São estes os objetos que Violette Morin chama de objetos biográficos, pois envelhecem com o possuidor e se incorporam à sua vida: o relógio da família, o álbum de fotografias, a medalha do esportista, a máscara do etnólogo, o mapa-múndi do viajante... Cada um desses objetos representa uma experiência vivida, uma aventura afetiva do morador. Diferentes são os ambientes arrumados para patentear status, como um décor de teatro: há objetos que a moda valoriza, mas não se enraízam nos interiores ou têm garantia por um ano, não envelhecem com o dono, apenas se deterioram. Só o objeto biográfico é insubstituível: as coisas que envelhecem conosco nos dão a pacífica sensação de continuidade. Reconhece Machado de Assis: “Não, não, a minha memória não é boa. É comparável a alguém que tivesse vivido por hospedarias, sem guardar delas nem caras, nem nomes, e somente raras circunstâncias. A quem passe a vida na mesma casa de família, com os seus eternos móveis e costumes, pessoas e afeições, é que se lhe grava tudo pela continuidade e repetição” Não só em nossa sociedade dividimos as coisas em objetos de consumo e relíquias de família. Mauss encontra essa distinção em muitos povos: tanto entre os romanos como entre os povos de Samoa, Trobriand e os indígenas norte-americanos. Há talismãs, cobertas de pele e cobres blasonados, tecidos armoriais que se transmitem solenemente como as mulheres no casamento, os privilégios, os nomes às crianças. Essas propriedades são sagradas, não se vendem nem são cedidas, e a família jamais se desfaria delas a não ser com grande desgosto. O conjunto dessas coisas em todas as tribos é sempre de natureza espiritual. Cada uma dessas coisas tem nome: os tecidos bordados com faces, olhos, figuras animais e humanas, as casas, as paredes decoradas.Tudo fala, o teto, o fogo, as esculturas, as pinturas.BOSI, Eclea, excerto do capítulo 1 – “A substância social da memória” – “Sob o signo de Benjamin” [Walter Benjamin], do livro O tempo vivo da memória: ensaios de Psicologia Social (São Paulo: Ateliê Editorial, 2003).
Espaço inicialmente reservado a produções relacionadas a meu Mestrado em Memória Social e Bens Culturais, Lasalle, 2012. Depois, em boa parte, direcionado a pesquisas vinculadas ao Doutorado em História Social, USP, 2017. Atualmente (2019), dará lugar a publicações conexas a meu pós-doc em Psicologia Social junto à UERJ, com estágio concluído em 2023. Além disso, contempla temas como memória, história, arquivos pessoais, cotidiano, arte, fotografia e outros saberes.
domingo, 25 de dezembro de 2011
As Rebeliões do Efêmero
e em governos que se fazem através das mídias, pela televisão e pela propaganda.”
MATOS, Olgária Chain Feres, As Rebeliões do Efêmero, publicado em O E. de São Paulo, edição de domingo, 25 de dezembro de 2011, caderno aliás, travessia 2011/2012 J5.
sábado, 24 de dezembro de 2011
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
MWM Construindo a Inclusão Social
O texto agora disponível neste blog consiste em um breve relato da visita guiada realizada em 26 de setembro de 2011 à MWM International, empresa que possui sede no município de Canoas/RS, com a finalidade de tomar contato com o plano de inclusão social no trabalho voltado a pessoas portadoras de necessidades especiais, notadamente de ordem mental, procurando ressaltar os aspectos mais contundentes do desdobramento desse plano de ação, segundo seus gestores no âmbito do departamento de recursos humanos da empresa.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Creative Commons
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Sobre Identidade
A identidade do ponto de vista individual é uma polêmica da atualidade, algo inerente ao mundo moderno. Interessa à Antropologia, como à Sociologia e as Ciências Psicológicas, mas não importava muito nas sociedades tradicionais, onde não foi objeto de pensamento conceitual, pois se limitava à sensação de pertinência a determinado grupo ou família, fazendo-se deduzir a partir das atribuições inerentes à pessoa quando seu nascimento e, mais tarde, conforme sua atuação junto à comunidade. Subjetivamente, organiza-se a identidade ao redor de um sentimento de ser que os gregos representaram miticamente. Enfim, a realização do sujeito estaria em procurar estar conforme a ordem das coisas. Numa sociedade na qual exista uma ordem pré-fixada, a identidade não se constitui num problema. Na Idade Média, por exemplo, prevalecia o valor lealdade; sendo assim, a questão colocava-se quanto a quem ser leal, a identidade decorrendo diretamente dessa submissão.
