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Realismo
O erro do realismo foi acreditar que o real se revela à contemplação e que, em consequência, podia-se fazer dele uma pintura imparcial. Como seria isso possível se a própria percepção já é parcial, se a nomeação, por si só, já é modificação do objeto?
SARTRE, Jean-Paul, Que é a literatura. São Paulo: Ática, 1989, p. 50.
domingo, 27 de novembro de 2011
A Ordem do Tempo
... é característico da ordem temporal ter um sentido, poder ser percorrida em sentido direto e em sentido inverso, o sentido direto sendo sempre o mesmo; é, em uma palavra, implicar numa ordem de anterioridade e de posterioridade que não saberia ser interventiva. Quando eu me represento uma sucessão de imagens no tempo, é-me impossível fazer com que o começo seja o fim e o fim o começo. Dois termos quaisquer tomados desta série são um anterior e outro posterior, e isso para sempre, independente da ordem na qual eu os encontro. Não é, pois, pela posição das imagens que o tempo difere do espaço, mas unicamente pela ideia da necessidade de uma ordem. A ordem do tempo não se impõe como um fato, pois que eu posso percorrê-la num sentido ou noutro; ela se impõe como uma necessidade. O tempo não resulta, pois, de uma ligação de fato entre imagens, mas de um encadeamento necessário de imagens.
ALAIN, Émile Chartier (1899), Sur la mémoire. Une édition électronique réalisée à partir de l’article d’Alain (Émile Chartier) (1899), “ Sur la mémoire ” in Revue de Métaphysique et de Morale, VIIe année, janvier 1899, pp. 26-38, mai 1899, pp. 302-324, septembre 1899, pp. 563-578, Dans le cadre de la collection: "Les classiques des sciences sociales".
ALAIN, Émile Chartier (1899), Sur la mémoire. Une édition électronique réalisée à partir de l’article d’Alain (Émile Chartier) (1899), “ Sur la mémoire ” in Revue de Métaphysique et de Morale, VIIe année, janvier 1899, pp. 26-38, mai 1899, pp. 302-324, septembre 1899, pp. 563-578, Dans le cadre de la collection: "Les classiques des sciences sociales".
sábado, 26 de novembro de 2011
Cartas: desafio metodológico
Debruçar-se assim sobre muitas dezenas de cartas, escritas uma por uma ao longo de anos e anos, e sempre dirigidas a uma mesma mulher, é percorrer as folhas do diário da viagem íntima de uma alma que vai na direção de outra, presa de um encanto que contagia e fustiga a imaginação. É a curiosidade que deseja refazer este cenário, montando o palco onde esse amor foi sentido, como foi visto, de que lembranças foi feito, esboçando assim seus protagonistas, não em sua verdade histórica, mas em sua manifestação existencial. Francisco é um homem feito de palavras e, de suas palavras, extrai-se o osso que dará forma a Maria, esse feminino onde coexistem Santa Teresa e Capitu, universo de contradições e conflitos, onde ponderações entre o querer e o dever atuam como determinantes de um comportamento inserido em contexto tempo e de lugar determinados. Impõe-se desvelar essa sociedade, iluminar os elementos que compõem esse todo a partir da propositura de um método que, sem repudiar a ortodoxia, não coloque em risco os conteúdos humanos, que não devem sofrer coisificação em sua subjetividade profunda, ou seja, aderir à proposta de uma visão sistêmica, não fragmentada, mas integradora de elementos aparentemente desconexos.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Estilo e Ideário
... são duas faces do mesmo corpo, indissociáveis como os dois lados de uma folha de papel: trata-se da forma como são trabalhados os textos e do conjunto de mensagens reflexivas que (eles) comportam. LOPES, Cícero G. Linguagem literária. Palestra proferida em Bento Gonçalves, RS, em 15 de maio de 2011.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Maravilhar-se
O maravilhoso é a face noturna da existência, é o universo do sonho e da magia que procedem ambos a transformações e metamorfoses (a alquimia das coisas e dos seres) que seriam absolutamente impossíveis na vida cotidiana.
LAPLANTINE, François, TRINDADE, Liana, O que é imaginário. São Paulo: Brasiliense, disponível em http://www.portaldetonando.com.br/
domingo, 13 de novembro de 2011
Bens Culturais 3
Bens Culturais Temas Contemporâneos, o terceiro da série, organizado pelas Professoras Nádia Maria Weber Santos e Zilá Bernd, trata de memória e patrimônio. Na fotos, capa e a apresentação da obra, no Santader Cultural, com Prof. Nádia, à esquerda, e três autores Dedé Ribeiro, Ângela Molin e Lucas Costa Roxo. Logo após, houve sessão de autógrafos 57a. Feira do Livro de Porto Alegre no dia 08 do corrente.
sábado, 12 de novembro de 2011
A Cidade não Vista
A 8a. Bienal de Porto Alegre mostra A CIDADE NÃO VISTA, instalação de Tatzu Nishi. Só é preciso subir 80 degraus, escalando os andaimes instalados em frente ao paço municipal e entrar neste quarto, cuja parede ao fundo é parte da fachada do prédio, habilmente incorporada à obra. Eu estive lá, fotografei e conferi.
domingo, 6 de novembro de 2011
Terra dos Homens
Nosso corpo é nosso mar e o nosso mar é nossa vida e nossos peixes mais bonitos, nossas pérolas e tesouros de uns desejos.
O nosso mar é infinito, como o azul do firmamento e as estrela são uns pontos de luz e de olhar como os seres desse mar.
Agora: tudo se acaba e se fecha num limite, como círculos, esferas e elipses dialogando com a lógica das pesquisas científicas. Uma hipérbole. Uma parábola. A metonímia de uns prazeres. O engenho da fita de borracha. O comprimento focal de uma superficie. A imagem virtual. A magnificaçao e os rádios positivos. O que ali repousa aspira a tornar-se fato, respira por nossos olhos e ouve por nossas mãos.
Pois nosso corpo é nosso mar e ali vivemos e morremos e o que em nós encontra vida ou perece é como um fruto devolvido ou não comido que floresce ou que polui as nossas águas mais profundas.
