domingo, 1 de setembro de 2013

Porto Alegre Imaginada. Cidade, Cartas de Amor e Poesia


RESUMO. Pode-se estudar uma cidade a partir de seus dados oficiais, especialmente econômicos, de suas estatísticas, produzindo com isso uma seriação infindável de relações de inquestionável exatidão.  Tais dados, certamente, muito informam; todavia, eles pouco ensinam, ao menos do ponto de vista das sensibilidades e das sociabilidades que afetam o nosso ethos urbano, essa identidade a partir da qual concebemos o espaço onde nos inserimos, vivemos, trabalhamos, amamos. A relação entre a cidade e os homens que a habitam, ou que apenas habitualmente a frequentam, vem sendo objeto de estudos, avaliações e perquirições acerca de sua natureza, inclusive do ponto de vista da História Cultural. Por outro lado, há lugar não apenas para uma concepção dessa cidade como espaço real, mas ainda como plena de imaginários, de lugares onde a ficção acontece na interioridade dos sujeitos, exteriorizando-se depois mediante suas práticas. O artigo apresenta visões do espaço urbano de Porto Alegre, a partir de fontes epistolares. Tratam-se de três poemas e de duas cartas de amor escritas na década de 1920. Os documentos foram extraídos de um conjunto maior, fonte da dissertação de mestrado da autora intitulada Memória Social em Cartas de Amor: Sensibilidades e Sociabilidades na Porto Alegre de 1920, sob orientação da Dra. Nádia Maria Weber Santos. Escolheram-se, para elaboração deste artigo, trechos destes documentos, onde foram destacados relatos pessoais do remetente da correspondência, para colocar-se em relevo sua relação com o espaço urbano metaforizado pelas sensibilidades de um apaixonado.
PALAVRAS-CHAVE: Arquivos pessoais. Cartas de amor. Imaginário urbano.


ABSTRACT. We can study a city from its official data, especially economic, its statistics, and produce from it an immense series of relationships very clear and accurate. These data certainly are very correct, but teach very little, at least from the point of view of sensitivities and sociability that affect our urban ethos, this identity from which we conceive the space where we operate, where we live, where we work, where we love. The relationship between the city and the men who inhabit it, or just habitually attend, has been the object of studies, reviews, and questions regarding its nature, including from the point of view of cultural history. On the other hand, there is a place, not just for a conception of this city as real space, but still as full of imaginary places where fiction takes place in the interiority of the subject, externalizing up after by their practices. The article presents visions of urban space in Porto Alegre, from epistolary sources. These are three poems and two love letters written in the 1920s. The documents are taken from a larger group, the source of the author's dissertation entitled Social Memory in Love Letters: Sensitivities and Sociability in Porto Alegre, 1920, under the guidance of Dr. Nadia Maria Weber Santos. Were chosen for the preparation of this article excerpts of these documents, which were posted personal accounts of the sender of the correspondence, to put into relief its relationship with urban space metaphorized the sensibilities of a lover.

KEY WORDS: Personal archives. Love Letters. Urban imaginary.

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