A sociedade assim constituída de segmentos imbricados uns nos outros, permanecendo, contudo, distintos uns dos outros, tem nessa limitação também uma limitação à hostilidade que só irá desencadear-se quando o Estado-Nação começar a fazer-se presente homogeneizando toda essa diversidade. Assim é que o questionamento afeito a responder o que é identidade opera-se, em parte, como reação à dissolução dos liames sociais pela modernidade e, de outra, com o desenvolvimento da noção de pessoa no Ocidente, noção esta nascida no século XVIII para conferir a alguém uma liberdade individual independente das antigas pertinências, daí resultando estreita ligação entre a identidade pessoal e o individualismo.
Referência Bibliográfica
BENOIST, Alain, ENTRE RECONNAISSANCE ET DESYMBOLISATION:LE STATUT DE L’IDENTITE DANS L’HISTOIRE OCCIDENTALE, resumo de uma conferência pronunciada em Nápolis.
A sociedade assim constituída de segmentos imbricados uns nos outros, permanecendo, contudo, distintos uns dos outros, tem nessa limitação também uma limitação à hostilidade que só irá desencadear-se quando o Estado-Nação começar a fazer-se presente homogeneizando toda essa diversidade. Assim é que o questionamento afeito a responder o que é identidade opera-se, em parte, como reação à dissolução dos liames sociais pela modernidade e, de outra, com o desenvolvimento da noção de pessoa no Ocidente, noção esta nascida no século XVIII para conferir a alguém uma liberdade individual independente das antigas pertinências, daí resultando estreita ligação entre a identidade pessoal e o individualismo.
Referência Bibliográfica
BENOIST, Alain, ENTRE RECONNAISSANCE ET DESYMBOLISATION:LE STATUT DE L’IDENTITE DANS L’HISTOIRE OCCIDENTALE, resumo de uma conferência pronunciada em Nápolis.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Anima
Anima é a personificação de todas as tendências psicológicas femininas na psique do homem ― os humores e sentimentos instáveis, as intuições proféticas, a receptividade ao irracional, a capacidade de amar, a sensibilidade à natureza e, por fim, mas nem por isso menos importante, o relacionamento com o inconsciente. Nas suas manifestações individuais o caráter da anima de um homem é, em geral, influenciado por sua mãe. Se o homem sente que sua mãe teve sobre ele uma influencia negativa ― ou então, quando sua mãe torna-se ausente, como no caso de Lima Barreto ― sua anima vai expressar-se, muitas vezes de maneira irritada, depressiva, incerta, insegura e susceptível.
SANTOS, Nádia Maria, Narrativas da loucura e histórias de sensibilidades. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Realismo
O erro do realismo foi acreditar que o real se revela à contemplação e que, em consequência, podia-se fazer dele uma pintura imparcial. Como seria isso possível se a própria percepção já é parcial, se a nomeação, por si só, já é modificação do objeto?
SARTRE, Jean-Paul, Que é a literatura. São Paulo: Ática, 1989, p. 50.
domingo, 27 de novembro de 2011
A Ordem do Tempo
... é característico da ordem temporal ter um sentido, poder ser percorrida em sentido direto e em sentido inverso, o sentido direto sendo sempre o mesmo; é, em uma palavra, implicar numa ordem de anterioridade e de posterioridade que não saberia ser interventiva. Quando eu me represento uma sucessão de imagens no tempo, é-me impossível fazer com que o começo seja o fim e o fim o começo. Dois termos quaisquer tomados desta série são um anterior e outro posterior, e isso para sempre, independente da ordem na qual eu os encontro. Não é, pois, pela posição das imagens que o tempo difere do espaço, mas unicamente pela ideia da necessidade de uma ordem. A ordem do tempo não se impõe como um fato, pois que eu posso percorrê-la num sentido ou noutro; ela se impõe como uma necessidade. O tempo não resulta, pois, de uma ligação de fato entre imagens, mas de um encadeamento necessário de imagens.
ALAIN, Émile Chartier (1899), Sur la mémoire. Une édition électronique réalisée à partir de l’article d’Alain (Émile Chartier) (1899), “ Sur la mémoire ” in Revue de Métaphysique et de Morale, VIIe année, janvier 1899, pp. 26-38, mai 1899, pp. 302-324, septembre 1899, pp. 563-578, Dans le cadre de la collection: "Les classiques des sciences sociales".