Até aqui temos apenas discutido o foco da ação do ponto de vista da dinâmica entre os eixos, uma amizade realizada na similitude, de algum modo, sem questionar se por acaso buscamos a perfeição do um, ou seja: é suficiente e necessário que águas imundas, límpidas ou turvas sejam o beijo e a resposta de nossos versos na boca desse abismo que fala e que murmura em nossas vidas, água que borbulha.
Confesso que pesquei.
(Miriam Gomes de Freitas, in "Taipas e Toupeiras") - ler ao som de R. Schumann & Ruckert: widmung - tocado por Dirce Knijnck (como eu, Nádia, que ouvi há anos numa peça de teatro desta minha amiga, onde Dirce tocou...), ou então ouvindo Brahms (Meine liebe ist grün).
Postado em “Bens Culturais”, a pedido de Nádia Maria Weber Santos
O nosso mar é infinito, como o azul do firmamento e as estrela são uns pontos de luz e de olhar como os seres desse mar.
Agora: tudo se acaba e se fecha num limite, como círculos, esferas e elipses dialogando com a lógica das pesquisas científicas. Uma hipérbole. Uma parábola. A metonímia de uns prazeres. O engenho da fita de borracha. O comprimento focal de uma superficie. A imagem virtual. A magnificaçao e os rádios positivos. O que ali repousa aspira a tornar-se fato, respira por nossos olhos e ouve por nossas mãos.
Pois nosso corpo é nosso mar e ali vivemos e morremos e o que em nós encontra vida ou perece é como um fruto devolvido ou não comido que floresce ou que polui as nossas águas mais profundas.
Até aqui temos apenas discutido o foco da ação do ponto de vista da dinâmica entre os eixos, uma amizade realizada na similitude, de algum modo, sem questionar se por acaso buscamos a perfeição do um, ou seja: é suficiente e necessário que águas imundas, límpidas ou turvas sejam o beijo e a resposta de nossos versos na boca desse abismo que fala e que murmura em nossas vidas, água que borbulha.
Confesso que pesquei.
(Miriam Gomes de Freitas, in "Taipas e Toupeiras") - ler ao som de R. Schumann & Ruckert: widmung - tocado por Dirce Knijnck (como eu, Nádia, que ouvi há anos numa peça de teatro desta minha amiga, onde Dirce tocou...), ou então ouvindo Brahms (Meine liebe ist grün).
Postado em “Bens Culturais”, a pedido de Nádia Maria Weber Santos
sábado, 5 de novembro de 2011
Perspectivas da Cultura
"Não quero de forma alguma dar a impressão de que tudo que é feito com as redes digitais seja bom. Isso seria tão absurdo quanto supor que todos os filmes sejam excelentes. Peço apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em relação à novidade. Que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira questão não é ser contra ou a favor, mas sim reconhecer as mudanças qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural. Apenas dessa forma seremos capazes de desenvolver essas novas tecnologias dentro de uma perspectiva humanista". LÉVY, Pierre. Cibercultura, tradução Carlos Irineu da Costa ― São Paulo: Ed. 34, 1999,p. 12.
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Sobre Bloggers
Para cada público, uma linguagem, um estilo de imagens, um tipo de blogger. Saber o que dizer e a quem dizer. Sobretudo, ter o que dizer, pois um blogger ― como forma de comunicação ― é um processo sobre o qual se constrói um discurso que é o seu tema, que é, enfim, o que ele vem a ser no mundo digital.
Um blogger é um processo. Ele acumula memórias, imagens e pode ser uma rica fonte de saberes. Manter bloggers com entusiasmo e, sobretudo, com responsabilidade, implica em disciplina, em aprendizado, em saber o que dizer e a quem. O número de bloggers criados e abandonados na rede é imenso. O entusiasmo desaparece tão logo o brinquedo perde a graça. Acima de tudo, o não ter o que dizer nem a quem dizer qualquer coisa, coloca o praticante em confronto com ele mesmo, pois ainda que se trate apenas de copiar e colar passagens quaisquer, ainda assim, é preciso certa coerência no saber que é destilado dia a dia, postagem após postagem. Esse acúmulo que atravessa o tempo acaba por traduzir vivências e espelhar a realidade desse tempo vivido, vivências estas transformadas em memórias que podem ser facilmente retomadas, como também eliminadas, apagadas ao menos em parte.
Um blogger é um processo. Ele acumula memórias, imagens e pode ser uma rica fonte de saberes. Manter bloggers com entusiasmo e, sobretudo, com responsabilidade, implica em disciplina, em aprendizado, em saber o que dizer e a quem. O número de bloggers criados e abandonados na rede é imenso. O entusiasmo desaparece tão logo o brinquedo perde a graça. Acima de tudo, o não ter o que dizer nem a quem dizer qualquer coisa, coloca o praticante em confronto com ele mesmo, pois ainda que se trate apenas de copiar e colar passagens quaisquer, ainda assim, é preciso certa coerência no saber que é destilado dia a dia, postagem após postagem. Esse acúmulo que atravessa o tempo acaba por traduzir vivências e espelhar a realidade desse tempo vivido, vivências estas transformadas em memórias que podem ser facilmente retomadas, como também eliminadas, apagadas ao menos em parte.
As Metas do Historiador
"Pensar o passado, chegar lá, nesse mundo escondido e misterioso da temporalidade escoada, Tentar resgatar e, sobretudo, entender e explicar como os homens de uma outra época davam sentido ao mundo, como se relacionavam com os seus semelhantes e como pensavam a si próprios; descobrir as razões e os sentimentos que mobilizaram um outro tempo e que foram responsáveis por suas práticas sociais; compor tramas, surpreender enredos, supor desfechos de situaçoes outras, distantes no tempo, e, por vezes, aparentemente incompreensíveis... Não serão essas, a rigor, as metas de todo quele que busca tornar-se um historiador?"
