RESUMO. Pode-se estudar uma cidade a partir
de seus dados oficiais, especialmente econômicos, de suas estatísticas,
produzindo com isso uma seriação infindável de relações de inquestionável
exatidão. Tais dados, certamente, muito
informam; todavia, eles pouco ensinam, ao menos do ponto de vista das
sensibilidades e das sociabilidades que afetam o nosso ethos urbano, essa identidade a partir da qual concebemos o espaço
onde nos inserimos, vivemos, trabalhamos, amamos. A relação entre a cidade e os
homens que a habitam, ou que apenas habitualmente a frequentam, vem sendo
objeto de estudos, avaliações e perquirições acerca de sua natureza, inclusive
do ponto de vista da História Cultural. Por outro lado, há lugar não apenas
para uma concepção dessa cidade como espaço real, mas ainda como plena de
imaginários, de lugares onde a ficção acontece na interioridade dos sujeitos,
exteriorizando-se depois mediante suas práticas. O artigo apresenta visões do
espaço urbano de Porto Alegre, a partir de fontes epistolares. Tratam-se de
três poemas e de duas cartas de amor escritas na década de 1920. Os documentos
foram extraídos de um conjunto maior, fonte da dissertação de mestrado da
autora intitulada Memória Social em Cartas de Amor: Sensibilidades e
Sociabilidades na Porto Alegre de 1920, sob orientação da Dra. Nádia Maria
Weber Santos. Escolheram-se, para elaboração deste artigo, trechos destes
documentos, onde foram destacados relatos pessoais do remetente da
correspondência, para colocar-se em relevo sua relação com o espaço urbano
metaforizado pelas sensibilidades de um apaixonado.
PALAVRAS-CHAVE: Arquivos pessoais. Cartas de amor. Imaginário
urbano.
ABSTRACT. We can study a city from its official data,
especially economic, its statistics, and produce from it an immense series of
relationships very clear and accurate. These data certainly are very correct,
but teach very little, at least from the point of view of sensitivities and
sociability that affect our urban ethos, this identity from which we conceive
the space where we operate, where we live, where we work, where we love. The
relationship between the city and the men who inhabit it, or just habitually
attend, has been the object of studies, reviews, and questions regarding its
nature, including from the point of view of cultural history. On the other
hand, there is a place, not just for a conception of this city as real space,
but still as full of imaginary places where fiction takes place in the
interiority of the subject, externalizing up after by their practices. The
article presents visions of urban space in Porto Alegre, from epistolary
sources. These are three poems and two love letters written in the 1920s. The
documents are taken from a larger group, the source of the author's
dissertation entitled Social Memory in
Love Letters: Sensitivities and Sociability in Porto Alegre, 1920, under
the guidance of Dr. Nadia Maria Weber Santos. Were chosen for the preparation
of this article excerpts of these documents, which were posted personal
accounts of the sender of the correspondence, to put into relief its
relationship with urban space metaphorized the
sensibilities of a lover.
KEY WORDS: Personal archives. Love Letters.
Urban imaginary.
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