ALAIN, Émile Chartier (1899), Sur la mémoire. Une édition électronique réalisée à partir de l’article d’Alain (Émile Chartier) (1899), “ Sur la mémoire ” in Revue de Métaphysique et de Morale, VIIe année, janvier 1899, pp. 26-38, mai 1899, pp. 302-324, septembre 1899, pp. 563-578, Dans le cadre de la collection: "Les classiques des sciences sociales".
sábado, 26 de novembro de 2011
Cartas: desafio metodológico
Debruçar-se assim sobre muitas dezenas de cartas, escritas uma por uma ao longo de anos e anos, e sempre dirigidas a uma mesma mulher, é percorrer as folhas do diário da viagem íntima de uma alma que vai na direção de outra, presa de um encanto que contagia e fustiga a imaginação. É a curiosidade que deseja refazer este cenário, montando o palco onde esse amor foi sentido, como foi visto, de que lembranças foi feito, esboçando assim seus protagonistas, não em sua verdade histórica, mas em sua manifestação existencial. Francisco é um homem feito de palavras e, de suas palavras, extrai-se o osso que dará forma a Maria, esse feminino onde coexistem Santa Teresa e Capitu, universo de contradições e conflitos, onde ponderações entre o querer e o dever atuam como determinantes de um comportamento inserido em contexto tempo e de lugar determinados. Impõe-se desvelar essa sociedade, iluminar os elementos que compõem esse todo a partir da propositura de um método que, sem repudiar a ortodoxia, não coloque em risco os conteúdos humanos, que não devem sofrer coisificação em sua subjetividade profunda, ou seja, aderir à proposta de uma visão sistêmica, não fragmentada, mas integradora de elementos aparentemente desconexos.
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Estilo e Ideário
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Maravilhar-se
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LAPLANTINE, François, TRINDADE, Liana, O que é imaginário. São Paulo: Brasiliense, disponível em http://www.portaldetonando.com.br/
domingo, 13 de novembro de 2011
Bens Culturais 3
sábado, 12 de novembro de 2011
A Cidade não Vista
domingo, 6 de novembro de 2011
Terra dos Homens
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O nosso mar é infinito, como o azul do firmamento e as estrela são uns pontos de luz e de olhar como os seres desse mar.
Agora: tudo se acaba e se fecha num limite, como círculos, esferas e elipses dialogando com a lógica das pesquisas científicas. Uma hipérbole. Uma parábola. A metonímia de uns prazeres. O engenho da fita de borracha. O comprimento focal de uma superficie. A imagem virtual. A magnificaçao e os rádios positivos. O que ali repousa aspira a tornar-se fato, respira por nossos olhos e ouve por nossas mãos.
Pois nosso corpo é nosso mar e ali vivemos e morremos e o que em nós encontra vida ou perece é como um fruto devolvido ou não comido que floresce ou que polui as nossas águas mais profundas.
Até aqui temos apenas discutido o foco da ação do ponto de vista da dinâmica entre os eixos, uma amizade realizada na similitude, de algum modo, sem questionar se por acaso buscamos a perfeição do um, ou seja: é suficiente e necessário que águas imundas, límpidas ou turvas sejam o beijo e a resposta de nossos versos na boca desse abismo que fala e que murmura em nossas vidas, água que borbulha.
Confesso que pesquei.
(Miriam Gomes de Freitas, in "Taipas e Toupeiras") - ler ao som de R. Schumann & Ruckert: widmung - tocado por Dirce Knijnck (como eu, Nádia, que ouvi há anos numa peça de teatro desta minha amiga, onde Dirce tocou...), ou então ouvindo Brahms (Meine liebe ist grün).
Postado em “Bens Culturais”, a pedido de Nádia Maria Weber Santos
sábado, 5 de novembro de 2011
Perspectivas da Cultura
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Sobre Bloggers
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Um blogger é um processo. Ele acumula memórias, imagens e pode ser uma rica fonte de saberes. Manter bloggers com entusiasmo e, sobretudo, com responsabilidade, implica em disciplina, em aprendizado, em saber o que dizer e a quem. O número de bloggers criados e abandonados na rede é imenso. O entusiasmo desaparece tão logo o brinquedo perde a graça. Acima de tudo, o não ter o que dizer nem a quem dizer qualquer coisa, coloca o praticante em confronto com ele mesmo, pois ainda que se trate apenas de copiar e colar passagens quaisquer, ainda assim, é preciso certa coerência no saber que é destilado dia a dia, postagem após postagem. Esse acúmulo que atravessa o tempo acaba por traduzir vivências e espelhar a realidade desse tempo vivido, vivências estas transformadas em memórias que podem ser facilmente retomadas, como também eliminadas, apagadas ao menos em parte.