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História cultural: caminhos de um desafio contemporâneo in Narrativas, Imagens e Práticas Sociais, org. PESAVENTO, Sandra Jatahy, SANTOS, Nádia Maria Weber, ROSSINI, Miriam de Souza. Porto Alegre, RS: Asterisco, 2008, p. 11
domingo, 23 de outubro de 2011
Chaves para o Romantismo
O romantismo é um movimento europeu, nascido na metade do século XVIII na Alemanha e na Inglaterra, e difundido na França durante a primeira metade do século XIX. Os grandes nomes do romantismo francês são Chateaubriand, Lamartine, Musset, Hugo e Vigny. Ele se caracteriza por uma recusa aos valores dominantes nos séculos precedentes.
O romantismo, com efeito, rejeita as regras impostas pelo classicismo: no teatro, por exemplo, os gêneros se misturam, as unidades de tempo, de lugar e de ação desaparecem, o drama substitui a tragédia. Depois da evolução política e social de 1789, o romantismo empreende uma revolução poética: “Coloquei um boné vermelho no velho dicionário”, clama Hugo.
Por outro lado, a sobriedade dos clássicos, imposta pela regra social do decoro, não resiste à exaltação romântica que se alimenta da descortesia. Assim, ao racionalismo das luzes, os românticos opõem a valorização de uma sensibilidade exacerbada que predispõe aos amores apaixonados, mas igualmente ao sofrimento existencial (o “mal do século”). Às emoções e aos sentimentos acrescenta-se o contato com a natureza, sucessivamente lugar de recesso fora da sociedade, espelho apaziguador dos estados de alma melancólicos e inesgotável fonte de inspiração poética.
Enfim, a revolta romântica toma uma dimensão política: a geração de 1830, francamente liberal e republicana, condena a ordem burguesa em nome do primado do indivíduo sobre a sociedade. Compreende-se desde então o gosto romântico pelos desertos, as ruínas e o exotismo: todos espaços onde os limites esclerosantes das ordens dogmáticas são abolidos.
O artista romântico figura o porta-voz de uma verdade que ele é o único a poder transmitir. Sua valorização do sonho e do sobrenatural, seu gosto pelos grandes sentimentos e sua paixão pelo inútil opõem-se ao materialismo, ao positivismo e, sobretudo, ao utilitarismo social. Frequentemente incompreendido, marginal ou revoltado contra a antiga ordem, o artista romântico parece-se muito com o “eremita de Croisset”.
Casin-Pellegrini, Catherine, Chaves para o romantismo, in Flaubert, Gustave. Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 161, tradução minha.
O romantismo, com efeito, rejeita as regras impostas pelo classicismo: no teatro, por exemplo, os gêneros se misturam, as unidades de tempo, de lugar e de ação desaparecem, o drama substitui a tragédia. Depois da evolução política e social de 1789, o romantismo empreende uma revolução poética: “Coloquei um boné vermelho no velho dicionário”, clama Hugo.
Por outro lado, a sobriedade dos clássicos, imposta pela regra social do decoro, não resiste à exaltação romântica que se alimenta da descortesia. Assim, ao racionalismo das luzes, os românticos opõem a valorização de uma sensibilidade exacerbada que predispõe aos amores apaixonados, mas igualmente ao sofrimento existencial (o “mal do século”). Às emoções e aos sentimentos acrescenta-se o contato com a natureza, sucessivamente lugar de recesso fora da sociedade, espelho apaziguador dos estados de alma melancólicos e inesgotável fonte de inspiração poética.
Enfim, a revolta romântica toma uma dimensão política: a geração de 1830, francamente liberal e republicana, condena a ordem burguesa em nome do primado do indivíduo sobre a sociedade. Compreende-se desde então o gosto romântico pelos desertos, as ruínas e o exotismo: todos espaços onde os limites esclerosantes das ordens dogmáticas são abolidos.
O artista romântico figura o porta-voz de uma verdade que ele é o único a poder transmitir. Sua valorização do sonho e do sobrenatural, seu gosto pelos grandes sentimentos e sua paixão pelo inútil opõem-se ao materialismo, ao positivismo e, sobretudo, ao utilitarismo social. Frequentemente incompreendido, marginal ou revoltado contra a antiga ordem, o artista romântico parece-se muito com o “eremita de Croisset”.
Casin-Pellegrini, Catherine, Chaves para o romantismo, in Flaubert, Gustave. Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 161, tradução minha.
O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos
Corpo pressente. Traduz. Reproduz. Intui. Presentifica. Imagina. Simboliza. Não mente. Veicula. Dói. Mostra. Os estudos e as análises sobre o corpo (como objeto e fonte) tornaram-se mais efetivos nas ciências sociais e humanas a partir do século XX, sob diferentes enfoques. Bem no início, mas com os dois pés ainda no século XIX, Freud nos apresentou o corpo que reprime. Sua concepção da repressão do instinto sexual - o mais avassalador de todos os instintos - provocando neuroses constitucionais da psique humana originou um corpus teoreticus que contaminou, ideologicamente, todo o pensamento do século que acabava de começar. Tornou-se a sexualidade reprimida a causa de tudo, e o conceito de sublimação veio aliviar a consciência dos pecados cometidos. O mérito desse neurologista - Freud não era psiquiatra - foi trazer à tona toda a podridão dos falsos valores, disfarçada na moralidade burguesa do século anterior, escondida por detrás das pesadas e grossas cortinas das cortes e salões: os corpos de homens e mulheres eram sexuais e tinham prazer com isso. A psicanálise, tal qual avatar de uma nova era, pretendendo tornar-se um dogma sobre o corpo e a mente, dominou o século XX. Ideologicamente chegaram-nos a certeza e a reflexão sobre o 'corpo reprimido'. Muito significativo em um século que via nascerem os regimes totalitários e cometerem-se as maiores atrocidades sobre milhões de corpos simultaneamente...
SANTOS, Nádia Maria Weber. O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos, acesso em 23/10/2011.
Nádia Maria Weber Santos é professora do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais/Centro Universitário Unilasalle, Canoas (RS); pesquisadora associada da École des hautes études en sciences sociales.
SANTOS, Nádia Maria Weber. O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos, acesso em 23/10/2011.
Nádia Maria Weber Santos é professora do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais/Centro Universitário Unilasalle, Canoas (RS); pesquisadora associada da École des hautes études en sciences sociales.