As Metas do Historiador
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História cultural: caminhos de um desafio contemporâneo in Narrativas, Imagens e Práticas Sociais, org. PESAVENTO, Sandra Jatahy, SANTOS, Nádia Maria Weber, ROSSINI, Miriam de Souza. Porto Alegre, RS: Asterisco, 2008, p. 11
domingo, 23 de outubro de 2011
Chaves para o Romantismo
O romantismo, com efeito, rejeita as regras impostas pelo classicismo: no teatro, por exemplo, os gêneros se misturam, as unidades de tempo, de lugar e de ação desaparecem, o drama substitui a tragédia. Depois da evolução política e social de 1789, o romantismo empreende uma revolução poética: “Coloquei um boné vermelho no velho dicionário”, clama Hugo.
Por outro lado, a sobriedade dos clássicos, imposta pela regra social do decoro, não resiste à exaltação romântica que se alimenta da descortesia. Assim, ao racionalismo das luzes, os românticos opõem a valorização de uma sensibilidade exacerbada que predispõe aos amores apaixonados, mas igualmente ao sofrimento existencial (o “mal do século”). Às emoções e aos sentimentos acrescenta-se o contato com a natureza, sucessivamente lugar de recesso fora da sociedade, espelho apaziguador dos estados de alma melancólicos e inesgotável fonte de inspiração poética.
Enfim, a revolta romântica toma uma dimensão política: a geração de 1830, francamente liberal e republicana, condena a ordem burguesa em nome do primado do indivíduo sobre a sociedade. Compreende-se desde então o gosto romântico pelos desertos, as ruínas e o exotismo: todos espaços onde os limites esclerosantes das ordens dogmáticas são abolidos.
O artista romântico figura o porta-voz de uma verdade que ele é o único a poder transmitir. Sua valorização do sonho e do sobrenatural, seu gosto pelos grandes sentimentos e sua paixão pelo inútil opõem-se ao materialismo, ao positivismo e, sobretudo, ao utilitarismo social. Frequentemente incompreendido, marginal ou revoltado contra a antiga ordem, o artista romântico parece-se muito com o “eremita de Croisset”.
Casin-Pellegrini, Catherine, Chaves para o romantismo, in Flaubert, Gustave. Lettres à Louise Colet, Paris: Magnard, 2003, p. 161, tradução minha.
O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos
Corpo pressente. Traduz. Reproduz. Intui. Presentifica. Imagina. Simboliza. Não mente. Veicula. Dói. Mostra. Os estudos e as análises sobre o corpo (como objeto e fonte) tornaram-se mais efetivos nas ciências sociais e humanas a partir do século XX, sob diferentes enfoques. Bem no início, mas com os dois pés ainda no século XIX, Freud nos apresentou o corpo que reprime. Sua concepção da repressão do instinto sexual - o mais avassalador de todos os instintos - provocando neuroses constitucionais da psique humana originou um corpus teoreticus que contaminou, ideologicamente, todo o pensamento do século que acabava de começar. Tornou-se a sexualidade reprimida a causa de tudo, e o conceito de sublimação veio aliviar a consciência dos pecados cometidos. O mérito desse neurologista - Freud não era psiquiatra - foi trazer à tona toda a podridão dos falsos valores, disfarçada na moralidade burguesa do século anterior, escondida por detrás das pesadas e grossas cortinas das cortes e salões: os corpos de homens e mulheres eram sexuais e tinham prazer com isso. A psicanálise, tal qual avatar de uma nova era, pretendendo tornar-se um dogma sobre o corpo e a mente, dominou o século XX. Ideologicamente chegaram-nos a certeza e a reflexão sobre o 'corpo reprimido'. Muito significativo em um século que via nascerem os regimes totalitários e cometerem-se as maiores atrocidades sobre milhões de corpos simultaneamente...
SANTOS, Nádia Maria Weber. O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos, acesso em 23/10/2011.
Nádia Maria Weber Santos é professora do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais/Centro Universitário Unilasalle, Canoas (RS); pesquisadora associada da École des hautes études en sciences sociales.
SANTOS, Nádia Maria Weber. O corpo como objeto e fonte para produção de sentidos, acesso em 23/10/2011.
Nádia Maria Weber Santos é professora do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Bens Culturais/Centro Universitário Unilasalle, Canoas (RS); pesquisadora associada da École des hautes études en sciences sociales.