Ensaios Geopoéticos
Ontem, dia 22, compareceu à 8ª Edição da Bienal do Mercosul ― armazéns 1a, 1b e 1c do cais de Porto Alegre ― o grupo formado por alunos integrantes do Mestrado em Memória Social e Bens Culturais do Unilasalle, acompanhados pelas professoras Nádia Maria Weber Santos e Zila Bernd, onde foram recepcionados por integrantes da exposição em visita monitorada. A temática ― Ensaios de Geopoética ― aborda política e geografia. Os artistas participantes expressam em suas obras a noção de território, não apenas do ponto de vista geopolítico, mas da perspectiva do simbólico, extravasando conteúdos poéticos inerentes à identidade dos diversos grupos que integram a exposição. Dentre as obras apreciadas e discutidas, a videoanimação do argentino Alberto Lastreto ― El prócer, 2008 ― construída a partir de uma fotografia de estátua eqüestre encontrada em Nova York. A obra retrata um líder desconhecido em pedestais erguidos em diversas cidades fotografadas pelo artista. De registrar ainda a instalação de Barthélemy Toguo, de Camarões, com The new world climax, 2001/2011, mostrando imensos carimbos entalhados em madeira espalhados sobre grandes mesas, inspirados nos que são usados em passaportes. Ao fundo, xilogravuras extraídas desses entalhes. A obra coloca em discussão a questão política das fronteiras à vista da circulação de nacionais que representam as mais diversas culturas colocadas em movimento pela via da imigração.
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Produtos Culturais
“De forma simples, produtos culturais são bens e serviços valorizados por seu “significado”. Os produtos culturais não são valorizados porque protegem o consumidor do frio ou movem o consumidor do ponto A ao ponto B. Ao contrário, são valorizados porque o consumidor ou outras pessoas podem interpretá-los de maneira que sejam valorizados pelo consumidor. No nível básico, eles são produtos consumidos em um ato de interpretação em vez de serem usados de algum modo prático para a solução de algum problema prático.”
LAWRENCE, Thomas B., PHILLIPS, Nelson. Compreendendo as indústrias culturais, in Indústrias Criativas no Brasi. Cinema, TV, Teatro, Música, Artesanato, software, coordenadores: WOOD JR, Thomas, BENDASSOLLO, Pedro F., KIRSCHBAUM, Charles, PINA E CUNHA, Miguel. São Paulo: Atlas, 2009, p. 4
LAWRENCE, Thomas B., PHILLIPS, Nelson. Compreendendo as indústrias culturais, in Indústrias Criativas no Brasi. Cinema, TV, Teatro, Música, Artesanato, software, coordenadores: WOOD JR, Thomas, BENDASSOLLO, Pedro F., KIRSCHBAUM, Charles, PINA E CUNHA, Miguel. São Paulo: Atlas, 2009, p. 4
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Anunciação ao Poeta
Ave, ávido.
Ave, fome incansável e boca enorme,
Come.
Da parte do Altíssimo te concedo.
Que não descansarás e tudo te ferirá de morte:
O lixo, a catedral, a forma das mãos.
Ave, cheio de dor.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 79.
Ave, fome incansável e boca enorme,
Come.
Da parte do Altíssimo te concedo.
Que não descansarás e tudo te ferirá de morte:
O lixo, a catedral, a forma das mãos.
Ave, cheio de dor.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 79.
domingo, 16 de outubro de 2011
Que educaçao é esta?
No Brasil, a grande maioria das famílias não teve educação formal e está alijada do mercado cultural tradicional. Raras são as residências em que se veem livros, quadros, esculturas e instrumentos musicais. Já a televisão, desde que surgiu, foi entronizada como o meio, por excelência, de veiculação da indústria do entretenimento. Seus valores éticos e morais tornam-se a referência para um povo de baixíssima escolaridade, alijado da cultura tradicional, despreparado para a fruição estética. Ou seja, se a escola não se incumbir da missão de desvelar o mundo mágico da arte, continuaremos a ver formarem-se médicos, engenheiros, advogados, economistas até tecnicamente bem preparados, embora nunca tenham vibrado com a leitura de um romance, nunca umedeceram os olhos com um soneto, nem se elevaram ao ouvir uma sinfonia. Mas que ser humano é esse? Que educação é esta?Alcione Araújo, escritor e dramaturgo, in BERTINI, Alfredo. Economia da Cultura: a indústria do entretenimento e o audiovisual no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 19.
sábado, 15 de outubro de 2011
Da Finalidade da carta
..."tratando de altas questões, que seja grave; de matérias medíocres, harmoniosa (concinna); de matérias humildes, correta e agradável; que, na brincadeira, ela seduza por seu humor e sua graça; no elogio, por sua pompa (apparatu); que, na exortação, seja veemente e apaixonada; na consolação, carinhosa e afetuosa; para persuadir, grave e rica de pensamentos; na narração, clara e descritiva (graphice); para pedir, discreta; para recomendar, solícita; nas circunstâncias felizes, cumprimentadora; na tristeza, séria". ERASMO DE ROTTERDAM
Anônimo de Bolonha; Rotterdam, Erasmo; Lípsio, Justo. A Arte de Escrever Cartas, org. Emerson Tin. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005, p. 55.
Anônimo de Bolonha; Rotterdam, Erasmo; Lípsio, Justo. A Arte de Escrever Cartas, org. Emerson Tin. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005, p. 55.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Língua e Linguagem
Língua não é linguagem. A primeira tem normas gramaticais, sitematicamente regulamentadas; a segunda, todavia, constitui-se na grande ferramenta de que nos servimos para construir nossas referências do mundo, base sobre a qual se edificarão nossas memórias.
domingo, 9 de outubro de 2011
WWW: World Wide Web
"Precisamente no instante em que se descobriu a imensidão do espaço terrestre, começou o famoso apequenamento do globo, até que, em nosso mundo (...), cada homem é tanto habitante da Terra como habitante do seu país. ... Antes que aprendêssemos a dar a volta ao mundo, a circunscrever em dias e horas a esfera da morada humana, já havíamos trazido o globo à nossa sala de estar, para tocá-lo com as mãos e fazê-lo girar diante dos olhos."