Ensaios Geopoéticos
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Produtos Culturais
LAWRENCE, Thomas B., PHILLIPS, Nelson. Compreendendo as indústrias culturais, in Indústrias Criativas no Brasi. Cinema, TV, Teatro, Música, Artesanato, software, coordenadores: WOOD JR, Thomas, BENDASSOLLO, Pedro F., KIRSCHBAUM, Charles, PINA E CUNHA, Miguel. São Paulo: Atlas, 2009, p. 4
terça-feira, 18 de outubro de 2011
Anunciação ao Poeta
Ave, ávido.
Ave, fome incansável e boca enorme,
Come.
Da parte do Altíssimo te concedo.
Que não descansarás e tudo te ferirá de morte:
O lixo, a catedral, a forma das mãos.
Ave, cheio de dor.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 79.
Ave, fome incansável e boca enorme,
Come.
Da parte do Altíssimo te concedo.
Que não descansarás e tudo te ferirá de morte:
O lixo, a catedral, a forma das mãos.
Ave, cheio de dor.
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Imago, 1976, p. 79.
domingo, 16 de outubro de 2011
Que educaçao é esta?
No Brasil, a grande maioria das famílias não teve educação formal e está alijada do mercado cultural tradicional. Raras são as residências em que se veem livros, quadros, esculturas e instrumentos musicais. Já a televisão, desde que surgiu, foi entronizada como o meio, por excelência, de veiculação da indústria do entretenimento. Seus valores éticos e morais tornam-se a referência para um povo de baixíssima escolaridade, alijado da cultura tradicional, despreparado para a fruição estética. Ou seja, se a escola não se incumbir da missão de desvelar o mundo mágico da arte, continuaremos a ver formarem-se médicos, engenheiros, advogados, economistas até tecnicamente bem preparados, embora nunca tenham vibrado com a leitura de um romance, nunca umedeceram os olhos com um soneto, nem se elevaram ao ouvir uma sinfonia. Mas que ser humano é esse? Que educação é esta?Alcione Araújo, escritor e dramaturgo, in BERTINI, Alfredo. Economia da Cultura: a indústria do entretenimento e o audiovisual no Brasil. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 19.
sábado, 15 de outubro de 2011
Da Finalidade da carta
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Anônimo de Bolonha; Rotterdam, Erasmo; Lípsio, Justo. A Arte de Escrever Cartas, org. Emerson Tin. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2005, p. 55.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Língua e Linguagem
Língua não é linguagem. A primeira tem normas gramaticais, sitematicamente regulamentadas; a segunda, todavia, constitui-se na grande ferramenta de que nos servimos para construir nossas referências do mundo, base sobre a qual se edificarão nossas memórias.
domingo, 9 de outubro de 2011
WWW: World Wide Web
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"Precisamente no instante em que se descobriu a imensidão do espaço terrestre, começou o famoso apequenamento do globo, até que, em nosso mundo (...), cada homem é tanto habitante da Terra como habitante do seu país. ... Antes que aprendêssemos a dar a volta ao mundo, a circunscrever em dias e horas a esfera da morada humana, já havíamos trazido o globo à nossa sala de estar, para tocá-lo com as mãos e fazê-lo girar diante dos olhos."
ARENDT, Hannah. A condição humana. 9a. edição, 1999, 262-263, in http://pt.scribd.com/doc/932734/movsociais-cibercultura (acesso às 18h26 em 09/10/1011)
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
Construção e Comunicação de Cultura na Era Digital
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1. Como as diferentes ferramentas e tecnologias estudadas até o momento podem ser aplicadas no seu cotidiano (trabalho, pessoal, dissertação)?
2. De que forma o conceito de Cibercultura está presente no seu cotidiano? Até que ponto as Redes Sociais na Internet diferem das existentes fora da web?
3. De que forma a existência de uma representação digital de memória e patrimônio muda a relação com as representações "reais"?
domingo, 2 de outubro de 2011
Correspondência
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FERREIRA, Marieta de Moraes. Correspondência familiar e rede de sociabilidade, in Escrita de si Escrita da história, org. GOMES, Angela de Castro, Rio de Janeiro, FGV, 2004, p. 254.
sábado, 1 de outubro de 2011
Novas Sensibilidades
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Cidade Moderna
...no entanto, a cidade moderna não conduz mais ao eterno, mas revela um processo contínuo e acelerado de mudanças, assinala uma frágil transitoriedade...
BENEDUZI, Luís Fernando, Patrimônio cultural, memória e identidade: uma leitura de sinais sensíveis do passado in Sensibilidade e Sociabilidades perspectivas de pesquisa, org. Pesavento, Sandra Jathahy e outros, Ed. UCG, 2008, p. 19.
BENEDUZI, Luís Fernando, Patrimônio cultural, memória e identidade: uma leitura de sinais sensíveis do passado in Sensibilidade e Sociabilidades perspectivas de pesquisa, org. Pesavento, Sandra Jathahy e outros, Ed. UCG, 2008, p. 19.
domingo, 18 de setembro de 2011
Homenagem
Marcadores
Fotografia,
Percursos Iconográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Percursos Iconográficos
Recado na parede da exposição
Marcadores
Fotografia,
Percursos Iconográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Making off
Percursos Historiográficos Sandra Jatahy Pesavento. Making off dos desenhos a carvão realizados no Memorial do Estado do Rio Grande do Sul.
Marcadores
Percursos Historiográficos,
Sandra Jathay Pesavento,
Vídeo
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Percursos Historiográficos: Sandra Jatahy Pesavento
Marcadores
Fotografia,
Percursos Historiográficos,
Sandra Jathay Pesavento
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
O Signo da Alteridade
PESAVENTO, Sandra. Sensibilidades e escritas da alma. (In:PESAVENTO, Sandra, LANGUE, Frédérique (orgs). Sensibilidades na História: Memórias singulares e Identidades urbanas. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2007.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Uma Carta de Amor
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Cemiérios, Sentimentos, Saudades
Cemitérios, Sentimentos e Saudades:Metáforas Urbanas Visuais
domingo, 7 de agosto de 2011
Memória Involuntária
Para definir memória involuntária ou inconsciente é necessário conceber primeiro o que vem a ser a memória consciente ou voluntária, à qual comumente nos referimos, uma vez que pertence ao campo de nossa consciência e encontra-se, até certo ponto, sob o comando de nossa vontade. Lembramos do que desejamos lembrar e, salvo o esquecimento que eventualmente se oponha ao nosso desejo de recordar, controlamos nossas lembranças, dispondo delas à vontade. Diferentemente disso, sem que tenhamos qualquer domínio sobre o processo, ocorre muitas vezes sermos surpreendidos pela invasão de uma lembrança, por vezes muito nítida e muito precisa, evocada por uma sensação qualquer, que pode ser um cheiro, um sabor, um ruído, uma sensação táctil ou a visão inesperada de uma paisagem ou objeto, algo que afete nossos sentidos e, por essa via, desperte nossa sensibilidade. Memória Involuntária
Memória e Literatura
A literatura é fonte de pesquisa histórica das mais acreditadas na busca de relatos pertinentes a hábitos, costumes e crenças existentes em dada sociedade. O próprio conceito de memória coletiva (HALBWACHS, 1991) encontra na literatura um reforço, na medida em que esta contribui para homogeneizar as recordações de determinado grupo social. Em La mémoire collective, esse autor coloca que quanto mais um romance ou uma peça teatral são colocados por seu autor em um período distante de nós de muitos séculos, isso é frequentemente um artifício para afastar o quadro dos eventos atuais e melhor fazer sentir a que ponto o jogo dos sentimentos é independente dos acontecimentos históricos (HALBWACHS, 1950, La mémoire collective, p. 52). Ele deixa ainda um testemunho pessoal, quando conta que, estando pela primeira vez em Londres, diante de lugares históricos, lembrou-se imediatamente de Dickens, que lera na infância e que com ele parecia caminhar então. Outros homens têm essas lembranças em comum comigo, ― acrescenta. Bem mais, eles me ajudam a me lembrar delas: para melhor lembrar-me, eu me volto para eles, eu adoto momentaneamente seu ponto de vista, eu entro em seu grupo, logo, continuo a fazer parte, pois sofro o impulso disso e encontro em mim muitas idéias e modos de pensar que não aprendi sozinho, e pelo quais eu permaneço em contato com eles (HALBWACHS, op. cit., p. 8).