ARENDT, Hannah. A condição humana. 9a. edição, 1999, 262-263, in http://pt.scribd.com/doc/932734/movsociais-cibercultura (acesso às 18h26 em 09/10/1011)
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Construção e Comunicação de Cultura na Era Digital
1. Como as diferentes ferramentas e tecnologias estudadas até o momento podem ser aplicadas no seu cotidiano (trabalho, pessoal, dissertação)?
2. De que forma o conceito de Cibercultura está presente no seu cotidiano? Até que ponto as Redes Sociais na Internet diferem das existentes fora da web?
3. De que forma a existência de uma representação digital de memória e patrimônio muda a relação com as representações "reais"?
domingo, 2 de outubro de 2011
Correspondência
O estudo de correspondência ― tipo de documentação que recentemente ganhou importância e destaque como fonte histórica ― ainda tem como objeto privilegiado as cartas trocadas entre figuras de destaque, como intelectuais ou políticos. Há também interesse pelas cartas endereçadas por figuras populares a grandes figuras políticas com o objetivo de encaminhar pedidos. Mas são poucos os trabalhos dedicados à correspondência estritamente pessoal e, nesse caso, a que desperta maior atenção é a correspondência amorosa. São praticamente inexistentes trabalhos que focalizem correspondências domésticas e íntimas de pessoas anônimas, concetradas em descrever relações familiares. Esse pode ser, contudo, um rico instrumento de análise histórica.
FERREIRA, Marieta de Moraes. Correspondência familiar e rede de sociabilidade, in Escrita de si Escrita da história, org. GOMES, Angela de Castro, Rio de Janeiro, FGV, 2004, p. 254.
FERREIRA, Marieta de Moraes. Correspondência familiar e rede de sociabilidade, in Escrita de si Escrita da história, org. GOMES, Angela de Castro, Rio de Janeiro, FGV, 2004, p. 254.
sábado, 1 de outubro de 2011
Novas Sensibilidades
A fotografia é, por assim dizer, um elemento icônico da modernidade. Não apenas representou um avanço técnico no domínio da captação e reprodutibilidade de imagens da realidade como também correspondeu a uma estetização dessa realidade, pela tomada ou fabricação de representações. Igualmente, a fotografia se presta para exemplificar essa condição da modernidade que é a de realizar-se, simultaneamente, em várias partes de um mundo interligado pelos avanços da tecnologia e pela construção de novos saberes, e percorrido, também, por novas sensibilidades. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Fronteiras da ordem, limites da desordem: violência e sensibilidades no sul do Brasil, final do século XIX in Sociabilidades, justiças e violências: práticas e representações culturais no Cone Sul (séculos XIX e XX), org. Pesavento, Sandra Jatahy e Gayol, Sandra. Porto Alegre: ed. da UFRGS, 2008, p. 38.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Cidade Moderna
...no entanto, a cidade moderna não conduz mais ao eterno, mas revela um processo contínuo e acelerado de mudanças, assinala uma frágil transitoriedade...
BENEDUZI, Luís Fernando, Patrimônio cultural, memória e identidade: uma leitura de sinais sensíveis do passado in Sensibilidade e Sociabilidades perspectivas de pesquisa, org. Pesavento, Sandra Jathahy e outros, Ed. UCG, 2008, p. 19.
BENEDUZI, Luís Fernando, Patrimônio cultural, memória e identidade: uma leitura de sinais sensíveis do passado in Sensibilidade e Sociabilidades perspectivas de pesquisa, org. Pesavento, Sandra Jathahy e outros, Ed. UCG, 2008, p. 19.
domingo, 18 de setembro de 2011
Homenagem
Marcadores
Fotografia,
Percursos Iconográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Percursos Iconográficos
Recado na parede da exposição
Marcadores
Fotografia,
Percursos Iconográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Making off
Percursos Historiográficos Sandra Jatahy Pesavento. Making off dos desenhos a carvão realizados no Memorial do Estado do Rio Grande do Sul.
Marcadores
Percursos Historiográficos,
Sandra Jathay Pesavento,
Vídeo
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Percursos Historiográficos: Sandra Jatahy Pesavento
Marcadores
Fotografia,
Percursos Historiográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
O Signo da Alteridade
As sensibilidades são sutis, difíceis de capturar, pois se inscrevem sob o signo da alteridade, traduzindo emoções, sentimentos e valores que não são mais os nossos.
PESAVENTO, Sandra. Sensibilidades e escritas da alma. (In:PESAVENTO, Sandra, LANGUE, Frédérique (orgs). Sensibilidades na História: Memórias singulares e Identidades urbanas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007.
PESAVENTO, Sandra. Sensibilidades e escritas da alma. (In:PESAVENTO, Sandra, LANGUE, Frédérique (orgs). Sensibilidades na História: Memórias singulares e Identidades urbanas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Uma Carta de Amor
Este artigo é uma reflexão sobre o tema amor e sua expressão epistolar, na abordagem de uma carta escrita em agosto de 1924, com ênfase no que este documento apresenta em relação ao tema memória e sensibilidade, a partir da narrativa de uma visita que o missivista faz à casa onde conviveu com sua amada. Uma Carta de Amor: Objeto de Memória e Testemunho de Sensibilidade
Cemiérios, Sentimentos, Saudades
O presente artigo pretende ser um relato das sensibilidades em relação à vivência da morte e sua expressão metafórica na construção de cemitérios que integram as cidades como lugares de memória. Pretende ainda propor os cemitérios como lugares que devem ser visitados e conhecidos em cidades, uma vez que são uma amostra de expressão cultural, artística e social.