Memória e Literatura
Memória e Literatura
domingo, 24 de julho de 2011
Sensibilidades
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domingo, 10 de julho de 2011
I Jornada Sandra Jatahy Pesavento
domingo, 5 de junho de 2011
Cemitérios, Sentimentos, Saudades
Os cemitérios são lugares de memória tanto de mortos quanto de vivos que ali prestam homenagem aos que se ausentaram definitivamente de suas vidas. São espaços, todavia, que muito nos contam das cidades onde são construídos, dando testemunho de hábitos, de costumes, de fé, de um passado habitado pelos mortos. Cada um é único à sua maneira, sem que, todavia, possamos deixar de neles encontrar determinados símbolos que se repetem com insistência, tais como a figura dos anjos da solidão, da cruz das almas, da palavra saudade, dos ciprestes, etc. Existe toda uma arte funerária voltada para essa peculiar simbologia, onde a morte é ritualizada, e a dor é retratada como desolação, não sem que se dê margem à presença da esperança e da fé, o consolo religioso de outra vida e de redenção.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
Canoas e seus contrastes
A cidade de Canoas, RS, em vídeo que enfatiza os contrastes de um município que tem apenas 80 anos e que vem buscando uma identidade. Cortada pela Br 116 e pela linha do trem urbano, Canoas é predominantemente operária e sua história é recente. Com a chegada de dinheiro novo de uma classe ascendente, surge a reciclagem do desuso e novos bairros onde o modelo "mason" das casas contrasta com as moradias simples dos bairros mais antigos. Desafios como a canalização de água e esgoto apresentam-se lado a lado à necessidade de independência da marca de cidade satélite da capital. Canoas e seus contrastes é mostrada em fotos e vídeos a partir de uma aula de campo da disciplina Seminários, Paisagens e Identidades Urbanas, Mestrado da Unilasalle. Porto Alegre, 2011.
sexta-feira, 27 de maio de 2011
Paisagem Urbana
Paisagem Urbana. Vídeo confeccionado a partir de fotografias da cidade da São Paulo, com ênfase em alguns de seus múltiplos aspectos.
Histórias de Cidades
São antigas, contudo, as chamadas ‘’histórias de cidades’’, muitas delas feitas “de encomenda”, em que alguém é convocado a escrever e se dispõe a reunir dados sobre a urbe e a ordená-los, dando a ver um tempo de origens, um acontecimento fundador, acrescido da poesia de uma lenda, por vezes, e frequentemente de uma saga ocorrida nas épocas mais recuadas, realizada pelo povo fundador guiado por suas lideranças.
Pesavento, Sandra Jatahy. 2007. "Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias". Revista Brasileira de História, num. janeiro-junho, pp. 11-23 ― http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=2630532
Uma história de cidade: Os Narradores de Javé
Pesavento, Sandra Jatahy. 2007. "Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias". Revista Brasileira de História, num. janeiro-junho, pp. 11-23 ― http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=2630532
Uma história de cidade: Os Narradores de Javé
domingo, 8 de maio de 2011
Rastros de Memória
Filme editado através de fotos tiradas de um casarão do século XVIII existente no município de Pedra Bela, São Paulo. Trata-se de residência erguida durante o ciclo do café, muito provavelmente como casa sede de uma fazenda, empregando em sua construção mão-de-obra escrava. Paredes externas em taipa de pilão, internas em taipa dita "de mão", telhas de barro coloniais moldadas manualmente sobre as coxas dos artesãos, pregos de ferro fundido e modelado. Telhado apresenta eira e beira, símbolo de riqueza e ostentação nas construções da época.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Impressões sobre o 5o. FestFotoPoA
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Luiz Carlos FelizardoImpessões sobre o 5o. FestFotoPoA
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai
Porque a memória é o que resiste ao tempo e a seus poderes de destruição, e é algo assim como a forma que a eternidade pode assumir nesse incessante trânsito. E ainda que nós (nossa consciência, nossos sentimentos, nossa dura experiência) nos modifiquemos com os anos, e também nossa pele e nossas rugas vão se convertendo em prova e testemunho desse trânsito, há algo em nós, bem lá dentro, em regiões muito escuras, aferrado com unhas e dentes à infância e ao passado, à raça e à terra, à tradição e aos sonhos, que parece resistir a esse trágico processo: a memória, a misteriosa memória de nós mesmos, do que somos e do que fomos.
Ernesto Sábato
(1911-2011)
Memória e Nação. Notas sobre a Revogação da Anistia no Uruguai
sexta-feira, 22 de abril de 2011
As Cartas
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Foi a minha vez de guardar os papéis. Arrumei lugar para tudo: cartas, recortes de jornal, fotos, cartões, santinhos, telegramas, fitas e demais objetos que estavam na tal sacola, coisas que me inspiram um profundo respeito pelo que significaram um dia àqueles a quem pertenceram. Coloquei todas as datadas em ordem cronológica conforme as décadas. São dos anos 20 e 30, e há as dos anos 40 e 50 também, que envolvem pessoas próximas do casal. Há cartas sem data e muitas poesias. Um cartão de Natal de 1961 dá contas de que Francisco e Maria casaram-se.
Lugares de Memória
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A foto foi tirada na Pinacoteca de São Paulo.
domingo, 3 de abril de 2011
Santo Agostinho e a Memória
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Coletânea de Textos
RESENHA DO LIVRO “OS SETE PECADOS DA CAPITAL”, DE SANDRA JATAHY PESAVENTO (EDITORA HUCITEC, 2008/ BRASIL). A resenha ora disponibilizada no Scribd é um trabalho coletivo, cujos autores foram colegas e colaboradores da inesquecível professora e historiadora gaúcha Sandra Jatahy. Trata-se de uma pesquisa histórica realizada sobre os personagens do urbano da capital gaúcha, Porto Alegre do século XIX, pesquisa esta que originou este livro sobre os “sete pecados da capital”.
sábado, 2 de abril de 2011
3527 - Seminários Paisagens e Identidades Urbanas
A cidade e o caráter espaço-temporal da experiência humana. Diversidade das formas de ocupar e habitar o espaço urbano. Cidade, memória e esquecimento. Trabalho e lazer na cidade. Cidade e cultura. Grupos sociais e suas transformações identitárias.Documentação escrita e áudio-visual dos diferentes espaços da cidade, com o objetivo de contextualizar, no tempo e no espaço, os grupos e instituições que servem de objeto ou de local de pesquisa e intervenção dos mestrandos.
2482 - Memória Social
Memória: abordagens teóricas. Memória individual e coletiva. Tempo, espaço e memória.
Memória; relações com a literatura, antropologia e construção de identidades. Tradição, mito, imaginário e universos simbólicos. Seletividade, narratividade e memória. Linguagens da memória.
Estação Canoas
Felizmente acho que consegui alguma coisa não muito óbvia nesta foto. Canoas não é uma cidade que se faça olhar. É preciso algum esforço para fugir aos cinzas e à pressa na estação. A noite chegando, os ruídos, os olhares das pessoas no trem evitando cruzarem-se, apesar da falta de espaço. Nada disso parece algum dia chegar a tornar-se rotineiro.
Memória Social e Bens Culturais
O Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais-PPGMSBC do Unilasalle possui curso de Mestrado Profissional interdisciplinar, recomendado pela Capes, atuando a partir de temas como gestão cultural, indústrias criativas, economia da cultura, patrimônio cultural, memória social, linguagens culturais, projetos culturais e sociais e instituições culturais. Possui excelente infraestrutura com espaços próprios para estudo e laboratórios para desenvolvimento de pesquisas. Conta com recursos informacionais modernos e bibliotecas em rede, com acervos atualizados de obras bibliográficas e periódicos científicos das mais renomadas instituições de ensino superior. Seu quadro docente passa por qualificação permanente e é renovado de acordo com a demanda do campo da cultura e do corpo discente.
Os egressos do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais terão competências e habilidades técnicas necessárias para o manejo dos recursos e instrumentos disponíveis para criar, revitalizar e impulsionar o desenvolvimento de instituições voltadas para os bens culturais e memória social; para trabalho educacional voltado à sensibilização e instrumentalização de indivíduos, grupos e comunidades para o reconhecimento, a compreensão e a valorização dos bens culturais; para coordenar e equacionar diferentes atividades e ações, relativas à memória social e aos bens culturais; para a promoção da reflexão, discussão e proposição de políticas culturais para produção, difusão, preservação e acesso a bens culturais e instituições culturais; para, a partir de pesquisa e diagnóstico controlar ferramentas de formulação, viabilização, implementação e avaliação de projetos.
Os egressos do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais terão competências e habilidades técnicas necessárias para o manejo dos recursos e instrumentos disponíveis para criar, revitalizar e impulsionar o desenvolvimento de instituições voltadas para os bens culturais e memória social; para trabalho educacional voltado à sensibilização e instrumentalização de indivíduos, grupos e comunidades para o reconhecimento, a compreensão e a valorização dos bens culturais; para coordenar e equacionar diferentes atividades e ações, relativas à memória social e aos bens culturais; para a promoção da reflexão, discussão e proposição de políticas culturais para produção, difusão, preservação e acesso a bens culturais e instituições culturais; para, a partir de pesquisa e diagnóstico controlar ferramentas de formulação, viabilização, implementação e avaliação de projetos.
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