Cemitérios, Sentimentos e Saudades:Metáforas Urbanas Visuais
Cemitérios, Sentimentos e Saudades:Metáforas Urbanas Visuais
domingo, 7 de agosto de 2011
Memória Involuntária
Para definir memória involuntária ou inconsciente é necessário conceber primeiro o que vem a ser a memória consciente ou voluntária, à qual comumente nos referimos, uma vez que pertence ao campo de nossa consciência e encontra-se, até certo ponto, sob o comando de nossa vontade. Lembramos do que desejamos lembrar e, salvo o esquecimento que eventualmente se oponha ao nosso desejo de recordar, controlamos nossas lembranças, dispondo delas à vontade. Diferentemente disso, sem que tenhamos qualquer domínio sobre o processo, ocorre muitas vezes sermos surpreendidos pela invasão de uma lembrança, por vezes muito nítida e muito precisa, evocada por uma sensação qualquer, que pode ser um cheiro, um sabor, um ruído, uma sensação táctil ou a visão inesperada de uma paisagem ou objeto, algo que afete nossos sentidos e, por essa via, desperte nossa sensibilidade. Memória Involuntária
Memória e Literatura
A literatura é fonte de pesquisa histórica das mais acreditadas na busca de relatos pertinentes a hábitos, costumes e crenças existentes em dada sociedade. O próprio conceito de memória coletiva (HALBWACHS, 1991) encontra na literatura um reforço, na medida em que esta contribui para homogeneizar as recordações de determinado grupo social. Em La mémoire collective, esse autor coloca que quanto mais um romance ou uma peça teatral são colocados por seu autor em um período distante de nós de muitos séculos, isso é frequentemente um artifício para afastar o quadro dos eventos atuais e melhor fazer sentir a que ponto o jogo dos sentimentos é independente dos acontecimentos históricos (HALBWACHS, 1950, La mémoire collective, p. 52). Ele deixa ainda um testemunho pessoal, quando conta que, estando pela primeira vez em Londres, diante de lugares históricos, lembrou-se imediatamente de Dickens, que lera na infância e que com ele parecia caminhar então. Outros homens têm essas lembranças em comum comigo, ― acrescenta. Bem mais, eles me ajudam a me lembrar delas: para melhor lembrar-me, eu me volto para eles, eu adoto momentaneamente seu ponto de vista, eu entro em seu grupo, logo, continuo a fazer parte, pois sofro o impulso disso e encontro em mim muitas idéias e modos de pensar que não aprendi sozinho, e pelo quais eu permaneço em contato com eles (HALBWACHS, op. cit., p. 8).
Memória e Literatura
Memória e Literatura
domingo, 24 de julho de 2011
Sensibilidades
As sensibilidades seriam, pois, as formas pelas quais indivíduos e grupos se dão a perceber, comparecendo como um reduto de representação da realidade através das emoções e dos sentidos. Nesta medida, as sensibilidades não só comparecem no cerne do processo de representação do mundo, como correspondem, para o historiador da cultura, àquele objeto a capturar no passado, à própria energia da vida. Sensibilidades se exprimem em atos, em ritos, em palavras e imagens,em objetos da vida material, em materialidades do espaço construído. Falam, por sua vez, do real e do não real, do sabido e do desconhecido, do intuído ou pressentido ou do inventado. Sensibilidades remetem ao mundo do imaginário, da cultura e seu conjunto de significações construído sobre o mundo. Mesmo que tais representações sensíveis se refiram a algo que não tenha existência real ou comprovada, o que se coloca na pauta de análise é a realidade representação. Sonhos e medos, por exemplo, são realidades enquanto sentimento, mesmo que suas razões ou motivações, no caso, não tenham consistência real. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História e história cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2003, p. 58, in WEBER SANTOS, Nádia Maria, A sensibilidade na vida e obr da historiadora Sandra Pesavento. A questão da interdisciplinaridade, postura crítica e a História Cultural. Fenix, Revista de História e Estudos Culturais, Vol V6, ano VI, n. 3, http://www.revistafenix.pro.br/vol20nadia.php, acesso em 24/07/2011. Imagem: Hieronymus Bosch, obra realizada entre 1475 e 1480, intitulada A extração da pedra da loucura.
domingo, 10 de julho de 2011
I Jornada Sandra Jatahy Pesavento
domingo, 5 de junho de 2011
Cemitérios, Sentimentos, Saudades
Os cemitérios são lugares de memória tanto de mortos quanto de vivos que ali prestam homenagem aos que se ausentaram definitivamente de suas vidas. São espaços, todavia, que muito nos contam das cidades onde são construídos, dando testemunho de hábitos, de costumes, de fé, de um passado habitado pelos mortos. Cada um é único à sua maneira, sem que, todavia, possamos deixar de neles encontrar determinados símbolos que se repetem com insistência, tais como a figura dos anjos da solidão, da cruz das almas, da palavra saudade, dos ciprestes, etc. Existe toda uma arte funerária voltada para essa peculiar simbologia, onde a morte é ritualizada, e a dor é retratada como desolação, não sem que se dê margem à presença da esperança e da fé, o consolo religioso de outra vida e de redenção.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Canoas e seus contrastes
A cidade de Canoas, RS, em vídeo que enfatiza os contrastes de um município que tem apenas 80 anos e que vem buscando uma identidade. Cortada pela Br 116 e pela linha do trem urbano, Canoas é predominantemente operária e sua história é recente. Com a chegada de dinheiro novo de uma classe ascendente, surge a reciclagem do desuso e novos bairros onde o modelo "mason" das casas contrasta com as moradias simples dos bairros mais antigos. Desafios como a canalização de água e esgoto apresentam-se lado a lado à necessidade de independência da marca de cidade satélite da capital. Canoas e seus contrastes é mostrada em fotos e vídeos a partir de uma aula de campo da disciplina Seminários, Paisagens e Identidades Urbanas, Mestrado da Unilasalle. Porto Alegre, 2011.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Paisagem Urbana
Paisagem Urbana. Vídeo confeccionado a partir de fotografias da cidade da São Paulo, com ênfase em alguns de seus múltiplos aspectos.
Histórias de Cidades
São antigas, contudo, as chamadas ‘’histórias de cidades’’, muitas delas feitas “de encomenda”, em que alguém é convocado a escrever e se dispõe a reunir dados sobre a urbe e a ordená-los, dando a ver um tempo de origens, um acontecimento fundador, acrescido da poesia de uma lenda, por vezes, e frequentemente de uma saga ocorrida nas épocas mais recuadas, realizada pelo povo fundador guiado por suas lideranças.
Pesavento, Sandra Jatahy. 2007. "Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias". Revista Brasileira de História, num. janeiro-junho, pp. 11-23 ― http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=2630532
Uma história de cidade: Os Narradores de Javé
Pesavento, Sandra Jatahy. 2007. "Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias". Revista Brasileira de História, num. janeiro-junho, pp. 11-23 ― http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=2630532
Uma história de cidade: Os Narradores de Javé
domingo, 8 de maio de 2011
Rastros de Memória
Filme editado através de fotos tiradas de um casarão do século XVIII existente no município de Pedra Bela, São Paulo. Trata-se de residência erguida durante o ciclo do café, muito provavelmente como casa sede de uma fazenda, empregando em sua construção mão-de-obra escrava. Paredes externas em taipa de pilão, internas em taipa dita "de mão", telhas de barro coloniais moldadas manualmente sobre as coxas dos artesãos, pregos de ferro fundido e modelado. Telhado apresenta eira e beira, símbolo de riqueza e ostentação nas construções da época.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Impressões sobre o 5o. FestFotoPoA
"Quando criamos uma imagem, seja ela do que for, a criação é regida por nossas características mais íntimas, e isso é inevitável. A mediação entre a coisa fotografada e a fotografia que produzimos é feita pelo conjunto de fatores que nos constrói ― nossas relações afetivas, com a coisa e com os outros, a literatura que consumimos, a música que ouvimos; também pela cultura de todas as outras imagens fotográficas ou não. A precisão com que a fotografia é capaz de reproduzir o que chamamos de realidade não é indício de nada, nem mesmo da realidade. Fotografia é imagem ― e imagens pertencem ao mundo da ficção."
Luiz Carlos FelizardoImpessões sobre o 5o. FestFotoPoA
Luiz Carlos FelizardoImpessões sobre o 5o. FestFotoPoA
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai
Porque a memória é o que resiste ao tempo e a seus poderes de destruição, e é algo assim como a forma que a eternidade pode assumir nesse incessante trânsito. E ainda que nós (nossa consciência, nossos sentimentos, nossa dura experiência) nos modifiquemos com os anos, e também nossa pele e nossas rugas vão se convertendo em prova e testemunho desse trânsito, há algo em nós, bem lá dentro, em regiões muito escuras, aferrado com unhas e dentes à infância e ao passado, à raça e à terra, à tradição e aos sonhos, que parece resistir a esse trágico processo: a memória, a misteriosa memória de nós mesmos, do que somos e do que fomos.
Ernesto Sábato
(1911-2011)
Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai
sexta-feira, 22 de abril de 2011
As Cartas
Esta é uma história real que descobri através da correspondência escrita por Francisco para sua Maria, a mulher por quem ele se apaixonou ainda muito jovem. As primeiras cartas são dos anos 20. Eles ficaram noivos só em 1932, porque se tratou de um romance aparentemente contrariado. Todos os papéis que dão testemunho destes fatos estariam no lixo, não fosse um querido amigo meu encontrá-los e guardá-los durante muito tempo. Ele possuía uma loja de antiguidades que eu visitava quase todos os dias, pois ficava perto da minha casa. Tornamo-nos grandes amigos nesta época. Paulo Roberto, este meu querido amigo, trabalhava com antiguidades, porcelanas, cristais, livros e todas as tralhas que, em geral, vão parar nessas lojas. Um dia, quando estava por se mudar dali, ele me chamou: "Maristela, vem cá que tenho uma coisa pra ti", disse ele, muito sério. Fomos até a parte dos fundos da loja e ele, então, entregou-me uma sacola plástica empoeirada e amarrada, dizendo que ali havia coisas que ele não queria mais guardar, mas que achava que estariam melhor se ficassem em minhas mãos. Foi um presente dado com muito carinho. Não explicou mais nada na hora, mas sorriu para mim com ares certa cumplicidade. Em casa, mais tarde, abri a sacola com cuidado, curiosa para saber o que era aquilo. Descobri então que eram cartas, cartas de amor e, entre surpresa e emocionada, fui lendo e me encantando com uma história que aconteceu aqui em Porto Alegre. Impressionante constatar ainda o imenso talento deste Francisco como escritor e poeta, e o amor profundo que devotou à sua Maria durante tantos e tantos anos.
Foi a minha vez de guardar os papéis. Arrumei lugar para tudo: cartas, recortes de jornal, fotos, cartões, santinhos, telegramas, fitas e demais objetos que estavam na tal sacola, coisas que me inspiram um profundo respeito pelo que significaram um dia àqueles a quem pertenceram. Coloquei todas as datadas em ordem cronológica conforme as décadas. São dos anos 20 e 30, e há as dos anos 40 e 50 também, que envolvem pessoas próximas do casal. Há cartas sem data e muitas poesias. Um cartão de Natal de 1961 dá contas de que Francisco e Maria casaram-se.
Foi a minha vez de guardar os papéis. Arrumei lugar para tudo: cartas, recortes de jornal, fotos, cartões, santinhos, telegramas, fitas e demais objetos que estavam na tal sacola, coisas que me inspiram um profundo respeito pelo que significaram um dia àqueles a quem pertenceram. Coloquei todas as datadas em ordem cronológica conforme as décadas. São dos anos 20 e 30, e há as dos anos 40 e 50 também, que envolvem pessoas próximas do casal. Há cartas sem data e muitas poesias. Um cartão de Natal de 1961 dá contas de que Francisco e Maria casaram-se.
Lugares de Memória
Antes de abordar a questão dos lugares de memória, quero dizer que a melhor parte deste meu espaço é sua descontinuidade. Não pretendo criar nada linear, até porque o tempo, esta matéria prima da vida, é coisa que disputo aos relógios. Vou simplesmente tecer recordações com palavras. A temática da duração sugere que se ultrapasse, que se transcenda a concepção contínua, seja do tempo, seja da memória, e isso nos acontece se conseguirmos nos fixar no instante. Memórias haverá tantas quanto grupos há, porque a história é uma operação eletiva, que requer intelecto, daí pertencer a todos em geral e a ninguém em particular. Memória Social se desencontra da História, no sentido clássico do termo, justamente aí, onde não se emprega o intelecto, mas os sentimentos, as emoções, que outorgam significado àquilo que vivemos. Todavia, é a História que reconhece os lugares de memória que as sociedades constroem para com isso tentar reparar ou inviabilizar perdas. Lugares de memória dão ensejo a rituais onde as memórias se prendem e se integram, não sem desprestigiar a paisagem urbana. Lugares de Memória são materiais e, simultaneamente, simbólicos. Nessa funcionalidade, conectam perdas e aquisições. Porque na medida que se perdem memórias, adquirem-se museus, bibliotecas, praças, bem como ritos, comemorações que buscam compensar o abandono de alguma coisa que foi significativa para o coletivo. Não é o indivíduo que escolhe ou elege um lugar de memória, lugar este que dará, por sua vez, lugar a ritos, onde o grupo se subtrai à linearidade do tempo comum. Emerge daí uma indiscutível sensação de nostalgia, que cresce com a saudade, que aumenta nesses espaços, fazendo reviver uma experiência, uma recordação.
A foto foi tirada na Pinacoteca de São Paulo.
A foto foi tirada na Pinacoteca de São Paulo.
domingo, 3 de abril de 2011
Santo Agostinho e a Memória
Vencerei então esta força de minha natureza, subindo por degraus até meu Criador. Chegarei assim diante dos campos, dos vastos palácios da memória, onde estão os tesouros de inúmeras imagens trazidas por percepções de toda espécie. Lá também estão armazenados todos os nossos pensamentos, quer aumentando, quer diminuindo, ou até alterando de algum modo o que nossos sentidos apanharam, e tudo o que aí depositamos, se ainda não foi sepultado ou absorvido no esquecimento. Quando ali penetro, convoco todas as lembranças que quero. Algumas se apresentam de imediato, outras só após uma busca mais demorada, como se devessem ser extraídas de receptáculos mais recônditos. Outras irrompem em turbilhão e, quando se procura outra coisa, se interpõem como a dizer: “Não seremos nós que procuras?” Eu as afasto com a mão do espírito da frente da memória, até que se esclareça o que quero, surgindo do esconderijo para a vista. Confissões de Santo Agostinho, Capítulo VIII
Coletânea de Textos
RESENHA DO LIVRO “OS SETE PECADOS DA CAPITAL”, DE SANDRA JATAHY PESAVENTO (EDITORA HUCITEC, 2008/ BRASIL). A resenha ora disponibilizada no Scribd é um trabalho coletivo, cujos autores foram colegas e colaboradores da inesquecível professora e historiadora gaúcha Sandra Jatahy. Trata-se de uma pesquisa histórica realizada sobre os personagens do urbano da capital gaúcha, Porto Alegre do século XIX, pesquisa esta que originou este livro sobre os “sete pecados da capital”.
sábado, 2 de abril de 2011
3527 - Seminários Paisagens e Identidades Urbanas
A cidade e o caráter espaço-temporal da experiência humana. Diversidade das formas de ocupar e habitar o espaço urbano. Cidade, memória e esquecimento. Trabalho e lazer na cidade. Cidade e cultura. Grupos sociais e suas transformações identitárias.Documentação escrita e áudio-visual dos diferentes espaços da cidade, com o objetivo de contextualizar, no tempo e no espaço, os grupos e instituições que servem de objeto ou de local de pesquisa e intervenção dos mestrandos.
2482 - Memória Social
Memória: abordagens teóricas. Memória individual e coletiva. Tempo, espaço e memória.
Memória; relações com a literatura, antropologia e construção de identidades. Tradição, mito, imaginário e universos simbólicos. Seletividade, narratividade e memória. Linguagens da memória.
Estação Canoas
Felizmente acho que consegui alguma coisa não muito óbvia nesta foto. Canoas não é uma cidade que se faça olhar. É preciso algum esforço para fugir aos cinzas e à pressa na estação. A noite chegando, os ruídos, os olhares das pessoas no trem evitando cruzarem-se, apesar da falta de espaço. Nada disso parece algum dia chegar a tornar-se rotineiro.
Memória Social e Bens Culturais
O Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais-PPGMSBC do Unilasalle possui curso de Mestrado Profissional interdisciplinar, recomendado pela Capes, atuando a partir de temas como gestão cultural, indústrias criativas, economia da cultura, patrimônio cultural, memória social, linguagens culturais, projetos culturais e sociais e instituições culturais. Possui excelente infraestrutura com espaços próprios para estudo e laboratórios para desenvolvimento de pesquisas. Conta com recursos informacionais modernos e bibliotecas em rede, com acervos atualizados de obras bibliográficas e periódicos científicos das mais renomadas instituições de ensino superior. Seu quadro docente passa por qualificação permanente e é renovado de acordo com a demanda do campo da cultura e do corpo discente.
Os egressos do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais terão competências e habilidades técnicas necessárias para o manejo dos recursos e instrumentos disponíveis para criar, revitalizar e impulsionar o desenvolvimento de instituições voltadas para os bens culturais e memória social; para trabalho educacional voltado à sensibilização e instrumentalização de indivíduos, grupos e comunidades para o reconhecimento, a compreensão e a valorização dos bens culturais; para coordenar e equacionar diferentes atividades e ações, relativas à memória social e aos bens culturais; para a promoção da reflexão, discussão e proposição de políticas culturais para produção, difusão, preservação e acesso a bens culturais e instituições culturais; para, a partir de pesquisa e diagnóstico controlar ferramentas de formulação, viabilização, implementação e avaliação de projetos.
Os egressos do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais terão competências e habilidades técnicas necessárias para o manejo dos recursos e instrumentos disponíveis para criar, revitalizar e impulsionar o desenvolvimento de instituições voltadas para os bens culturais e memória social; para trabalho educacional voltado à sensibilização e instrumentalização de indivíduos, grupos e comunidades para o reconhecimento, a compreensão e a valorização dos bens culturais; para coordenar e equacionar diferentes atividades e ações, relativas à memória social e aos bens culturais; para a promoção da reflexão, discussão e proposição de políticas culturais para produção, difusão, preservação e acesso a bens culturais e instituições culturais; para, a partir de pesquisa e diagnóstico controlar ferramentas de formulação, viabilização, implementação e avaliação de projetos.
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